Operação policia militar no Tabajaras e Cabritos, em Copacabana. Na foto, Júlio César e Amanda, pais de Maria Júlia, na porta do hospital Miguel Couto, no Leblon. Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia

Rio - "Foi a pior sensação que eu já tive na minha vida até hoje", esse foi o desabafo de Amanda da Silva, mãe da bebê Maria Júlia da Silva Gomes, de 1 ano e 8 meses, baleada dentro de casa nesta sexta-feira (10), entre as Comunidades dos Tabajaras e Cabritos, em Copacabana, na Zona Sul do Rio. A menina passou por uma cirurgia nesta manhã, no Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea. A intervenção médica foi bem sucedida e o projétil foi retirado.
De acordo com Amanda, durante a madrugada desta sexta, ela acordou com o barulho dos tiros e percebeu quando o projetil passou próximo ao seu corpo, vindo a atingir a menina.
"Eu sentei na sala com ela e vi que tinha sido atingida. Falei para o meu marido: 'toma ela que eu vou trocar de roupa'. Nisso que eu falei, ele já foi embora com ela e meu cunhado. Fiquei em casa, separei roupa para o meu marido, que saiu do jeito que estava, e separei roupa para ela, caso precisasse. Tive que acalmar meus outros filhos antes de sair, o mais velho de 12 anos, um de 9 e outra de 5", contou.
Ainda segundo a mãe, Maria Júlia passou por uma cirurgia vascular e precisou fazer uma ponte de safena. Agora, a menina está sob os cuidados de ortopedistas da unidade. "Estou aliviada porque, graças a Deus, ocorreu tudo bem na cirurgia da minha filha. Mas é uma sensação de impotência, porque não tem nada que a gente possa fazer além de esperar, confiar em Deus e nos médicos", afirmou Amanda.
Relembre o caso
Maria Júlia foi baleada, na manhã desta sexta-feira (10), durante um tiroteio nas Comunidades dos Tabajaras e Cabritos. Ela foi socorrida para a UPA de Copacabana e, em seguida, transferida para o Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea.
O pai da menina, o mototaxista Júlio César Pereira Gomes, revelou que mora em frente a UPP Tabajaras/Cabrito e que, por volta das 5h, sua filha foi atingida por um tiro dentro de casa, enquanto dormia. "Acordei muito assustado com o barulho dentro de casa, minha esposa também acordou assustada. Quando fui ver minha filha estava sangrando. Ai rapidamente eu corri, coloquei ela em cima da moto e levei pra UPA", contou.
Ainda de acordo com o pai, a menina teve as duas pernas atingidas pelo disparo, na altura do fêmur.  "Na hora ela chorou muito, jorrou sangue. Ai eu peguei ela, enrolei ela na toalha e levei. Estou bastante nervoso, tenho problema de hipertensão, mas estou com fé. Ela não corre risco de morte", garantiu.
De acordo com a Polícia Militar, agentes da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) e da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Tabajaras/Cabritos atuaram nesta manhã nas comunidades. Durante a ação, um veículo blindado estava em deslocamento pelas ruas do morro quando homens armados atiraram contra as equipes policiais. Uma das bases da UPP também sofreu ataques criminosos. A PM afirmou que não houve revide por parte dos agentes.