O projeto, apresentado pela empresa Indio da Costa A.U.D.T, pede um acréscimo na área construída de 50,16% Reprodução / Iphan

Rio - A Índio da Costa A.U.D.T, responsável pela construção da tirolesa nos morros da Urca, apresentou outro projeto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) pedindo 50,16% de acréscimo da área total do Pão de Açúcar, para realizar o chamado "Plano Diretor" do empreendimento. No entanto, o projeto também engloba o Morro da Urca e a Estação da Praia Vermelha, onde a empresa solicita um acréscimo de 47,96% e 54,36%, respectivamente, da área total construída. A iniciativa preocupa ambientalistas e arquitetos.
A proposta do projeto para o Morro da Urca é referente a um espaço com diversas atividades, como passarelas, restaurantes, teatros, elevadores e mirantes. Neste, a empresa pede um acréscimo de 47,96% da área construída, protocolado pela Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar (CCAP) no Iphan. 
O estudo preliminar para o plano na Estação da Praia Vermelha foi apresentado pelos arquitetos Indio da Costa, Rafaela Macedo e Carlota Sampaio e o Iphan aprovou o documento, mas o anteprojeto deverá passar pela análise de outros órgãos. Este projeto, que pede 54,36% de acréscimo na área, pretende construir edificações "com decoração paisagista" pois, de acordo com o parecer técnico, "suavizará o impacto da edificação [tombada] na paisagem".
Segundo o arquiteto Sérgio Alvim, as obras deste projeto vão descaracterizar os morros e causarão uma degradação no ambiente natural. "A área construída já atende perfeitamente ao que foi definido e tombado. Não existe crescimento infinito, amanhã vão querer mais área sob qualquer argumento", afirmou o arquiteto.
De acordo com o Iphan e com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação do Rio (SMDEIS), o chamado "Plano Diretor" está nos trâmites iniciais de análise e "à espera dos pareceres de todos os órgãos envolvidos no processo para a concessão ou não do licenciamento". O Monumento Natural dos Morros do Pão de Açúcar e da Urca foi tombado em 1973 como patrimônio histórico da cidade pelo Iphan e não pode sofrer descaracterização ou qualquer intervenção neste ambiente, sem obedecer a rígidos critérios exigidos por órgãos reguladores e licenciadores competentes.
O CEO do Parque Bondinho, Sandro Fernandes, disse que a imagem que está viralizando no cume do Pão de Açúcar retrata uma volumetria exagerada, já que no projeto os arquitetos retiram toda a vegetação do local. "As pessoas acham que vai ser um shopping. Desculpa, não é um shopping", disse Fernandes ao DIA. Ainda sobre o projeto, Sandro afirmou que os acréscimos pedidos são para platôs visando maior acessibilidade.
O ambientalista, montanhista e co-fundador do Grupo Ação Ecológica (GAE), André Ilha, disse que a tirolesa no morro passa a ser um detalhe secundário, pois neste "Plano Diretor" existe um grande acréscimo de área ocupada. "Haverá um impacto visual gigantesco no Pão de Açúcar, alguns chamam de 'Castelo dos Horrores'. Do ponto de vista arquitetônico, muitos podem achar bonito, mas é inapropriado para este lugar", ressaltou André.
Em nota, o Parque Bondinho afirmou que, atualmente, as únicas obras em curso nos morros da Urca e do Pão de Açúcar são referentes exclusivamente ao projeto da tirolesa e que o Plano Diretor se encontra em fase de estudo. 
A arquiteta Paloma Yamagata, disse que o Pão de Açúcar é um espaço de contemplação e não precisa de um projeto como este. "Não é esta a vocação do Pão de Açúcar. O projeto é desproporcional para os morros", afirmou.
A reportagem vem procurando a empresa Indio da Costa A.U.D.T há duas semanas e ainda não obteve resposta. O espaço segue aberto para manifestação.
*Reportagem do estagiário Leonardo Marchetti, sob supervisão de Thiago Antunes