Publicado 23/03/2023 19:42 | Atualizado 23/03/2023 20:09
Rio - Representantes das polícias Civil e Militar concederam uma entrevista coletiva no início da noite desta quinta-feira (23), na Cidade da Polícia, na Zona Norte do Rio, para apresentar o balanço da operação feita no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, que terminou com 13 suspeitos mortos, dois presos, sendo um deles baleado, e duas moradoras feridas. Um dos mortos foi o traficante Leonardo Costa Araújo, o Leo 41, líder da facção Comando Vermelho no Pará, que estava se escondendo na comunidade. Os agentes ainda apreenderam 13 fuzis, pistolas e drogas.
A coletiva contou com a presença do secretário de Polícia Civil, Fernando Albuquerque; o secretário de Polícia Militar, Luiz Henrique Pires; a delegada-geral adjunta de Polícia Civil do Pará, Daniela Santos; o tenente-coronel do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), Uirá Ferreira; e do delegado da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core), Fabrício Oliveira.
Segundo Fernando Albuquerque, a operação aconteceu depois da Polícia Civil carioca ser procurada pelas autoridades do Pará e do Sergipe em razão de alvos, vinculados ao Comando Vermelho (CV), que fugiram para o Rio.
"Nessa operação no Salgueiro houve uma forte resistência. São áreas conflagradas, então tivemos vários criminosos que vieram a óbito. Mas gostaria de ressaltar, sobretudo, como vocês podem ver pela quantidade de armamento, já demonstra que o intuito desses criminosos não é ser julgados. Eles não estão interessados nisso. Estão interessados no confronto, em atingir os policiais e não tem responsabilidade com a vida das pessoas que moram nessas localidade. (...) Com isso, hoje certamente nós podemos comemorar o sucesso na missão", disse o secretário.
Albuquerque ainda destacou que as operações no Complexo do Salgueiro são sempre delicadas porque a organização criminosa que atua no local utiliza táticas militares para confrontar os agentes.
"Quando a gente fala do Complexo do Salgueiro é uma área que recebe normalmente as forças policiais com muita violência e com muitos tiros de fuzil. Todos os nossos blindados receberam vários impactos, tiros de fuzis, foram muitos tiros contra as aeronaves também. Há dificuldade de movimentar naquele terreno que tem mais de duzentas barricadas catalogadas. A gente fala de uma organização criminosa que atua naquela área, utiliza táticas militares e táticas de guerrilha, eles se escondem em área de mata, área de mangue e montanha também", destacou.
Leo 41 é apontado como ser o mandante de atentado contra agentes de segurança do Pará, deixando 40 mortos. Ele estava foragido desde 2019 do sistema prisional paraense e morava no Rio desde 2021. Ele já foi autuado por crimes de furto qualificado, roubo simples, roubo majorado, latrocínio, porte ilegal de arma de fogo, associação criminosa, entre outros.
No Rio, a quadrilha comandada por Leo é apontada por comandar a guerra que espalha medo na Zona Oeste nos últimos meses. A investigação identificou que o criminoso vinha coordenando um plano de expansão da organização através de ações criminosas como o tráfico de drogas, roubo, extorsão e sequestro. Assim, o grupo conseguia reunir dinheiro para a compra de armas e munições. Leo estaria vivendo uma vida de luxo no Rio de Janeiro com toda a renda adquirida no crime patrocinada por seus comandados.
"No nosso estado, a principal facção atuante tem seus principais líderes fora do estado determinando ações criminosas contra agentes de segurança pública e extorsões contra comerciantes, levando, obviamente, a sociedade a um estado de pânico. O Estado do Rio não é o único onde os líderes dessa facção atuam. Fizemos mais recentemente no estado de Goiás e Mato Grosso e hoje fizemos, de forma exitosa, no Rio, onde conseguimos localizar a casa exata onde o alvo principal se encontrava. O Leo 41 era, de fato, o líder dessa facção no Pará e já havia determinado a morte de cerca de 40 agente de segurança pública, onde tivemos grandes ataque no Pará. Os crimes realizados, inclusive, garantiram a ele um grande poder de influência aqui no Rio de Janeiro", afirmou Daniela Santos, delegada-geral adjunta da Polícia Civil paraense.
Prisão de líder de facção do Sergipe
Policiais do Bope prenderam na manhã desta quinta-feira (23) o líder de uma facção do Sergipe. Breno Vinicius Garção Martins, conhecido como Matuto, foi preso no Parque União, dentro do Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio.
Segundo a Polícia Militar, o homem foi capturado em uma ação conjunta dos agentes do Bope e do Departamento de Narcóticos do Estado de Sergipe (Denarc). Contra ele havia um mandado de prisão em aberto por homicídio. Na ação, um outro homem foi preso, apontado como segurança de Matuto.
Um fuzil calibre 5.56, uma pistola calibre 9mm, um notebook, dois telefones celulares e certa quantidade de drogas a serem contabilizadas foram apreendidos na operação. A ocorrência foi conduzida à Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE).
"Cada vez mais se percebe que o crime organizado não tem fronteiras. Então urge que todas as polícias do Brasil e equipes de inteligência estejam integradas. Seguindo todos os protocolos, que possamos cumprir nossas missões e efetuarmos prisões", destacou Fernando Albuquerque, secretário de Polícia Civil.
As buscas por Breno aconteceram por 20 dias, segundo o delegado Rafael Kaufer, titular da Denarc do Sergipe.
"A partir desse momento, intensificamos o trabalho de buscas e a partir disso encontramos a localização dele. Conseguimos individualizar a casa, no Parque União, só que precisávamos de uma confirmação de campo, então viemos para cá há vinte dias", explicou.
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