Cláudio Castro autorizou a volta dos porteiros e inspetores nas escolas, além de outras medidasBeatriz Perez/Agência O Dia
Publicado 30/03/2023 13:23
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Rio - O governador do Rio, Cláudio Castro, anunciou nesta quinta-feira (30) a criação de um Comitê Permanente de Segurança Escolar, formado por forças de Segurança e representantes da Educação para coordenar políticas de proteção aos alunos dentro e fora das escolas. A primeira medida será a criação de um aplicativo que poderá ser utilizado nas redes públicas e privada do estado para acionar as polícias por meio de um botão de emergência. A previsão é que a ferramenta fique disponível entre 30 e 60 dias.
Um treinamento do Bope e do Core para professores também será disponibilizado para professores na plataforma de ensino do estado Cecierj. As aulas serão inicialmente para a rede estadual de ensino e em seguida, para as redes municipais em convênio com o estado.
"A ideia é que o Bope e o Core, que já têm toda uma expertise de negociação, de perceber essas situações, sobretudo as dentro da escola, façam esse treinamento com os professores. E aí, a gente possa começar  - através dos professores e as secretarias de educação junto com a polícia - a fazer essa metodologia do uso do celular sem prejudicar a aula", explicou o governador.
Para reforçar a segurança nas unidades escolares, Castro afirmou que autorizou a volta dos porteiros e inspetores para todas as escolas, mas ainda não há prazo para a volta dos profissionais.
A ideia do aplicativo surgiu, segundo o governador, após o ataque à Escola Estadual Thomazia Montoro, em São Paulo, onde um adolescente de 13 anos esfaqueou uma professora, que morreu, e outras três professoras e dois alunos, que ficaram feridos na última segunda-feira. "Assim que a gente viu aquela cena lamentável de São Paulo, (veio) a ideia da criação desse plano de segurança para as escolas. A gente já vem se preocupando muito e eu venho conversando com o coronel Henrique (secretário da PM) sobretudo a questão das operações perto de escola, que é uma preocupação que eu tenho demais, mas dados os últimos acontecimentos também tivemos essa preocupação dentro da escola", afirmou.
"Baseado no sucesso do aplicativo Rede Mulher, agora vai ter o aplicativo Rede Escola. O comitê vai decidir como será a metodologia do sistema", conta. A proposta é que todas as salas de aula do estado contem com pelo menos uma pessoa com o dispositivo ativo. "Ao notar algo fora da realidade a pessoa poderá ativar as forças de Segurança", contou o governador.
O aplicativo Rede Escola foi desenvolvido pela Polícia Militar. A ideia é que ele conecte os profissionais da rede de ensino à Polícia Militar, assim como a tecnologia do "botão do pânico", implementado no combate à violência doméstica.
Outra medida anunciada é a criação de um grupo de trabalho, na área de inteligência da Polícia Civil, para apuração de casos de incitação à violência em escolas nas redes sociais. Essas ações serão complementadas com os programas já existentes, como a Patrulha Escolar e o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), ambos da Polícia Militar, e o Segurança Presente, da Secretaria de Governo.

"Estamos vivendo um momento de reflexão que requer ação imediata não só do poder público, mas de toda sociedade. Queremos uma cultura de paz nas escolas que combata as diversas formas de violências. Neste aspecto teremos ações tecnológicas, administrativas e de formação da comunidade escolar", afirmou a secretária estadual de Educação, Roberta Barreto.
Operações próximas a escolas
Questionado sobre operações policiais que deixam alunos sem aulas, Cláudio Castro falou que a intenção do comitê é ouvir os profissionais de Educação. "Eles têm a experiência de dentro da escola, do que acontece quando a operação afeta a escola. Nós acreditamos que a gente vai conseguir proteger mais ainda e deixar as escolas menos vulneráveis. A ideia da criação desse comitê vem exatamente para que a educação possa sim ser ouvida e ser levada em conta. Nesse processo de integração queremos gerar mais proteção para as nossas crianças sem deixar de fazer o que tem que ser feito", reforçou Castro.
O anúncio foi feito após reunião no Palácio Guanabara, na Zona Sul do Rio, com representantes do poder Legislativo do Estado, secretários de Estado, entre eles os secretários de Polícia Militar, coronel Henrique Pires, de Polícia Civil, Fernando Albuquerque, de Governo, Bernardo Rossi e de Defesa Civil, Leandro Monteiro. O secretário municipal de Educação do Rio, Renan Ferreirinha, também esteve presente, além do reitor da Uerj, Mario Sergio.
Violência nas escolas do Rio
Uma adolescente foi flagrada com uma arma branca na Escola Municipal Castelo Branco, em São Gonçalo, na manhã desta quinta-feira (30). De acordo com a Secretaria de Educação, a situação ocorreu em função de um desentendimento entre duas alunas. As envolvidas no caso foram conduzidas à 72ªDP (Mutuá).
Na tarde de terça-feira, um adolescente de 15 anos foi apreendido após tentar atacar uma colega com uma faca na Escola Municipal Manoel Cícero, na Gávea, Zona Sul do Rio. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o Quartel da Gávea foi acionado às 14h35 e socorreu o agressor, que teve ferimentos leves na cabeça. Ele foi levado ao Hospital Municipal Miguel Couto, no mesmo bairro. O DIA apurou que o jovem foi à escola para atacar um professor e uma aluna, mas acabou sendo contido por funcionários da instituição. Há exatamente um mês, o mesmo aluno atacou um docente com ofensas racistas em outro colégio, em Ipanema.
Na última sexta-feira policiais apreenderam um adolescente que planejava um atentado contra alunos e professores de uma escola do Centro do Rio. Os agentes foram às ruas para cumprir mandados de busca e apreensão domiciliar e de menor infrator. Ele foi localizado no caminho para a própria escola. A Operação Liberatio ocorreu após troca de informações entre a Polícia Civil, a Polícia Federal, a Interpol e a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc), que colaborou com todo o processo de investigação. As informações eram compartilhadas pelo adolescente pela internet e, segundo apurado, ele também fazia apologia ao nazismo.
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