Publicado 23/04/2023 09:57 | Atualizado 23/04/2023 16:03
Rio - Em comemoração ao Santo Guerreiro, este domingo (23) foi marcado por diversas celebrações que homenageiam o Dia de São Jorge, com os fiéis lotando as igrejas no Rio. Em Quintino, na Zona Norte, a Matriz do padroeiro do estado reuniu centenas de pessoas desde o início da madrugada e a expectativa é receber 1,5 milhão de devotos até o final do dia.
A igreja recebeu missas por todo o domingo (23), de hora em hora. Às 10h a celebração foi feita pelo arcebispo do Rio, o cardeal Dom Orani Tempesta, que explicou sobre a importância deste momento para os fiéis. "Um dia que o carioca recebe São Jorge como bons cristãos e a população se desloca até as igrejas para buscar a Deus e a São Jorge", disse o cardeal.
No Centro do Rio, a Igreja de São Jorge montou um grande palco na Avenida Presidente Vargas, onde a Alvorada e as missas de hora em hora serão celebradas. O Centro de Operações do Rio (COR) informou que, durante o evento, hove interdições na pista lateral da avenida, no sentido Candelária, até a Praça da República.
Três anos sem uma grande festa
A Matriz de São Jorge, em Quintino, não recebia uma grande festa há 3 anos, quando a pandemia ainda pairava sobre a população. Hildo Sampaio, frequentador da Matriz de São Jorge há 38 anos, contou sobre o dia na igreja. "As pessoas não estão conseguindo ficar aqui dentro, as ruas do entorno da igreja estão lotadas. Este ano, pós-pandemia, o pessoal veio com muita fé. Para nós da igreja é um orgulho imenso participar dessa festa", disse o devoto.
O Secretário Municipal da Casa Civil do Rio, Eduardo Cavaliere, foi batizado na igreja e ressalta a potência do turismo religioso entorno do dia 23 de abril. "Quintino é como se fosse a Capadócia carioca. A gente tem uma devoção muito forte. A festa mobiliza mais de 1,5 milhão de pessoas. É importante enxergar como o turismo religioso tem potencial na cidade", destacou o secretário.
O COR informou que Rua Clarimundo de Melo, em Quintino, foi completamente interditada para viabilizar a festa. Além desta, a Rua da República e a Praça Quintino Bocaiúva também sofreram interdições.
O subprefeito da Zona Norte, Diego Vaz, acompanhou, desde às 3h da madrugada, a festa em Quintino. Pela dimensão do evento, foi necessário organizar a mobilidade e a segurança para que os devotos consigam entrar e sair da região. "É a primeira vez que temos a festa sem restrição depois da pandemia. Vamos celebrar a fé e a vida. O mais importante é passar a mensagem de que a vida está melhorando", afirmou Vaz.
Além do subprefeito e do secretário da Casa Civil, participaram do evento a Secretária Estadual de Administração Penitenciária Maria Rosa e os vereadores Reimont (PT), Luciana Novaes (PT) e Márcio Santos (PTB).
Ao deixar a igreja, neste domingo (23), Adão José, de 70 anos, afirmou que em 2022 - primeiro ano pós pandemia com a celebração - foi para perto da igreja para não deixar de homenagear São Jorge. "Tudo tem que ter fé. Tem que crer. Se não tiver fé, não funciona. Tem que se entregar de corpo e alma e pedir por nós e pelas pessoas que necessitam", afirmou o umbandista e zelador de santo.
O babalorixá Pai Celinho de Obaluaê atribuiu a reverência do povo de axé a São Jorge ao sincretismo religioso. "São Jorge é um santo muito considerado, em especial no Rio de Janeiro. Essa cultura de reverência ao São Jorge, para nós no axé, começa a partir da colonização. As pessoas que vieram de África precisarem fazer o sincretismo. Houve essa associação entre o santo católico e o orixá Ogum, orixá guerreiro", comentou.
Pai Celinho destacou que o sincretismo é regional, porque na Bahia, por exemplo, São Jorge é sincretizado com o orixá Oxóssi. "Por incrível que pareça, a mesma comida ofertada a Ogum é o prato tradicional do Dia de São Jorge, a feijoada. Com isso, reverenciando a São Jorge, referenciamos Ogum". O babalorixá acrescenta que assim como o Santo Guerreiro, Ogum é próximo do povo. "É responsável pela liberação de caminho. Quem não quer ter o seu caminho aberto, reverenciar e receber a proteção?", completa.
Pai Celinho destacou que o sincretismo é regional, porque na Bahia, por exemplo, São Jorge é sincretizado com o orixá Oxóssi. "Por incrível que pareça, a mesma comida ofertada a Ogum é o prato tradicional do Dia de São Jorge, a feijoada. Com isso, reverenciando a São Jorge, referenciamos Ogum". O babalorixá acrescenta que assim como o Santo Guerreiro, Ogum é próximo do povo. "É responsável pela liberação de caminho. Quem não quer ter o seu caminho aberto, reverenciar e receber a proteção?", completa.
A Rioluz fez um trabalho com luzes de LED na igreja e os fiéis contaram com o reforço de uma iluminação no entorno da matriz. A Rua Clarimundo de Melo foi modernizada com 160 pontos de LED e o local ficou mais iluminado e seguro para a procissão dos devotos durante a madrugada.
Em entrevista ao DIA, o pároco da igreja, Dirceu Rigo, falou sobre o evento na Matriz de São Jorge. "Está sendo um momento muito emocionante e bonito de ver tanta gente voltando novamente para louvar Deus, por intermédio de São Jorge. Teve show de luzes, momentos de músicas e várias coisas lindíssimas. A participação de toda essa multidão está sendo muito emocionante", afirmou o padre.
*Colaboração do estagiário Leonardo Marchetti
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