No momento em que rolava a incursão dos papa charlies da Core, micro-ônibus da Jabour foi incendiadoReprodução

Rio - A Polícia Civil realizou uma operação, na noite desta quinta-feira (22), na comunidade Três Pontes, em Paciência, na Zona Oeste do Rio, com o objetivo de prender chefes da milícia que atuam na região. Durante a ação, um entregador, identificado como Guilherme de Sousa Moraes, de 22 anos, foi atingido por uma bala perdida e morreu.

De acordo com testemunhas, a vítima estava realizando uma entrega de lanches no interior da comunidade quando a operação começou e acabou sendo atingido pelo tiroteio. Ele chegou a ser levado para o Hospital Municipal Pedro II, em Santa Cruz, mas não resistiu.

Segundo a Polícia Civil, agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) fizeram a operação para checar informações de inteligência sobre uma grande reunião das principais lideranças da milícia que atua na localidade e está em disputa de territórios com outras organizações criminosas.
Investigações apontam que as principais lideranças da organização criminosa estariam no local, fortemente armadas, com coletes balísticos, uniformes pretos e prestes a iniciar uma guerra com grupos criminosos rivais.
A milícia chefiada por Luís Antônio da Silva Braga, o "Zinho", tem causado terror e pânico na região, onde trava uma disputa com outros criminosos pelo domínio da localidade. Principal alvo da operação da Core, o miliciano conseguiu fugir do cerco policial mais uma vez. Nas redes sociais, circularam informações de que ele teria sido morto durante a ação, porém a informação foi desmentida pela Polícia Civil.

Zinho é o líder da maior milícia armada da capital fluminense. O criminoso assumiu o posto de líder do grupo paramilitar após a morte do seu irmão, Wellington da Silva Braga, o Ecko, em junho de 2021. Atualmente, o miliciano é um dos criminosos mais procurados do Rio.
Durante a operação, milicianos chegaram a obrigar moradores a ir para as ruas para realizar tumultos e colocar fogo em veículos para dificultar a ação policial. Os criminosos ainda colocaram fogo em barricadas e incendiaram um ônibus, da Viação Jabour, na Avenida Cesário de Melo para dificultar o acesso da polícia a determinados pontos da comunidade. Passageiros foram obrigados a descerem do coletivo que foi incendiado.

Na ação, policiais utilizaram até mesmo helicópteros da Core para auxiliar a entrada na comunidade. Ainda segundo relatos de moradores, a noite foi tensa e com muito tiroteio na região. De acordo com a corporação, os agentes foram recebidos a tiros e revidaram, iniciando um tiroteio. Foram apreendidos diversos carregadores de fuzil, grande quantidade de munições, uniformes militares, coletes balísticos, coldres, rádios comunicadores e outros objetos utilizados pelo bando.
Além de Guilherme, uma segunda pessoa, ainda não identificada, também foi baleada e socorrida pela Polícia Civil. Ainda não há informações sobre seu estado de saúde.
A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) foi acionada para investigar a morte do entregador. Os policiais envolvidos na ação foram ouvidos e as armas serão encaminhadas para exame de perícia.
O porta-voz da Rio Ônibus, Paulo Valente, se manifestou sobre o coletivo incendiado.
"O transporte público por ônibus continua refém da falta de Segurança Pública na cidade. Em mais um episódio de violência urbana, passageiros e motorista foram obrigados a descer de um ônibus da empresa Jabour, criminosamente incendiado, por voltas das 23h desta quinta-feira, na Avenida Cesário de Melo, no bairro de Paciência. O veículo foi totalmente consumido pelo fogo, gerando prejuízo material e dano direto à população, que perde com a retirada de mais um ônibus de circulação. Nos últimos dois anos, se multiplicaram ações deste gênero, principalmente na Zona Oeste. Diariamente, são registrados ao menos cinco intervenções criminosas contra a frota de ônibus, o que expõe toda a sociedade a graves riscos. O repúdio a atos de vandalismo contra a mobilidade urbana deve ser de cada cidadão, usuários ou não do transpor público”, disse.