Projeto também é responsável pelo monitoramento das andadas reprodutivas dos Caranguejos-UçáDivulgação

Rio - A Baía de Guanabara, conhecida por suas belezas naturais e importância histórica, esconde um tesouro ambiental de valor incalculável: seus manguezais. Pouca gente tem conhecimento do papel vital dessas áreas e das comunidades que delas dependem. Entretanto, uma iniciativa socioambiental destaca a relevância da preservação dos manguezais da região. Chamado de Guanamangue, o projeto é gerido pelo Instituto Onda Azul e tem apoio do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), por meio do TAC Frade.
Os estudos realizados pelo Guanamangue, durante 24 meses, revelam informações inéditas sobre o ecossistema da Baía. O objetivo é desenvolver estudos e estratégias para fortalecer os manguezais e as comunidades tradicionais da localidade.
Contando com a colaboração de instituições como ICMBio, Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Universidade do Rio de Janeiro (UNIRIO), Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), Universidade Edinburgh, da Escócia, e Caminho da Mata Atlântica, a iniciativa busca ampliar o conhecimento e a gestão ambiental.

A preservação dos manguezais é fundamental para combater as mudanças climáticas. Essas áreas atuam como verdadeiros reservatórios de dióxido de carbono (CO2), ao evitar que esses gases sejam liberados na atmosfera e contribuam para o aquecimento global. Levantamentos do Guanamangue revelam que mais de 2 milhões de toneladas de carbono estão armazenadas nas três unidades de conservação analisadas (Parque Nacional Barão de Mauá, Área de Proteção Ambiental de Guapi-Mirim e a Estação Ecológica da Guanabara). Essas áreas protegidas evitariam a emissão de mais de 10 toneladas de CO2.
"A retomada e revitalização da Baía de Guanabara e da Região Metropolitana do Rio são objetivos urgentes para o desenvolvimento social e econômico da região. O projeto Guanamangue destaca que a conservação dos manguezais não apenas gera lucro, mas também distribui riqueza em várias camadas da sociedade. É crucial envolver todos os setores e saberes na construção de um plano verde abrangente para a cidade e o estado, e reconhecer o mangue como um excelente capturador de carbono, contribuindo para combater o aquecimento global", alerta André Esteves, diretor-executivo do Instituto Onda Azul.
O projeto também é responsável pelo monitoramento das andadas reprodutivas dos Caranguejos-Uçá. Este fenômeno consiste em acasalamentos em massa, época em que os animais saem de suas tocas e ficam vulneráveis a ameaças externas. Por conta disso, é proibida a captura dessas espécies durante esse período. No entanto, falhas em prever o período de reprodução prejudicam os caranguejeiros, e ainda gera prejuízos com iniciativas de fiscalização.
Ao criar um ponto de partida para o monitoramento da época reprodutiva, o projeto foi pioneiro em desenvolver um algoritmo que permite prever com antecedência as fases da lua que as andadas acontecerão. Esse monitoramento, baseado no movimento das marés, garante uma pesca sustentável e define datas precisas para a proibição da caça desses caranguejos. Antes do projeto Guanamangue, nenhum monitoramento de andadas de Caranguejo-Uçá com embasamento científico vinha sendo realizado no Rio.

Outra espécie importante para a sobrevivência socioeconômica dos manguezais é o peixe robalo. A pesca dessa espécie movimenta um grande mercado na região e fortalece a colônia de pescadores do entorno da Baía. O projeto já realizou a etiquetação dessa espécie, tornando possível monitorar o padrão de movimentação do Robalo e rastrear o seu percurso.
Turismo
Com o objetivo de promover a conservação dos manguezais e incentivar a geração de renda através do turismo, foram desenvolvidas diversas atividades que possuem potencialidade econômica para a região e para o meio ambiente. Um desses roteiros é a visitação embarcada na APA Guapi-Mirim, feita em conjunto com a Rede Nós da Guanabara, que pretende despertar um pensamento ecológico aos que visitam. Foram criados, ainda, através de mutirões, novos roteiros com o mapeamento e sinalização de uma trilha de 65 km de extensão.
"O Projeto Guanamangue representa uma oportunidade única de conhecer as riquezas socioambientais e econômicas dos manguezais da Baía de Guanabara. Trata-se de um estudo abrangente que lança um olhar para o futuro, destacando a importância desse ecossistema único para as comunidades locais e para todo o estado do Rio de Janeiro", reforça Ricardo Farias, diretor de projetos do Instituto Onda Azul.
Mais informações podem ser obtidas através do portal ondazul.org e pelas as redes sociais do instituto. O relatório na íntegra pode ser acessado em http://bit.ly/projetoguanamangue.