Enfermeiros, auxiliares e técnicos decretam greve no Rio a partir de 6 de julho
Segundo o Sindicato dos Enfermeiros do Rio, 70% dos profissionais ficarão fora da atividade por tempo indeterminado. Secretaria Municipal de Saúde (SMS) considera o movimento ilegal
Manifestação de profissionais de enfermagem em frente a Prefeitura do Rio. A manifestação ja encerrou mas mais cedo os profissionais chegaram a fechar algumas pistas da Av Presidente Vargas mas logo foi liberado com a presença da PM. Não houve confusão. Nesta Sexta-feira (30). - Pedro Ivo/ Agência O Dia
Manifestação de profissionais de enfermagem em frente a Prefeitura do Rio. A manifestação ja encerrou mas mais cedo os profissionais chegaram a fechar algumas pistas da Av Presidente Vargas mas logo foi liberado com a presença da PM. Não houve confusão. Nesta Sexta-feira (30).Pedro Ivo/ Agência O Dia
Rio - Profissionais da enfermagem da rede pública e privada do estado do Rio decretaram a paralisação total da categoria, por tempo indeterminado, a partir da próxima quinta-feira (6). A greve foi votada durante manifestação nesta sexta-feira (30), na Avenida Presidente Vargas, na altura da Cidade Nova. Os trabalhadores reivindicam a implementação do piso salarial aprovado no Congresso Nacional. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS), no entanto, considera o movimento ilegal.
Segundo o Sindicato dos Enfermeiros do Rio (Sindenf Rio), apenas 30% dos profissionais ficarão em atividade, enquanto os outros 70% seguirão em mobilização até que os valores sejam distribuídos pelas pastas. "Estão tentando nos ganhar no cansaço, mas vamos mostrar nossa resposta na rua e dentro dos hospitais. A enfermagem do Rio vai cruzar os braços, decretamos greve por tempo indeterminado", afirmou a enfermeira Rosiane Rocha Vilella, 55.
Enfermeira da rede federal há 29 anos, Rosiane contou que está há um ano de se aposentar, mas segue lutando pela categoria. "Estamos cansados de tanto lutar, andar e gritar, mas ninguém vai calar a enfermagem. A chuva não cala, a ministra não cala, o tribunal não cala, o cansaço não cala. Vamos lutar até conseguirmos o que é nosso por direito. Nosso piso é lei e ninguém pode nos impedir de receber", disse.
Procurada pelo DIA, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que considera a greve ilegal e prejudicial ao cidadão. A pasta diz, ainda, que está monitorando a situação dos hospitais para que não haja impactos sobre a assistência dos pacientes.
"Seguindo os parâmetros definidos pela Portaria 597/23, o Ministério da Saúde fará o repasse dos valores para o pagamento do piso salarial da enfermagem. No mês seguinte, o montante será repassado pelo Município do Rio para a categoria de forma proporcional ao valor enviado pelo Governo Federal", afirmou a SMS em nota.
"Foi cansativo e perigoso, apesar de termos um veículo da Polícia Militar nos dando suporte. Apesar de criarmos uma estrutura com o mínimo de conforto, estávamos muito cansados, vindo de vários dias de luta", completou a enfermeira.
Já no período da manhã, eles se concentraram em um ato na Avenida Presidente Vargas, onde foi votada a greve. Por conta da manifestação, a pista lateral da via, na altura da Cidade Nova, chegou a ser parcialmente interditada, mas foi liberada por volta das 10h30.
Entenda a disputa pelo piso salarial
O piso salarial da enfermagem foi aprovado pelo Congresso Nacional em agosto de 2022 e fixou os valores de R$ 4.750 para enfermeiros, R$ 3.325 para técnicos de enfermagem e R$ 2.325 para auxiliares de enfermagem e parteiras.
O dispositivo chegou a ser suspenso por uma liminar no Supremo Tribunal Federal (STF) interposta pela rede privada da Saúde até que fontes de financiamento fossem garantidas para a política, mas foi aprovado em maio pelo ministro Roberto Barroso.
Na época, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou a lei que liberou R$ 7,3 bilhões a serem enviados para estados e municípios e permitir o pagamento da categoria. O ministro considerou haver valores mínimos a permitir o pagamento e restabeleceu a validade da lei que criou o piso.
Contudo, a decisão do magistrado está sendo analisada pelos demais ministros. Até o momento, a medida segue em vigor.
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