Shopping Leblon é intimado a fornecer qualificação de seguranças envolvidos em caso de racismoDivulgação
Publicado 19/06/2023 19:18 | Atualizado 19/06/2023 19:25
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Rio - A 14ª DP (Leblon) vai ouvir nos próximos dias os seguranças que teriam praticado racismo contra o produtor de audiovisual Vinícius Bandeira, de 23 anos, no Shopping Leblon, na Zona Sul do Rio. De acordo com a delegada titular Daniela Terra, o centro comercial também recebeu uma intimação da delegacia para enviar a qualificação dos seguranças envolvidos.
A vendedora de uma das lojas que Vinícius entrou para experimentar roupas também prestará depoimento. Foi ela a responsável por alertar o rapaz sobre a perseguição dos seguranças contra ele. Câmeras de segurança do shopping podem ajudar a polícia a esclarecer o caso.

Vinicius já foi ouvido na delegacia e espera pelos desdobramentos da investigação. Enquanto aguarda o andamento do processo, o produtor recebeu centenas mensagens de apoio nas redes sociais e acompanhamento de uma psicóloga especialista em crimes raciais. O caso foi registrado na 14ª DP como injúria por preconceito e constrangimento ilegal.

Relembre o caso

O produtor denunciou à Polícia Civil, na quinta-feira (15), que foi vítima de racismo no Shopping Leblon enquanto procurava por presentes para uma amiga e roupas para ele por volta das 21h.

Vinícius conta que saiu do seu trabalho, no bairro do Jardim Botânico, na Zona Sul do Rio, e foi ao shopping, quando percebeu que estava sendo acompanhado a todo momento por seguranças do Shopping Leblon. "Os seguranças esperavam nas portas das lojas de forma completamente constrangedora e acima do que, infelizmente, estou acostumado. Os funcionários nem ao menos tentavam disfarçar o indisfarçável enquanto eu estava naquele ambiente completamente hostil à minha existência", desabafou o rapaz.

Ainda de acordo com o produtor, o fato se agravou quando ele entrou no provador de uma loja de roupas e, ao sair, foi informado por uma das vendedoras, que também é negra, que os seguranças os alertaram que ele poderia furtar peças de roupa. Ainda segundo a funcionária do estabelecimento, os vigilantes do shopping disseram que Vinícius levantou suspeita por ter saído de outras três lojas sem ter comprado nada.

"Após efetuar a compra, a vendedora com os olhos muito atentos e sensíveis me explanou o que havia acontecido e pediu para tomar cuidado, pois não sabíamos qual seria o limite daquela perseguição, vide os tantos casos de agressões e assassinatos que assistimos em tantos shoppings e supermercados do Brasil", disse o rapaz.

Assim que saiu da loja, Vinícius se dirigiu ao espaço cliente, a fim de relatar o ocorrido. No entanto, segundo ele, mesmo após verbalizar que tinha acabado de sofrer racismo, o atendente do shopping deu somente um papel para ele preencher.

"Não me acolheu, pediu desculpas ou ao menos quis saber do que aconteceu. Recebi uma prancheta para preencher alguns dados com a promessa de que me chamariam no e-mail se fosse necessário, descaracterizando e diminuindo ainda mais as agressões que passei", lamentou.

O que diz o shopping

Procurada nesta segunda-feira (19), o Shopping Leblon ainda não informou se afastou os seguranças envolvidos na denúncia ou se já recebeu a intimação da delegacia.

Por meio de nota, na sexta-feira (16), o centro comercial destacou que repudia todo e qualquer tipo de discriminação e informou que está apurando o relato de Vinícius com a mais absoluta atenção.

"A administração entrou em contato com o cliente para ouvi-lo e prestar todos os esclarecimentos necessários. Cabe reforçar que o shopping tem um olhar atento e cauteloso sobre o tema diversidade e inclusão, promovendo ações efetivas e de treinamento constante junto ao time de segurança e operações", disse o shopping.
Outro caso de racismo na Zona Sul
O idoso Aloysio Augusto da Costa, de 83 anos, é acusado de cometer injúria racial contra o segurança de um restaurante em Ipanema, na Zona Sul do Rio. O caso aconteceu no dia 10 deste mês e, até o momento, não avançou por conta de um laudo apresentado pela defesa do morador alegando que ele foi diagnosticado preliminarmente com demência e Alzheimer.
O aposentado, que mora em frente ao estabelecimento em que Lucas Rodrigues Neves trabalha, reclama, há meses, de um banco colocado próximo ao prédio, para que o segurança visualize melhor o entorno do restaurante. Em uma das ocasiões, o idoso foi filmado chamando Lucas de "neguinho". Aloysio disse, ainda, que o funcionário estava "favelizando" a calçada.

Em outro vídeo, o filho do idoso, também morador, aparece reclamando da presença de Lucas enquanto pedestres reprovam a atitude do homem, o chamando de racista.
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