Operação da Polícia Civil e do MPRJ contra furto de combustívelReginaldo Pimenta/Agência O Dia

Rio - A Polícia Civil e o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) realizam, na manhã desta quarta-feira (26), a "Operação Exagogi", que em grego significa extração, contra uma quadrilha especializada em furto de combustível de dutos subterrâneos da Transpetro.

A ação é realizada por agentes da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD), da Civil, e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MP, que saíram para cumprir 47 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná e São Paulo.

A operação também visa identificar empresas receptadoras que adquiriram o produto roubado. A ação ainda conta com apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ), dos GAECOs de São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Espírito Santo, e da Transpetro.
De acordo com o delegado titular de DDSD, Marcelo Maia, a Civil chegou a pedir a prisão dos envilvidos, mas o pedido foi negado pela justiça.
"É uma organização criminosa especializada na subtração de de petróleo dos dutos da Transpetro. Foram 27 iniciados, que tiveram a prisão preventiva pedidas pela DDSD e o Ministério Público também opinou favoravelmente, mas a primeira vara especializada entendeu que não seria cabível no momento, e foram deferidos 47 mandados de busca e apreensão em quatro estados, além do Rio de Janeiro", explicou.
Os mandados expedidos pela 1ª Vara Criminal Especializada em Organização Criminosa e da Auditoria da Polícia Militar estão sendo cumpridos simultaneamente em diversos municípios do Rio de Janeiro e demais estados. No Rio, a operação acontece em Sapucaia, Cabo Frio, Macaé, Quissamã, Pinheiral, Bom Jesus do Itabapoana, Carapebus, São João de Meriti, São Gonçalo, São Fidélis, Campos dos Goytacazes e Nova Friburgo, além dos bairros do Centro e Campo Grande, na capital.
Segundo o coordenador do Gaeco Fábio Côrrea, o MPRJ ofereceu denúncias contra 27 pessoas nesta nova operação. "A investigação proporcionou o oferecimento de denúncias em de 27 pessoas, sendo 26 junto a vara criminal especializada e um junto a militar, que é o policial militar. O pedido do Ministério Público é para que eles respondam por organização criminosa, corrupção passiva e ativa", explicou.
A investigação começou quando os agentes receberam denúncias de que três caminhões estavam circulando com óleo bruto furtado no bairro Beira da Lagoa, no município de Quissamã, no Norte Fluminense. Policiais militares foram ao local e localizaram duas carretas com o produto. Os motoristas confessaram o crime e informaram a localização do terceiro caminhão. Onze pessoas foram presas na ocasião. De acordo com os agentes, os caminhões apreendidos armazenavam cerca de 100 mil litros de petróleo.
"É uma investigação que começou em 2019, na verdade foi iniciada após um furto que fizeram em Quissamã. A DDSD, juntamente com a inteligência da Transpetro, já estavam monitorando esse grupo criminoso e logo que soubemos da atuação desses membros da quadrilha, passamos a ir diretamente ao local onde efetuamos 11 prisões em flagrante, arrecadamos vários telefones celulares, materiais probatórios do furto dos dutos da da Petrobrás. A partir daí, o inquérito começou para a gente tentar desvendar quem seriam os outros integrantes da organização criminosa", explicou o delegado.
Ainda segundo Maia, alguns dos líderes da organização criminosa foram capturados em 2019. Na ocasião, o sargento da Polícia Militar Paulo Roberto Ramos Júnior, conhecido como Júnior, foi preso. Ele era lotado no 32º BPM (Macaé). "A função dele [Junior] dentro da organização criminosa era passar informações ao grupo criminoso de eventuais blitz na região, meio que fazendo o papel de batedor dos caminhões que seguiam com o petróleo subtraído", contou.

Trabalhos de inteligência comprovaram que a quadrilha tinha uma hierarquia e divisão de tarefas estruturada. Três pessoas eram apontadas como líderes, sendo que uma cuidava da organização dos motoristas e batedores; outra tratava a logística da derivação clandestina e extração; e a terceira liderança ficava com a parte financeira e organizacional.
"É uma organização criminal altamente estruturada, com uma divisão de tarefas muito bem definida, desde a extração de forma rudimentar dos brutos de combustível da Petrobras. Tem a questão da escolta armada, essa organização utiliza armamento forte, pesado, intimidatório. A questão dos motoristas, dos transportadores, dos batedores e até os receptadores. Eles trabalham e atuam com informações compartimentalizadas de forma a dificultar ainda mais a investigação", expôs Côrrea.
As investigações ainda apontam que o grupo tenha causado um prejuízo de milhões para a Transpetro no decorrer dos anos. Além disso, eles também são suspeitos de crime ambiental, já que não fechavam o furo nos dutos após os roubos e estes ficavam vazando, jorrando petróleo que acabava indo para mananciais e para o subsolo.

A quadrilha também contava com um especialista que auxiliava os soldadores na instalação da mangueira no duto; aliciadores, que buscavam profissionais que trabalhavam, principalmente, em plataformas de petróleo; soldadores; ajudantes, responsáveis por localizar e preparar o terreno no qual seria realizada a derivação e, também, auxiliar nos engates das mangueiras e nos caminhões; pessoas que forneciam notas fiscais falsas e comercializavam o óleo bruto com receptadores; fornecedores dos caminhões, entre outros.