O ex-PM Ronnie Lessa, acusado de matar Marielle Franco e Anderson Gomes, está preso desde março de 2019Arquivo O DIA
Publicado 24/07/2023 16:52 | Atualizado 24/07/2023 17:01
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Rio - O assassinato da vereadora Marielle Franco, no dia 14 de março de 2018, foi marcado em um aplicativo de criptografia que apaga mensagens logo depois da visualização. A informação foi divulgada em delação premiada do ex-policial militar Élcio de Queiroz, preso por dirigir o carro onde estava Ronnie Lessa no dia do crime. Na ocasião, o motorista da ex-parlamentar, Anderson Gomes, também foi morto a tiros.
Élcio contou à Polícia Federal e ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) que Lessa mandou uma mensagem, por volta das 12h do dia do crime, por meio do aplicativo Confide, perguntando se ele estaria disponível para dirigir à tarde. Ambos os réus estão presos desde março de 2019.
Segundo a delação, a qual o DIA teve acesso, o homem perguntou do que se tratava e recebeu uma imagem de uma reunião com várias mulheres. Como o aplicativo destrói as mensagens após a visualização, Queiroz disse que não entendeu o que era e que só soube que se tratava do evento na Casa das Pretas, local na Lapa onde Marielle estava, mais tarde quando se encontrou com Lessa.
"Ele respondeu que era pra dirigir pra ele. Aí eu falei, mas qual foi, pra que é? Aí eu recebi uma imagem pelo aplicativo Confide. Quem conhece sabe que tem que deslocar o dedo, correr o dedo pela tela, então fica tipo uma tarja acompanhando a imagem. Não dá pra ver a imagem total, ela vai conforme vai passando o dedo, ela vai correndo. Aí depois automaticamente ela se destrói. Como eu estava ali meio que parado, dirige não dirige, atento, eu só vi a imagem de várias mulheres reunidas. Depois eu soube que era um evento da Casa das Pretas", disse Queiroz.
Após a imagem, Élcio disse que foi chamado por Lessa pelo aplicativo até o Condomínio Vivendas da Barra, o que impediu a investigação de encontrar qualquer evidência ou indício sobre este combinado nos celulares e dados armazenados nas nuvens de ambos. No local, Ronnie o esperava com uma bolsa, onde estava guardada a arma que seria utilizada na morte de Marielle Franco e Anderson Gomes ainda naquele dia.
A Polícia Federal conseguiu esclarecer que o Confide era usado por ambos os acusados para tratar de diferentes assuntos que demandassem um grau maior de sigilo, incluindo as atividades ilícitas que a dupla praticava.
As provas adquiridas, assim como a delação premiada de Queiroz, serviram como base para a realização da Operação Élpis nesta segunda-feira (24), que resultou na prisão do ex-bombeiro Maxwell Corrêa, o Suel, além de sete cumprimentos de mandados de busca e apreensão.
Ida ao bar para beber após assassinato
Aos policiais, Queiroz contou que, após a morte de Marielle e Anderson, ele e Lessa foram com o carro utilizado no crime até a rua onde fica o condomínio da mãe de Ronnie, no Méier, Zona Norte do Rio. No local, eles encontraram com Denis Lessa, irmão do acusado de realizar os disparos, que ficou com a bolsa onde estava a arma usada. Depois, eles entraram em um táxi, pedido por Denis, para a Barra da Tijuca, na Zona Oeste, onde foram até um bar para beber.
No estabelecimento, a dupla encontrou com o ex-bombeiro Maxwell Corrêa, o Suel. Queiroz contou que o ex-militar, que estava envolvido em uma tentativa de assassinato a Marielle em 2017, afirmou que sabia que ambos tinham a matado. Élcio ainda completou que só soube sobre a morte de Anderson quando viu uma reportagem no bar em que estava.
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