Moradores reclamam de abandono do Jardim de Alah e insegurança no parqueCleber Mendes / Agência O Dia

Rio - A Prefeitura do Rio comunicou, nesta segunda-feira (21), que o Consórcio Rio + Verde venceu a licitação para a revitalização do Jardim de Alah, entre os bairros de Leblon e Ipanema, na Zona Sul. Os próximos passos são a homologação do projeto e a assinatura do contrato.
Como essas pendências incluem diversos processos burocráticos, ainda não há prazo para que o contrato seja assinado. Depois dessa resolução, a concessionária precisará passar por licenciamento ambiental, urbanístico e de patrimônio. Em seguida, a Rio + Verde terá 18 meses para concluir as obras.
"Os próximos passas envolvem o ressarcimento dos estudos que foram realizados por meio de uma manifestação de interesse privado, onde dois grupos realizaram os estudos que sustentaram o processo licitatório. Outro passo é a constituição de uma empresa de propósito específico, que é uma empresa criada especificamente para gerir essa concessão. Depois, a emissão de garantia da execução do contrato: a concessionária precisa garantir que vai cumprir com as obrigações. Todas essas condições são precedentes para a assinatura do contrato", informou Lucas Costa, o diretor de estruturação de projetos da Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPAR).
Formada pelas empresas Accioly Participações, DC-Set, Opy e Púrpura, concessionária administrará o jardim por um período de 35 anos. O valor do contrato é de R$ 112,6 milhões, preço estimado para o projeto de revitalização do parque, que possui 93,6 mil metros quadrados. A Rio + Verde poderá explorar comercialmente a área por meio de quiosques e lojas, mas o acesso permanecerá gratuito.
A verba também deverá ser investida na construção de pontes, recuperação de jardins, implantação de ciclovias, estacionamento, construção de uma creche pública e revitalização das quadras poliesportivas, além da promoção de eventos e exposições.
Em conversa com o DIA, moradores da região relataram que sentem insegurança ao passar pelo Jardim de Alah e, por isso, acreditam que o projeto possa interferir nesse problema.
"A situação está um pouco feia... Acredito que, com essa iniciativa, terá uma melhora grande. Hoje, vemos abandono e sentimos medo. É muito escuro, poucas pessoas... Na minha opinião, vai revitalizar o ambiente, trazer novas pessoas e vai ficar um lugar bem bonito. Temos que entender que o Rio de Janeiro precisa receber mais turistas, é uma cidade linda", opinou o aposentado Carlos Sales.
Carlos Monjardim, presidente da Associação de Moradores e Amigos de Ipanema (Amai), acredita que a iniciativa permite que o poder público possa focar os investimentos em áreas mais necessitadas da cidade.
"Essa concessão público-privada é fundamental. Primeiro, permite ao prefeito utilizar o dinheiro em áreas mais humildes e necessitadas da cidade. Traz o parceiro privado para investir quase R$ 130 milhões em uma área nobre, entre Ipanema e Leblon, recuperando o espaço, aumento a parte verde do parque, criando vagas de estacionamento", afirmou Monjardim.
"O nosso Jardim de Alah ficará 35 anos sob manutenção da iniciativa privada e com segurança 24 horas. Isso vai virar um atrativo turístico, vai movimentar o comércio dos bairros e trazer segurança aos moradores da região. Não tem uma semana que a Segurança Presente não recolhe 15 a 20 de facas na 'cracolândia' que tem se formado aqui. A perspectiva é de que haja uma valorização de quase 100% nos imóveis do entorno do Jardim de Alah", concluiu.
Algumas faixas contrárias à concessão foram colocadas nas grades do parque. No início deste mês, a 8ª Vara da Fazenda Pública julgou como extinta uma ação civil pública contra a concessão. O grupo de moradores alegava que as obras poderiam descaracterizar o espaço e causar danos, mas juíza Alessandra Cristina Tufvesson Peixoto entendeu que a intervenção não viola leis ou decretos municipais.