Rio – O bairro de Copacabana recebeu, neste domingo (17), a 16ª caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa. O evento, que acontece tradicionalmente no terceiro domingo de setembro, é organizado pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) e o Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (Ceap) e celebra a escolha, a democracia e o Estado Laico. O ato começou às 10h na altura do posto 5 e seguiu pela orla até o final da tarde, reunindo milhares de pessoas.
A festa também homenageou nomes importantes para a causa, como Mãe Bernadete, assassinada em 17 de agosto, que liderava o Quilombo Pitanga dos Palmares, na Bahia. A sacerdote foi lembrada pelo deputado Chico Alencar, que esteve no evento durante a manhã. Em suas redes sociais ele escreveu: "Que seja feita a justiça e os mandantes e executores do bárbaro crime sejam punidos."
Chico ainda desejou que "o respeito prevaleça sobre a intolerância, a ignorância e o preconceito."
Entre os presentes na caminhada estiveram cantor e compositor Marquinhos de Oswaldo Cruz, pastor Kleber Lucas, Mestre Kotoquinho e a cantora Marina Iris.
A 16ª caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa começou às 10h da manhã no Posto 5 e seguiu pela Orla de Copacabana até as 17h, na Praça do Lido, com apresentações de grupos culturais como Filhos de Gandhy, Regional do Biguá, Arca da Montanha Azul (holístico) e Marcelo Vacite - União Cigana do Brasil.
Copacabana recebe 16ª Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa. Evento conta com apresentações de grupos culturais até as 17h.#ODia
A Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, surgiu no ano de 2008, em reação aos episódios de intolerância religiosa que aconteceram no Morro do Dendê, na Ilha do Governador. Segundo a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), "na ocasião, adeptos das religiões de matriz africana foram expulsos da comunidade pelo traficante Fernandinho Guarabu, que, na época, comandava o tráfico local e os impedia de usar suas vestes religiosas e seus fios de conta."
Mais tarde, após diversas manifestações, defensores das diversidades e membros de grupos sociais passaram a se reunir, anualmente, para para organizar o evento inter-religioso, em prol da tolerância, da equidade e da pluralidade.
Autor do livro 'Marchar Não é Caminhar', o professor Babalawô Ivanir dos Santos diz que desde que o projeto foi iniciado há um questionamento sobre as motivações para os ataques de intolerância religiosa contra as religiões de matrizes africanas.
"Obviamente, não temos como dar uma resposta pronta e acabada sobre os casos de violência. Mas podemos pontuar que existe um silenciamento por parte dos órgãos de segurança públicas de administração municipal e estadual sobre os fatos, o Brasil não é um país laico", afirma ele.
Um estudo do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (Ceap) e do Observatório de Liberdades Religiosas (OLIR), com apoio da Representação da Unesco no Brasil, lançado em janeiro de 2023, aponta que, em média, O Brasil recebeu 3 denúncias de intolerância religiosa por dia em 2022.
*Reportagem da estagiária Bruna Bittar, sob supervisão de Thiago Antunes
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