O carro da família em que a menina de 3 anos foi baleada ficou com uma marca de tiro no para-brisaReginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Publicado 08/09/2023 22:43 | Atualizado 08/09/2023 22:55
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Rio - O procurador da República e coordenador do Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial do Ministério Público Federal, Eduardo Benones, determinou, nesta sexta-feira (8), a instauração de um procedimento investigatório sobre o caso da menina de 3 anos baleada durante uma ação da Polícia Rodoviária Federal no Arco Metropolitano, em Seropédica, na Baixada.

O caso foi inicialmente registrado na 148ª DP (Seropédica), que ouviu o agente que efetuou o disparo e o pai da menina. Em seguida, foi encaminhado à Polícia Federal que apura as circunstâncias.
Em uma publicação nas redes sociais, ainda nesta sexta-feira (8), o ministro da Justiça e Segurança Pública cobrou providências sobre a ação e descreveu o caso como uma tragédia. Flávio Dino afirmou que está esperando por uma resposta dos órgãos de direção da instituição e que mandou acelerar a revisão da doutrina policial e manuais de procedimento da PRF.
"Sobre a tragédia com uma criança de 3 anos no Rio de Janeiro, já solicitei esclarecimentos e providências aos órgãos de direção da PRF naquele Estado. Estou aguardando a resposta, que será comunicada imediatamente. Outras medidas serão informadas em breve", disse.

De acordo com o pai da menina, Willian Silva, eles, a mãe da criança, a irmã de 8 anos e uma tia delas voltavam da casa dos avós, em Itaguaí, na Região Metropolitana, por volta das 20h, quando passaram por uma viatura parada em um cruzamento na entrada de Seropédica. Segundo William Silva, não houve ordem de parada, mas os agentes passaram a seguir e a ficar muito próximos ao veículo da família. Ele então decidiu dar seta para encostar o carro e, quando já estava no acostamento, quase parando, o automóvel foi alvo de mais de quatro disparos.

Segundo o policial que efetuou o disparo, ele e dois colegas começaram a perseguir o veículo depois que foi constatado que o carro era produto de um roubo. O agente disse que depois de 10 segundos atrás do caro, os policiais escutaram um som de disparo de arma de fogo, chegando a se abaixar dentro da viatura. Ele admitiu ainda que atirou três vezes com um fuzil calibre 556 na direção do carro onde a criança estava com a família, pois a situação o fez supor que o disparo havia sido feito do veículo.

Sobre a acusação de roubo, em depoimento à polícia, William relatou que o então proprietário, que ainda tem seu nome no documento, teria apresentado o recibo de compra e venda do veículo (CRV) no processo da compra do carro. O vendedor do automóvel teria realizado uma consulta da placa no sistema do Detran e enviado a ele, portanto, não imaginava que havia registro de roubo ao veículo no ano anterior.

A menina permanece no Centro de Terapia Intensiva (CTI), após ter passado por cirurgia no Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes (HMAPN), em Duque de Caxias, na Baixada.

Em nota, a Polícia Rodoviária Federal informou que afastou, preventivamente, os três agentes envolvidos das ações operacionais, "inclusive para atendimento e avaliação psicológica", e a arma do policial que fez os disparos foi apreendida para perícia.

A instituição disse ainda que as circunstâncias da ação estão em apuração pela Corregedoria e que colabora com as investigações da polícia judiciária para o esclarecimento dos fatos. "A PRF expressa seu mais profundo pesar e solidariza-se com os familiares da vítima, assim como está em contato para prestar apoio institucional".


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