Publicado 28/09/2023 19:01 | Atualizado 28/09/2023 19:45
Rio - O motoboy Márcio Barbosa, envolvido na briga que terminou na morte do vizinho Jacques Oliveira, registrou um boletim de ocorrência na 26ª DP (Todos os Santos), nesta quinta-feira (28), denunciando que ele e sua família estão sendo ameaçados de morte após o ocorrido. Ao DIA, Márcio contou que foi demitido do emprego, teve que sair de casa com a família e o filho está impossibilitado de retornar para a escola.
"Estão chamando minha família de assassina, agora estamos ficando cada dia na casa de um parente. A Polícia Civil já foi na minha casa, pegou imagens de câmeras de segurança... eu não sou foragido. Ele [Jacques] foi na minha casa, puxou a faca para mim e eu só tentei me defender. Foi legítima defesa", diz o motoboy.
De acordo com as investigações da Polícia Civil, a discussão foi iniciada por Jacques, no último dia 10, no Engenho de Dentro, Zona Norte do Rio. Jacques não concordava com a construção de um muro entre a casa dele e a do motoboy por prejudicar a circulação dos moradores.
Na noite da briga, ao voltar de uma viagem, Jacques encontrou Márcio finalizando a obra e os dois começaram a discutir. Minutos depois, Jacques ameaçou o vizinho com uma faca. Após o ocorrido, Jacques alegou que foi para casa, Márcio o seguiu e arremessou pedras para dentro de sua residência, uma delas o atingiu na cabeça. Já Márcio diz que no momento em que Jacques o ameaçou com uma faca, ele se defendeu arremessando pedras e uma delas atingiu o vizinho. Ferido, Jacques procurou o Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, e um dia depois foi transferido para o Hospital Souza Aguiar, onde ficou internado por 16 dias. Na quarta-feira (26) ele não resistiu aos ferimentos e morreu.
Ainda segundo Márcio, após as agressões, Jacques saiu do local andando, consciente e teria fugido quando ele chamou a Polícia Militar. "Eu fui apenas me defender, um dos meus filhos pequenos foi para cima dele, segurou nas pernas dele para não me esfaquear", conta ele. A mulher de Márcio também contou que o filho está traumatizado após o fato. "A criança está apavorada, eu não sei mais o que eu faço. Não posso mais dormir na minha casa e nem na casa de parentes. Meus amigos e amigas que estão me ajudando estão sendo ameaçados também. Meu marido é trabalhador, não tem nenhuma passagem pela polícia. Foi uma fatalidade", desabafou a mulher.
A 26ª DP (Todos os Santos) também está investigando a agressão, que, até então, está tipificada como lesão corporal provocada por arma branca. Questionada se com a morte de Jacques o tipo do crime mudaria, a distrital disse que aguarda o resultado dos exames médicos para concluir o caso. A investigação está em andamento.
A reportagem também tenta contato com a família de Jacques. Ainda não há informações sobre o sepultado dele.
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