Márcia Proença (meio), mãe de Daniel Proença, médico sobrevivente ao ataque na Barra, esteve no Hospital Municipal Lourenço Jorge nesta quinta-feira (5)Marcos Porto / Agência O Dia
Publicado 05/10/2023 18:11 | Atualizado 05/10/2023 19:37
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Rio - O ortopedista Daniel Sonnewend Proença, de 32 anos, baleado em um ataque de criminosos que resultou na morte de três médicos, foi transferido na tarde desta quinta-feira (5) do Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, para o Hospital Samaritano, no mesmo bairro.
De acordo com último boletim da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Daniel estava internado na unidade municipal com quadro de saúde estável. Márcia Proença, mãe do médico, esteve no Lourenço Jorge nesta tarde para ter informações sobre o filho e agilizar a transferência. Ela estava acompanhada de duas advogadas e não falou com a imprensa.
Segundo o Hospital Samaritano Barra, o médico chegou na unidade no início da noite. "No momento, encontra-se lúcido, orientado e respira sem o auxílio de aparelhos. Seu quadro de saúde é estável", disse me nota.
Um amigo, que preferiu não se identificar, disse ao DIA que o ortopedista levou mais de 10 tiros e sofreu fraturas no fêmur, no úmero e no cotovelo. A ideia da família, de acordo com o homem, é levar o médico para o Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) para realizar cirurgias no ombro.
Natural de Mogi das Cruzes, em São Paulo, Daniel é especialista em Ortopedia, Traumatologia e em reconstrução óssea pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
O médico estava na Barra da Tijuca para participar de um congresso internacional de ortopedia, que acontece no Windsor Barra Hotel, onde ele estava hospedado. O quiosque onde ele foi baleado fica na frente do hotel, na Avenida Lúcio Costa. O policiamento está reforçado na região nesta tarde e o estabelecimento funciona normalmente.
Relembre o caso
Além de Daniel, os médicos Marcos de Andrade Corsato, de 62 anos, Perseu Ribeiro Almeida, 33, Diego Ralf de Souza Bomfim, 35, também foram atacados a tiros, na madrugada desta quinta-feira (5), no quiosque Naná, mas não resistiram aos ferimentos.
Imagens registradas por câmeras de segurança da região mostram que suspeitos desceram de um carro e atiraram diversas vezes contra os profissionais de saúde. No local, houve correria e desespero durante o ataque.
Ainda pelas imagens, é possível ver que os médicos ortopedistas estavam sentados no quiosque em frente ao Hotel Windsor, quando, por volta das 1h, um carro branco parou, e ao menos 3 homens vestidos de preto e armados desembarcaram e atiraram contra eles. Um dos criminosos chegou a voltar para atirar mais em uma das vítimas que tentava se refugiar atrás do quiosque, além de verificar se ela realmente teria morrido.
A principal hipótese da investigação para a motivação do crime indica que os criminosos confundiram Perseu Almeida com o miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, filho de Dalmir Pereira Barbosa, apontado como um dos principais chefes de uma milícia que atua na Zona Oeste. O médico e o miliciano possuem características físicas semelhantes.
Taillon está cumprindo pena em regime semiaberto desde março deste ano e tem como residência fixa um apartamento na Avenida Lúcio Costa, a menos de 1 km do quiosque onde ocorreu o ataque. O filho traçou o mesmo caminho do pai e é acusado de ser líder de uma quadrilha que atua na região de Rio das Pedras, Muzema e adjacências.
De acordo com o processo que consta contra ele no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ), a organização criminosa de Taillon seria responsável pela exploração do transporte alternativo de vans e mototáxi; dos serviços básicos como água, gás e TV a cabo; cobrança extorsiva de "taxas de segurança" a comerciantes e moradores; invasão e grilagem de terras; construção imobiliária clandestina; além de agressões, ameaças e homicídios na região.
Outra hipótese aponta que o crime possa ter sido uma execução devido a uma das vítimas, Diego Bomfim, ser irmão da deputada federal Sâmia Bonfim (Psol) e cunhado do deputado federal Glauber Braga (Psol). Os parlamentares receberam apoio de amigos para a liberação do corpo do ortopedista, na tarde desta quinta-feira (5), do Instituto Médico Legal (IML), no Centro do Rio.
As investigações do caso estão a cargo da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) e serão acompanhadas pela Polícia Federal, a mando do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino. A Polícia Civil de São Paulo, estado de onde os médicos são naturais, equipes para auxiliarem as investigações sobre a execução. Por determinação da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, foi deslocada ao Rio uma equipe do DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa) e uma equipe do Dipol (Departamento de Inteligência da Polícia Civil).
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