Carcaça de ônibus incendiado por milicianos próxima à estação Pingo DÁgua, em GuaratibaReginaldo Pimenta/Agência O Dia
Publicado 24/10/2023 10:26
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Rio - O governador do Rio, Cláudio Castro, afirmou que seis detidos durante os ataques na Zona Oeste, na segunda-feira (23), foram soltos por falta de indícios de envolvimento. A região viveu momentos de terror, após a morte do sobrinho e braço direito de Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, em Santa Cruz. Castro acompanhou o monitoramento das forças de segurança, nesta terça-feira (24), no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), na Cidade Nova, e disse que os incêndios a ônibus, trem e veículos provocados por milicianos serão tratados como terrorismo. 
Segundo o governador, 12 criminosos envolvidos nos incêndios de 35 ônibus, sendo 20 da operação municipal, cinco BRTs e outros 10 de turismo e fretamento, foram detidos na segunda-feira. No entanto, seis deles já foram soltos e os demais serão denunciados ao Ministério Público do Rio (MPRJ). "Das 12 pessoas que foram detidas, seis mantiveram a prisão, outros seis foram soltos por falta de indícios. Esses seis serão indiciados por terrorismo e em seguida, vão ao MP, para que denunciem. Por parte da Civil, esse tipo de crime vai ser encarado como terrorismo, porque é", declarou Castro. 
Em apenas um dia, a cidade teve o maior número de ônibus queimados de sua história, segundo o Rio Ônibus. Um dos ataques aconteceu contra um coletivo da linha 954 (Taquara x Recreio) e um vídeo que circula nas redes sociais mostra um homem de capacete jogando combustível no interior do veículo com um balde, enquanto um segundo acende o fogo. Em poucos segundos a parte dianteira é completamente tomada pelas chamas. Desesperados, passageiros que ainda estavam dentro do coletivo correm e caem ao escapar. Confira abaixo. 
Os bombeiros foram acionados para 36 eventos de fogo em veículo e cerca de 200 militares de 15 quartéis atuaram no combate às chamas. Não há registro de vítimas. Os milicianos também atearam fogo em um trem da SuperVia, na altura da estação Tancredo Neves, em Paciência, e em cinco estações do BRT. A ação dos criminosos afetou, principalmente, os bairros de Santa Cruz, Campo Grande, Paciência, Guaratiba, Sepetiba, Cosmos, Recreio, Inhoaíba, Barra da Tijuca, Tanque e Campinho. Nestes locais, pneus também foram incendidados e serviram como barricadas para impedir a passagem de policiais. 
O miliciano Matheus da Silva Rezende, conhecido como Faustão ou Teteu, foi morto em um confronto com policiais civis, durante uma ação do Departamento-Geral de Polícia Especializada (DGPE) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), com apoio da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco). Os agentes também prenderam um criminoso, apreenderam dois fuzis, uma pistola, dezenas de carregadores, centenas de munições, rádios transmissores, coletes e celulares.
Impactos na cidade
O município chegou a ficar em estágio de atenção e retornou ao de normalidade às 8h45 desta terça-feira. Não há registros de novos ataques e as polícias Civil e Militar do Rio realizam uma operação conjunta em Santa Cruz, Guaratiba e Campo Grande, para localizar Zinho e impedir que novos veículos sejam queimados. Há também reforço no policiamento em diversos pontos onde os ataques dos milicianos ocorreram. Na manhã de hoje, a cidade ainda enfrentava os reflexos das ações criminosas na região. 
No início do dia, o corredor Transoeste chegou a operar com intervalos irregulares, mas a Mobi-Rio informou que os horários foram normalizados, bem como as linhas eventuais Santa Cruz, Pingo D'água, Magarça e Mato Alto, os "diretões", estão circulando. Segundo o prefeito do Rio, das cinco estações de BRT alvos dos milicianos, todas estão funcionando nos três corredores, exceto Vendas de Varanda, em Santa Cruz. O local vai precisar ter componentes estruturais trocados e será liberada em, no máximo, uma semana, segundo Eduardo Paes.
De acordo com o Rio Ônibus, a frota municipal de ônibus na Zona Oeste alcançou 90% da operação. A SuperVia informou que, por conta do ataque realizado em um trem na altura da estação Tancredo Neves, em Paciência, realiza uma manutenção corretiva no ramal Santa Cruz. O trecho Central x Campo Grande tem intervalos de aproximadamente 20 minutos e alguns trens para Santa Cruz terminam a viagem em Campo Grande. Já entre Campo Grande e Santa Cruz, o tempo de espera é de cerca de 40 minutos.
De acordo com a Secretaria Municipal de Educação (SME), nesta terça-feira, 20 unidades municipais da Zona Oeste estão fechadas. Ontem, 45 interromperam o funcionamento, afetando 17.251 estudantes. A Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) informou que, após a suspensão das aulas noturnas em 12 escolas, impactando 2,9 mil alunos, a previsão é de que as aulas sejam retomadas hoje, mas a expectativa é de baixa adesão, por conta dos transportes públicos.
Segundo a pasta, a direção das unidades têm autonomia para tomar as providências necessárias para preservar a integridade física dos alunos, professores e funcionários. "Todos os conteúdos serão repostos de acordo com o planejamento pedagógico", completou. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que todas as unidades devem funcionar hoje. "Os diretores e gerentes estarão atentos às movimentações de cada território, para tomar a decisão que se faça necessária em caso de repetição ou fatos novos que venham a alterar individualmente a rotina da unidade, conforme o protocolo de acesso mais seguro".
Em nota, a Light, concessionária responsável pelo serviço de fornecimento de energia na capital fluminense, informou que técnicos conseguiram restabelecer o serviços nos locais afetados ainda na noite de segunda-feira e, nesta terça-feira, não há registro de clientes impactados pelos ataques dos milicianos.
 
 
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