Publicado 07/11/2023 17:49 | Atualizado 07/11/2023 18:16
Rio - Um amigo de um dos suspeitos de estuprar uma adolescente de 15 anos em Nova Iguaçu, e que testemunhou os atos, afirmou que a vítima mentiu um depoimento à Polícia Civil e que as relações registradas em vídeos foram consentidas. O rapaz nega a versão da vítima de que havia nove homens no local do crime e que eram "apenas" quatro e que ainda teria recebido ameaças de familiares da jovem. De acordo com a denúncia da vítima, os acusados divulgaram o vídeo do abuso no qual ela aparece desacordada.
Segundo o adolescente, a própria menina teria chamado os quatro para a casa de uma amiga, onde estava dormindo, e lá, aconteceram "diversos desafios". O jovem disse que ela teria ingerido bebida alcoólica, mas que ainda estava consciente e que teria tido relações consensuais com dois maiores de idade no local.
O menor de idade disse que foi acusado pela mãe da adolescente de arquitetar o estupro e de divulgar os vídeos do crime e que ainda foi ameaçado por ela e pela irmã da jovem. Ele disse que as imagens foram postadas por amigos da jovem.
No relato do adolescente, ele apontou que a menina teria consciência da existência dos vídeos e que desejava postá-los com o intuito de ganhar seguidores nas redes sociais. "Ela que quis. Ela falou: 'Vou postar, pois eu quero mídia'. Hoje mesmo (terça) ela desativou as redes sociais porque ela já bateu a meta de seguidor que ela queria", disse o menor, que garantiu não haver outras substâncias no local além de bebidas alcoólicas.
Suspeito do crime se manifestou
Na noite de segunda-feira (6), um dos suspeitos se manifestou nas redes sociais e negou o estupro, alegando que o caso foi uma "brincadeira" que passou dos limites.
O suspeito alega que a adolescente estava consciente e que concordou com a relação sexual. "Venho me defender à respeito dessa acusação de estupro. Eu conheço essa menina há muito tempo, ela me seguiu no Instagram e tudo mais. Sim, eu sei que a passamos do limite em relação à brincadeira, mas esse vídeo que está circulando mostra apenas eu fazendo essa brincadeira com ela, mas não foi apenas eu. Depois de um tempo eu fui para o quarto ver como ela estava. Chegando lá, a gente se beijou e teve a relação", escreveu o jovem.
Com informações imprecisas e o vídeo editado com alguns cortes, o acusado alegou que, após a relação, a vítima permaneceu consciente.
Com informações imprecisas e o vídeo editado com alguns cortes, o acusado alegou que, após a relação, a vítima permaneceu consciente.
"Em um dos vídeos que me mostra no ato com ela, logo em seguida corta (o vídeo), mas em um outro momento mostra ela me agarrando, me puxando, e a dona da casa entrando. Quando a dona da casa entra, eu saio constrangido e logo em seguida ela vem atrás e vai para o banheiro. Depois que eu saio do quarto, ela andou normalmente para o banheiro e eu fui embora. Os amigos dela gravaram ela bem, andando, brincando", disse.
Em meio aos relatos de que a vítima estava consciente, ele diz que a jovem perguntou para os amigos se tinha "ficado" com alguém e reagiu bem ao saber que foi com ele. Além disso, o rapaz acusa a adolescente de pedir dinheiro a ele.
"Depois ela perguntou para os amigos se ela tinha ficado com alguém e falaram que tinha sido comigo e ela ficou super de boa com a situação. Depois os amigos divulgaram o vídeo e foi aí que ela veio dizendo que foi um estupro, sendo que não foi. Ela também veio me pedir dinheiro, me chamou de estuprador, me ameaçando. Eu tenho conversas que mostram ela me pedindo 800 reais", disse.
"Depois ela perguntou para os amigos se ela tinha ficado com alguém e falaram que tinha sido comigo e ela ficou super de boa com a situação. Depois os amigos divulgaram o vídeo e foi aí que ela veio dizendo que foi um estupro, sendo que não foi. Ela também veio me pedir dinheiro, me chamou de estuprador, me ameaçando. Eu tenho conversas que mostram ela me pedindo 800 reais", disse.
Agentes serão investigados
Na noite de segunda (6), a Polícia Civil informou que investigará a conduta de agentes da 58ª DP (Posse) após levar a adolescente de 15 anos à cena do crime sem a presença dos responsáveis. Além de levarem a menina onde os abusos foram realizados, três outros menores de idade também teriam sido levados para a distrital sem seus respectivos pais.
Por meio de nota, a Polícia Civil informou que os relatos não são compatíveis com as orientações da corporação para o atendimento ao público, especialmente por se tratar de vítima menor de idade. Uma sindicância será instaurada para apurar a conduta dos agentes envolvidos na ocorrência.
O caso foi registrado na 58ª DP (Posse), que realizou diligências iniciais para apurar os fatos. A partir de agora, o inquérito segue à cargo da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Nova Iguaçu, que dará continuidade à investigação.
De acordo com a delegada titular Monica Areal, da Deam de Nova Iguaçu, as investigações estão em andamento e a vítima será novamente ouvida na sede da especializada, mas dessa vez por uma policial capacitada em colher depoimento especial de menores vítimas de violência sexual.
Relembre o caso
Na manhã desta segunda-feira (6), a adolescente de 15 anos denunciou ter sido vítima de estupro, cometido por dois homens, na 58ª DP (Posse). De acordo com a jovem, o crime foi filmado pelos próprios abusadores e compartilhado nas redes sociais.
Nas imagens, a vítima aparece desacordada na casa de uma amiga quando o estupro aconteceu. Segundo relatos de uma irmã da adolescente, um grupo de nove rapazes conhecidos das duas meninas teriam chegado no local com bebidas e propondo desafios.
Em um dado momento, a menina teria ficado muito bêbada e então houve o abuso. A irmã acredita que o estupro tenha sido premeditado e que um dos rapazes tenha colocado algo na bebida da vítima.
Os dois acusados pelo estupro teriam 20 e 22 anos e teriam pedido para um terceiro filmar o ato. Nas imagens é possível ver a menor sendo abusada e recebendo tapas no rosto.
A vítima do abuso é a mais nova de três irmãs. Exames de corpo de delito comprovaram sinais compatíveis com relações sexuais.
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