A Polícia Civil prendeu nesta quarta-feira (8) Elivelton da Silva Amorim, de 20 anos, um dos suspeitos de participar do estupro coletivo contra uma adolescente de 15 anos em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. De acordo com a delegada Mônica Areal, da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam), ele deve responder por estupro de vulnerável. Renan Areias/Agência O Dia
Publicado 08/11/2023 11:41
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Rio - A Polícia Civil prendeu nesta quarta-feira (8) Elivelton da Silva Amorim, de 20 anos, um dos suspeitos de participar do estupro coletivo contra uma adolescente de 15 anos em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. De acordo com a delegada Mônica Areal, da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam), ele deve responder por estupro de vulnerável.
Ainda nesta quarta (8), a dona da casa onde ocorreu o crime e a sua filha, também menor de idade, foram ouvidas na delegacia. A vítima também é esperada para prestar um novo depoimento com uma policial especializada em casos como este. 
Segundo a delegada, não há dúvidas sobre o crime de estupro de vulnerável e da insconciência da vítima. "Não tem justificativa, ela tem 15 anos, a partir dos 14 anos ela pode ter relação sexual, mas a partir do momento que ela não tem chance de dizer que sim ou que não, ela entra no estupro de vulnerável. A vítima nesse caso é um neném porque ela não consegue ter discernimento. No vídeo ela leva tapas fortes na cabeça e não se mexe e eles ainda brincam e debocham: ‘Ela tá morta?’. Ou seja, ele tinha total consciência que ela não podia falar sim ou não pra ele", explicou.


Em relação a Elivelton, ela disse ainda que o suspeito tentou se esconder ao não passar o endereço exato de onde morava. "Ele estava se escondendo, e pra ele não fornecer o endereço certinho ele disse que não ia ficar em casa por medo da milícia e do tráfico. Depois disso ele tentou ir nas redes sociais pra tentar se justificar mas nesse caso não tem justificativa, nós temos a prova que a vítima estava completamente desacordada", frisou.
Nas redes sociais, a adolescente relatou o crime e explicou que ficou inconsciente após ingerir bebida alcoólica. Já os envolvidos negam as acusações e apontam que a relação teria sido consentida, mesmo após vídeos comprovarem o contrário. A vítima acredita ainda que a ação foi planejada. Ela acusa dois homens, Elivelton, 20 anos, e um outro rapaz de 22 anos, de terem cometido os abusos. A menina afirma também que os amigos não tentaram impedir o estupro. Segundo as investigações, o crime foi filmado e divulgado mais de 30 vezes nas redes sociais.

"Além de fazerem isso comigo, eles não atingiram só meu corpo, atingiram meu psicológico. Meu corpo está exposto, fico constrangida porque tá todo mundo passando olhando pra mim na rua, isso é muito feio, nunca aconteceu isso comigo, nunca fui conhecida por isso, não quero ter mídia, só quero minha vida de volta", disse a adolescente.
Na última segunda (6), Elivelton se manifestou nas redes sociais e disse que o caso foi uma 'brincadeira' que passou dos limites.
Sobre os depoimentos nas redes sociais, a delegada Mônica Areal esclareceu que a Polícia Civil tem comprometimento com a lei e se baseia em provas, fatos e não por meio de posts na internet.

"A vítima e o agressor tentaram resolver tudo na rede social, mas não adianta, a Polícia Civil tem comprometimento com a lei, não com likes. Nós analisamos as imagens e vimos que ele é culpado de estupro de vulnerável", explicou.
O que diz a dona da casa onde ocorreu o estupro?

Em depoimento, a dona da casa onde ocorreu o crime, Adriana de Souza Silva, mãe de uma amiga da vítima, também menor de idade, contou que soube do crime apenas dois dias depois e que não estava em casa no momento do estupro. Segundo ela, a vítima estava praticamente morando na sua residência há cerca de duas semanas.

"Eu não participei de nada, eu apenas tive a caridade de colocar essa menina dentro da minha casa por ser amiga da minha filha, esse foi meu único erro", disse.

No dia anterior ao crime, na última quinta-feira (2), Adriana contou que a menina chamou um amigo em comum das duas, que seria um dos suspeitos de cometer o estupro, para a casa dela. A dona da casa e esse amigo, maior de idade, teriam bebido seis latas de cerveja e depois o rapaz teria ido embora.

No entanto, Adriana explicou que saiu para trabalhar por volta das 4h  do dia seguinte e deixou a filha e a amiga em casa, sem imaginar que elas teriam chamado esse e outros meninos para o local após sua saída.

"Eu não imaginava que ela ia levar eles para dentro da minha casa, depois disso eu não sei mais o que aconteceu. Eu só soube dois dias depois, a mãe dela vivia falando que a filha dela não prestava. Eu não estava lá em nenhum momento, ela estava na minha casa há quase duas semanas e a mãe dela o tempo todo falando pra eu tirar ela da minha casa", disse.

A dona da casa culpou a vítima pelo ocorrido e pediu para que o nome dela seja retirado da história, pois alega não ter tido conhecimento do caso no momento em que estava acontecendo.
"Ela pegou minha confiança e destruiu a minha vida nessa brincadeira que ela aprontou na minha casa. Meu ex-marido pegou meu filho e os documentos, eu corro risco até de perder meu filho na Justiça por causa disso. Eu quero que ela tire meu nome desse meio, meu único erro foi colocar ela na minha casa, e eu bebi porque sou de maior, porque estava dentro da minha casa. Eu bebi só 4 latas e não duas caixas como ela falou, eu sou pai e mãe dos meus filhos", disse.
Investigações continuam
Na terça-feira (7), mais testemunhas prestaram depoimentos e confirmaram a versão da vítima.  Ainda de acordo com a delegada, as investigações continuam para esclarecer mais crimes como o ato de filmar e oferecer bebida alcoólica à vítima menor de idade.

"O principal crime é o estupro de vulnerável, mas eu falo para quem tá julgando a vítima que as cenas são deprimentes e dói em qualquer mulher", disse.

Elivelton vai ser encaminhado ao sistema prisional e em seguida passará por audiência de custódia. O outro suspeito, de 22 anos, que não teve o nome divulgado, ainda está sendo investigado. Ele desativou todas as redes sociais após as denúncias da adolescente.

"Estamos investigando o outro , a vítima foi para as redes sociais desabafar, ele viu isso, tirou as redes sociais dele e sumiu. Estamos tentando qualificá-lo", finalizou.

A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Elivelton da Silva Amorim. O espaço está aberto para manifestações.
 
 
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