Publicado 24/11/2023 15:17 | Atualizado 24/11/2023 16:37
Rio - A Justiça aceitou, nesta quarta-feira (22), a denúncia do Ministério Público do Rio (MPRJ) contra o segurança da Zara Henrique Durães Bernardes, acusado pelo crime de racismo. Segundo o MPRJ, no dia 18 de junho, o jogador de futebol Guilherme Quintino foi impedido de sair da loja do BarraShopping, na Zona Oeste, e obrigado a mostrar onde estavam as peças que havia desistido de comprar.
Assinada pelo juiz Tiago Fernandes de Barros, a decisão afirma que a denúncia do MPRJ contém a "exposição do fato criminoso com todas as suas circunstâncias". Por isso, o Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) instaurou uma ação penal e Henrique Bernardes deve responder, por escrito, a acusação em até 10 dias.
Naquele 18 de junho, o jogador estava acompanhado de sua namorada, Juliana Ferreira, e afirmou ter sido abordado de forma ríspida pelo segurança. "Saindo da loja de mãos vazias, sem nenhuma sacola, o segurança me fez retornar para mostrar onde eu havia deixado a ecobag com as peças que eu desisti de comprar", contou Guilherme.
O caso foi registrado na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que concluiu as investigações em outubro e também indiciou o segurança. Na denúncia, o MPRJ ainda pediu à Justiça a suspensão do funcionamento da unidade da Zara por três meses.
À época, o jogador Guilherme Quintino disse ao DIA que o episódio mexeu com seus familiares. "Eu fiquei muito chateado e minha família ficou bem abalada com tudo o que aconteceu. Fiquei constrangido e com a cabeça a mil. Agora estou mais tranquilo, focado na minha vida profissional e na minha carreira. Espero que a Justiça seja feita e ninguém mais passe por isso. É inaceitável uma pessoa ser discriminada pela cor e forma de se vestir".
O promotor de Justiça Alexandre Themístocles afirma que não restam dúvidas que o segurança praticou discriminação racial. "Ao se voltar contra a pessoa de raça negra, sem qualquer justificativa plausível e dando-lhe tratamento constrangedor e humilhante, o denunciado impôs ao consumidor restrições de locomoção e exigências desarrazoadas".
No dia 11 de julho, o DIA procurou a Zara e a empresa informou que "a abordagem relatada não é prática da companhia, bem como não reflete seu posicionamento e não admite qualquer ato de discriminação".
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