Delegado Ângelo Lages é o responsável pelas investigações Armando Paiva / Agência O Dia
Publicado 11/01/2024 11:57
Rio - A empresária Lindama Benjamin de Oliveira, de 58 anos, que morreu após se submeter a uma lipoaspiração com o cirurgião plástico Heriberto Ivan Arias Camacho em março do ano passado, poderia estar viva se tivesse sido transferida para um hospital no momento em que apresentou sintomas que não eram compatíveis com o procedimento estético. É o que explica o delegado Ângelo Lages, responsável pelas investigações. Segundo o titular da 12ª DP (Copacabana), como a paciente não tinha plano de saúde, o médico, preso nesta quinta-feira (11), queria mantê-la na clínica para não ter que arcar com as despesas hospitalares, que somariam R$ 10 mil.
De acordo com o delegado, na ocasião, Heriberto foi comunicado pela equipe de enfermagem que Lindama apresentava hipotensão, sudorese intensa, estava vomitando e não conseguia comer. No entanto, o cirurgião não tomou nenhuma atitude. "Quando a paciente não tem alta na hora prevista, ela deve ser transferida imediatamente para um hospital para ver o que está acontecendo. A chance de sobrevivência dela seria enorme e provavelmente seria detectado essas perfurações intestinais, ela se submeteria a uma cirurgia e provavelmente estaria viva, mas ele permaneceu inerte. O Heriberto queria manter ela ali porque ela não tinha plano de saúde e todas as despesas médicas dela deveriam ser bancadas por ele", explicou.
O laudo de exame de necropsia constatou que Lindama teve uma perfuração no intestino e hemorragia, sendo descrito perfuração em três pontos na borda intestinal. A vítima começou a ter complicações logo após o procedimento e só foi levada para o Hospital Semiu, na Zona Norte, horas depois já em estado grave. "Essa transferência deveria ser feita para Casa São Bernardo, que é um hospital que fica a 5 km da clínica que ela fez a lipo. Só a noite ele resolveu fazer a transferência, mas não para o Hospital São Bernardo, e sim para um hospital a 32 km de distância, em Vicente de Carvalho. Isso foi determinante para a morte dela, uma vez que ela morreu dentro da ambulância a caminho desse hospital", ressaltou o delegado. 
A lipoaspiração custou R$ 16 mil e a Clínica Vitée Cirurgia Plástica e Estética, onde ela permaneceu após os procedimentos, não tinha CTI e nem recursos para socorrer a paciente em caso de intercorrências. 
O cirurgião foi denunciado por homicídio triplamente qualificado, com dolo eventual, quando se assume o risco de matar. Segundo a polícia, além de Lindama, outras duas pacientes já haviam morrido após se submeterem a cirurgias com ele. Além disso, o médico responde a cinco processos cíveis por erros médicos durante os procedimentos.
O mandado de prisão contra o médico foi expedido nesta quarta-feira (10). No pedido, a juíza Tula Correa Mello informou que Heriberto, de forma livre e consciente, assumiu o risco de matar. "O denunciado, de forma livre e consciente, no exercício de sua profissão de médico, assumiu o risco de matar Lindama, causando-lhe as lesões corporais descritas nos exames de necropsia inicial e complementar, no exame histopatológico e demais laudos complementares acostados no bojo da investigação, as quais foram a causa única e eficiente de sua morte", escreveu. A defesa do médico terá 10 dias para apresentar provas e respostas.
Em um vídeo publicado nas redes sociais, Roselene Batista Jesus, irmã de Lindama, comemorou a notícia da prisão do médico. "Primeiramente, queria agradecer à Deus porque sem Ele nada seria possível, hoje eu acordei com a melhor notícia do mundo, foi decretada a prisão do Heriberto. Eu não tenho palavras para expressar o quanto eu tô feliz e o quanto a minha família está feliz. Eu sei que não vai trazer a minha irmã de volta, mas a justiça está sendo feita. Eu como profissional de saúda, sei que se ele tivesse feito alguma coisa para salvar a vida da minha irmã, ela estaria viva hoje", disse.
Publicidade
Leia mais