Jeander Vinícius da Silva Braga é um dos indiciados pela morte de Jeff MachadoCleber Mendes / Agência O Dia
Publicado 26/01/2024 19:03
Rio - O garoto de programa Jeander Vinicius da Silva Braga, réu pelo homicídio do ator Jeff Machado, negou envolvimento no crime e disse ter entrado em desespero ao ver o corpo da vítima. Em audiência de instrução e julgamento realizada nesta sexta-feira (26), a Justiça também ouviu cinco testemunhas, mas o produtor Bruno de Souza Rodrigues, que também responde pelo crime, se manteve em silêncio.
Jeander afirmou que foi contratado por Bruno para gravar um filme adulto com Jeff. No entanto, ao sair do banho, se assustou ao ver o corpo do ator com mãos e pés amarrados, além do fio em volta do pescoço.
"No momento eu entrei em desespero. O Bruno tirou o baú e mandou eu colocar o corpo do Jeff lá dentro. Depois me obrigou a dirigir o carro dele até o buraco da cisterna. Meu cérebro estava em piloto automático. Eu já tive passagem pela polícia, ninguém ia acreditar em mim", contou.
Jeander também relatou que foi ameaçado por Bruno, que aparentava estar tranquilo e disse ao garoto de programa que ele deveria colaborar. Caso contrário, o produtor o acusaria pelo crime. Com isso, ele recebeu R$ 300 para voltar a sua casa e reencontrou Bruno com objetivo de levar os cachorros a um pai de santo.
Durante a audiência, a defesa do produtor voltou a afirmar que houve um terceiro envolvido no crime além dos dois réus. O policial André Rosa, responsável pela busca de antenas de sinal dos celulares da vítima e dos acusados, afirmou que os três aparelhos estiveram juntos no dia do assassinato. Os advogados de Bruno, então, questionaram se ele identificou a presença de um quarto aparelho que estaria com os investigados, mas o agente negou.
Em relatório anexado ao inquérito, André afirmou que o celular de Jeff mostra que ele saiu de casa na manhã do dia 23 de janeiro de 2022, no Recreio dos Bandeirantes, e foi ao encontro de Bruno e Jeander, em Campo Grande. Por volta das 17h, os aparelhos retornaram para o Recreio.
A 1ª Vara Criminal do Rio também ouviu cinco testemunhas:
- Emanuelle Maciel Pinto: vizinha da quitinete onde o corpo de Jeff foi encontrado. Ela relatou que  que teve contato com o produtor Bruno entre janeiro e fevereiro, quando ele estava iniciando a obra no imóvel alugado. Segundo Emanuele, ela chegou a indicar um pedreiro para Bruno, já que também estava fazendo obra na sua casa. No entanto, depois de uns dias, antes do corpo de Jeff ser localizado, Bruno não apareceu mais no imóvel;
- Bruno Armonstrong: amigo íntimo do réu Bruno de Souza Rodrigues. Ele morou na quitinete alugada pelo réu por cerca de seis anos e foi a pessoa responsável por mediar o contato entre Bruno de Souza e a dona do imóvel para locação. A testemunha também afirmou que ficou surpresa ao descobrir o envolvimento do amigo no caso;
- Rosane Santos: proprietária da quitinete. Segundo ela, Bruno ofereceu comprar a quitinete depois que o corpo de Jeff foi encontrado enterrado no local. Rosane afirmou que o produtor não fez reparos internos na casa, apenas construiu um muro e cavou um buraco no quintal;
- Policial André Rosa: investigou o sinal dos celulares dos réus e da vítima pela Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA);
- Rodrigo Souza Borges: amigo de Jeander Vinicius da Silva Braga.
Relembre o caso
De acordo com as investigações da especializada, o ator Jeff Machado foi morto em 23 de janeiro de 2022 e, no dia 27, seu desaparecimento foi registrado, depois que familiares e amigos estranharam a falta de informações e contatos feitos por ele. A Polícia Civil conseguiu identificar a participação de Bruno e Jeander no crime e, junto com o MPRJ representaram pelas prisões, que foram decretadas pela Justiça do Rio e cumpridas em junho.
O inquérito apontou que o acusado dizia ser produtor de uma emissora de televisão e prometeu um papel em uma novela para Jeff, que pagou R$ 25 mil para conseguir a vaga. O ator não percebeu que estava sendo enganado e, por não conseguir mais manter a farsa, Bruno decidiu matá-lo. Segundo a DDPA, a vítima foi morta por motivo fútil, estrangulada com um fio de telefone após ser dopada e asfixiada. O corpo foi transportado por Jeander para uma casa em Campo Grande, alugada por Bruno em dezembro de 2022, exclusivamente para ocultar o cadáver da vítima.
Ainda de acordo com as investigações, o corpo foi colocado em um baú do próprio ator, enterrado a dois metros de profundidade e coberto de concreto. Jeander também foi o responsável por abrir o buraco onde o objeto com o cadáver foi colocado. Para encobrir o assassinato, Bruno usou o celular do artista e se passou por ele para manter contato com a mãe e amigos, além de ter feito publicações falsas em suas redes sociais.
Após o assassinato, os oito cachorros de Jeff foram levados para um centro espírita, no bairro Palmares, em Santa Cruz, na Zona Oeste, onde ficaram em condições de maus-tratos físicos e psicológicos. Depois, os animais foram abandonados na rua, o que despertou atenção dos parentes e amigos da vítima.
Jeander foi preso de junho, em Santíssimo, na Zona Oeste, durante uma ação da Delegacia de Descoberta de Paradeiros que tinha os suspeitos pelo crime como alvos. Já Bruno permaneceu foragido até o dia 15 do mesmo mês, quando foi preso pela Polícia Militar, em um hostel no Morro do Vidigal, Zona Sul, em uma operação conjunta com a Polícia Civil.
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