Rio - O produtor de TV Bruno de Souza Rodrigues, indiciado pelo crime de homicídio triplamente qualificado e ocultação do cadáver do ator Jefferson Machado Costa, dopou a vítima antes de assassiná-la com um fio de telefone. A informação foi passada pelo garoto de programa Jeander Vinicius da Silva Braga, preso nesta sexta-feira (2), durante oitiva na Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA), na Cidade da Polícia, Zona Norte do Rio.
Ainda de acordo com a titular da DDPA, o garoto de programa apontou que o responsável pela morte de Jeff, através de um estrangulamento por fio de telefone, foi Bruno, que havia dopado a vítima antes do cometimento do crime.
"Em sede policial, Jeander decidiu confessar e narrar a dinâmica do crime ocorrido no dia 23 de janeiro de 2023, no interior da residência do Jefferson. É importante ressaltar que aquilo que a investigação já tinha provado tecnicamente, de que Marcelo não existe, o Jeander confirmou. Os três personagens presentes na cena do crime eram a vítima, o Bruno e o Jeander. Segundo ele, o Bruno dopou o Jeff colocando uma substância entorpecente no suco e os três se dirigiram ao quarto do Jefferson. Não chegou sequer haver a filmagem do ato sexual. Tão logo o Jefferson adentrou em seu quarto ele foi, em razão de estar dopado, estrangulado com um fio de telefone pelo Bruno. A investigação segue em andamento. Existem outros fatos a serem esclarecidos", disse Souto.
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As investigações identificaram que o crime foi premeditado. Uma das linhas de investigação da especializada analisou que o suspeito enganou a vítima com a promessa dele estrelar uma novela, pedindo uma quantia de R$ 20 mil, que foi paga. O homicídio teria acontecido três dias antes da data que Jefferson acreditava que ia começar uma gravação para a novela.
O plano para o homicídio, segundo a delegada, teria iniciado no dia 30 de novembro do ano passado quando o produtor alugou a casa em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, onde posteriormente o corpo de Jeff foi encontrado dentro de um baú enterrado e concretado a dois metros de profundidade. A chefe das investigações afirmou que Bruno quis a todo momento demonstrar que o responsável pelo aluguel era o ator e não ele.
Bruno segue considerado foragido desde a noite desta quinta-feira (1º) após a Justiça expedir um mandado de prisão temporária contra ele. Na parte da manhã desta sexta-feira (2), os advogados do produtor estiveram na sede da DDPA, mas não deram informações sobre o paradeiro do cliente e nem negociaram a sua rendição.
Motivação
A delegada Elen Souto conseguiu identificar que o homicídio envolveu questões financeiras de Bruno. De acordo com a titular da DDPA, o produtor estaria com medo do que Jeff poderia fazer após o ator perceber que não tinha nenhuma gravação de novela, mesmo com o pagamento de R$ 20 mil. O assassinato teria sido motivado como forma de acobertar uma possível desmoralização que a vítima poderia causar contra ele depois de entender que Bruno não tinha nenhuma ligação com emissoras de TV.
"Nós podemos dar como motivação exclusivamente a questão financeira diante do valor que Jefferson teria pago para conseguir a vaga nessa novela, cerca de R$ 20 mil, que seria cobrado por ele uma vez que ele não iniciaria nenhuma gravação. Ainda há o receio dele ser desmoralizado, uma vez que o Bruno se apresentava como assistente de direção e uma pessoa influente no meio artístico", disse a delegada.
Somado aos fatos, a investigação ainda provou que Bruno tentou vender a casa e o carro de Jeff após o homicídio, mas não conseguiu. Já a participação de Jeander no crime aconteceu porque o garoto de programa tinha uma relação estreita com o produtor. O homem teria recebido R$ 500 de Bruno para manter a sua versão sobre a participação de um terceiro envolvido.
"Eles se relacionavam a muito tempo. Até mesmo após o cometimento do crime houve alguns encontros entre eles. O Jeander é um rapaz facilmente manipulável. É o que a gente percebeu na oitiva. O Bruno é um homem extremamente manipulador. Ele manipulou diversas testemunhas na construção dessa sua trama. O Jeander foi manipulado por ele para o cometimento desse crime. Embora ele negue que seja o autor, nós temos de fato ele na cena, ele participando da retirada dos cães de Jefferson da casa e em vários atos após o crime", completou a delegada.
"Vim aqui para entregar novos pensamentos de outros artigos, outros crimes que eles cometeram, para que a delegada investigue, como crimes de maus-tratos, falsa identidade, invadir dispositivo alheio, furto qualificado e estelionato. Então, nós trouxemos uma petição para que nesse término das investigações, a delegada também possa investigar esses crimes e imputar os acusados", contou Magalhães.
De acordo com a defesa, os familiares do ator consideram Bruno como o principal mentor e responsável pelo plano que terminou com o homicídio de Jeff. Uma das linhas de investigação da especializada analisou que o suspeito enganou a vítima com a promessa dele estrelar uma novela, pedindo uma quantia de R$ 20 mil, que foi paga.
Desde o encontro do cadáver, a suspeita sobre Bruno foi aumentando. O produtor teria ficado com a chave da casa de Jeff e com alguns pertences depois do desaparecimento, o que chamou atenção dos investigadores. Uma fatura bancária do ator entregue à Polícia Civil, nesta segunda-feira (29), indicou que o cartão de crédito dele foi usado após o seu desaparecimento. De acordo com o boleto de fevereiro de 2023, foram feitas quatro transações entre os dias 23 e 26 de janeiro, mesmo período em que a investigação acredita ter ocorrido a morte do ator. A movimentação suspeita é de R$ 5.392,02.
Nesta quinta-feira (1º), o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) requereu a prisão temporária de Bruno e Jeander, depois de analisar que o crime teria sido premeditado pela dupla. "Os ora indiciados são suspeitos de praticarem os crimes de homicídio e de ocultação de cadáver contra Jefferson, aproveitando-se do momento em que mantinham relação sexual com a vítima para pôr em prática plano criminoso, estrangulando-a e colocando o seu cadáver em um baú, para, posteriormente, ocultá-lo no terreno do imóvel alugado por Bruno, onde o enterraram e concretaram a cerca de dois metros de profundidade", escreveu o promotor Sauvei Lei.