Rio - O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) pediu, nesta quinta-feira (1º), a prisão temporária de Bruno de Souza Rodrigues e de Jeander Vinícius da Silva Braga, indiciados pelo homicídio qualificado e ocultação de cadáver do ator Jefferson Machado Costa. Na última segunda-feira (29), a Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) havia solicitado ao órgão a prisão de ambos.
De acordo com o pedido de prisão assinado pelo promotor Sauvei Lai, da 3ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada do Núcleo Rio de Janeiro, o crime foi premeditado por Bruno, com auxílio de Jeander.
"Os ora indiciados são suspeitos de praticarem os crimes de homicídio e de ocultação de cadáver contra Jefferson, aproveitando-se do momento em que mantinham relação sexual com a vítima para pôr em prática plano criminoso, estrangulando-a e colocando o seu cadáver em um baú, para, posteriormente, ocultá-lo no terreno do imóvel alugado por Bruno, onde o enterraram e concretaram a cerca de dois metros de profundidade", diz o pedido de prisão.
Uma das linhas de investigação aponta que o ator teria sido enganado por Bruno com a promessa de entrar em uma novela e que havia pedido R$ 20 mil para isso.
Uma fatura bancária de Jeff Machado entregue à Polícia Civil, nesta segunda-feira (29), indica que o cartão de crédito do ator foi usado após o seu desaparecimento. De acordo com o boleto de fevereiro de 2023, foram feitas quatro transações entre os dias 23 e 26 de janeiro, mesmo período em que a polícia acredita ter ocorrido a morte do ator. A movimentação suspeita é de R$ 5.392,02.
Bruno e Jeander, indiciados pela morte de Jeff Machado, confessaram que ajudaram a ocultar o corpo do ator, mas negaram que seriam os responsáveis pela morte. A dupla afirma que o homicídio aconteceu por uma uma terceira pessoa, o que é rebatido pela polícia.
Bruno Rodrigues afirmou que participaram do vídeo Jeff, Jeander e Marcelo, apontado pelo suspeito como um rapaz com o qual o ator se relacionaria. De acordo com a Polícia Civil, no entanto, apenas Bruno e Jeander são suspeitos de matar e ocultar o cadáver do ator. O nome de Marcelo seria uma invenção da dupla.
"No dia 23 de janeiro, nós marcamos a gravação do vídeo. Ele (Jeff) me pediu ajuda porque sabia que eu trabalhava com isso. Eu levei o Jeander para participar da gravação e ele chamou o Marcelo", explicou Bruno no material divulgado por sua defesa. O suspeito trabalhou na TV Globo até 2018, quando foi demitido.
O produtor afirmou que, após a gravação, ele desceu para a cozinha e, pouco tempo depois, Marcelo e Jeander surgiram com Jeff já morto. "O Jeander estava desesperado, e o Marcelo estava agressivo, ameaçando e dando ordens. Caso não fizéssemos o que ele pedisse, ele afirmou que faria o mesmo com a gente", disse.
Em seguida, segundo Bruno, Marcelo teria pedido para ele e Jeander colocarem o corpo de Jeff no baú e no porta-malas do carro do ator. "Saímos dali e passamos por uma blitz, onde fomos multados. No meio do caminho, o Marcelo pediu para descer do carro, mas nós seguimos até a casa onde o corpo foi enterrado. Chegando lá, o Jeander começou a cavar, colocou o baú e no final, concretou com cimento", afirmou. A casa onde estava o corpo do ator foi alugada por Bruno em dezembro do ano passado.
Ainda de acordo com informações de Bruno, Marcelo pediu para que ele ficasse em contato com a família de Jeff, em Santa Catarina, e inventasse uma história de que ele teria ido para São Paulo a trabalho. Por fim, no vídeo, Bruno afirmou que Jeff pode ter sido morto porque supostamente tinha HIV e, durante uma relação sexual sem preservativo com Marcelo, teria passado o vírus para ele.
Investigações
A versão dada por Jeander e Bruno foi descartada pela Polícia Civil. De acordo com a corporação, apenas os dois são os suspeitos de matar e ocultar o cadáver do ator. As investigações apontam que Marcelo não existe.
"A própria polícia já desmentiu a presença dessa terceira pessoa. Com base nos elementos de provas do inquérito policial, é claro que eles tentam colocar uma terceira pessoa no cenário, mas a narrativa deles não se constrói como sendo a verdadeira", explica Jairo Magalhães, advogado da família de Jeff.
Ainda de acordo com a defesa do ator, as atitudes de Jeander e Bruno demonstraram que a versão dada pelos suspeitos não é a verdadeira. "Primeiro eles falam que tinham medo dessa terceira pessoa, correram da imprensa quando foi depor, mas depois procuram a imprensa para citar essa pessoa, mesmo sem dar informações concretas", explica o advogado.
Questionado, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) ainda não respondeu se aceitou o pedido do MPRJ.
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