Rio - A Justiça do Rio deu início à terceira audiência do processo da morte do ator Jeff Machado no início da tarde desta sexta-feira (26), na 1ª Vara Criminal do Rio. Os réus, Bruno de Souza Rodrigues e Jeander Vinicius da Silva Braga, serão interrogados durante a sessão.
A primeira testemunha ouvida foi Emanuele Maciel Pinto, vizinha da quitinete onde o corpo do ator foi encontrado. Em depoimento, ela disse que teve contato com o produtor Bruno entre janeiro e fevereiro, quando ele estava iniciando a obra no imóvel alugado.
Segundo Emanuele, ela chegou a indicar um pedreiro para Bruno, já que também estava fazendo obra na sua casa. No entanto, depois de uns dias, antes do corpo de Jeff ser localizado, Bruno não apareceu mais no imóvel.
A segunda testemunha a prestar depoimento foi um dos melhores amigos do produtor, Bruno Armstrong. A testemunha morou na quitinete alugada pelo réu por cerca de seis anos e foi a pessoa responsável por mediar o contato entre Bruno de Souza e a dona do imóvel para locação.
Ainda segundo ele, descobrir que o amigo foi o responsável pela morte o deixou muito surpreso. "Bruno sempre foi muito alegre, extrovertido, mas em janeiro ele começou a ficar mais preocupado, estava estranho. Ele falava que não tinha nenhuma relação com o crime, mas a história que ele contava parecia estar sempre faltando alguma coisa", relatou.
Ainda segundo Bruno, o réu era considerada uma pessoa muito influente no meio artístico, com passagens pela Record e TV Globo.
A terceira testemunha a ser ouvida é a dona do imóvel.
Na primeira sessão, em outubro do ano passado, foram ouvidas o inspetor da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA), Igor Rodrigues Bello, a mãe e o irmão do ator, Maria das Dores Estevam e Diego Machado Costa, respectivamente. Na segunda etapa, outras cinco pessoas foram ouvidas.
A expectativa do advogado Jairo Rodrigues, que representa a família da vítima, é que essa seja a última audiência do caso. "É a terceira, mas esperando que seja a última, com os interrogatórios. Que se encerre a instrução criminal e que com todas as provas já contidas, provas técnicas, testemunhas, Jeander e Bruno sejam pronunciados e encaminhados ao Júri", disse em entrevista ao DIA.
Relembre o caso
De acordo com as investigações da especializada, o ator Jeff Machado foi morto em 23 de janeiro e, no dia 27, seu desaparecimento foi registrado, depois que familiares e amigos estranharam a falta de informações e contatos feitos por ele. A Polícia Civil conseguiu identificar a participação de Bruno e Jeander no crime e, junto com o MPRJ representaram pelas prisões, que foram decretadas pela Justiça do Rio e cumpridas em junho.
O inquérito apontou que o acusado dizia ser produtor de uma emissora de televisão e prometeu um papel em uma novela para Jeff, que pagou R$ 25 mil para conseguir a vaga. O ator percebeu que estava sendo enganado e, por não conseguir mais manter a farsa, Bruno decidiu matá-lo. Segundo a DDPA, a vítima foi morta por motivo fútil, estrangulada com um fio de telefone após ser dopada e asfixiada. O corpo foi transportado por Jeander para uma casa em Campo Grande, alugada por Bruno em dezembro de 2022, exclusivamente para ocultar o cadáver da vítima.
Ainda de acordo com as investigações, o corpo foi colocado em um baú do próprio ator, enterrado a dois metros de profundidade e coberto de concreto. Jeander também foi o responsável por abrir o buraco onde o objeto com o cadáver foi colocado. Para encobrir o assassinato, Bruno usou o celular do artista e se passou por ele para manter contato com a mãe e amigos, além de ter feito publicações falsas em suas redes sociais.
Após o assassinato, os oito cachorros de Jeff foram levados para um centro espírita, no bairro Palmares, em Santa Cruz, na Zona Oeste, onde ficaram em condições de maus-tratos físicos e psicológicos. Depois, os animais foram abandonados na rua, o que despertou atenção dos parentes e amigos da vítima.
Jeander foi preso de junho, em Santíssimo, na Zona Oeste, durante uma ação da Delegacia de Descoberta de Paradeiros que tinha os suspeitos pelo crime como alvos. Já Bruno permaneceu foragido até o dia 15 do mesmo mês, quando foi preso pela Polícia Militar, em um hostel no Morro do Vidigal, Zona Sul, em uma operação conjunta com a Polícia Civil.
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