Policial Vaneza Lobão, de 31 anos, foi assassinada na porta de casa, em Santa Cruz, na Zona Oeste do RioReprodução
Publicado 08/02/2024 18:26 | Atualizado 08/02/2024 18:30
Rio - O subtenente Leonardo Vinicio Affonso, preso por suspeita de envolvimento na morte da policial militar Vaneza Lobão, de 31 anos, estaria recebendo R$ 5 mil por semana da milícia de Luiz Antônio da Silva Braga, o Zinho, para repassar detalhes confidenciais sobre ações policiais em Santa Cruz, em 2023. A informação foi obtida pela Polícia Civil durante as investigações do assassinato da agente.
Na época, o setor de Inteligência da 8ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM), onde Vaneza era lotada, também recebeu denúncias de que o subtenente estaria operando um drone para a milícia e foi visto em uma reunião com a cúpula de Zinho em uma comunidade de Santa Cruz. Diante da suspeita de envolvimento, o PM foi afastado e, por ser lotado na Corregedoria, teve a chance de escolher para onde gostaria de ir. Leonardo pediu, então, para ser transferido para o 27º BPM (Santa Cruz), reduto da milícia de Zinho.
Na última quarta-feira (7), Leonardo e o subtenente Wilson Sander Lima, lotado na P-2 (serviço reservado) do 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes), foram presos por suspeita de envolvimento na morte da policial militar. A DHC descobriu que Leonardo Vinicio Affonso fazia consultas frequentes ao CPF de Vaneza, com o objetivo de verificar o endereço dela, a placa do carro usado pela agente e o itinerário que ela fazia. Ao todo, Leonardo fez 35 consultas.
Wilson Sander também foi preso pelo mesmo motivo, no entanto, foi solto nesta quinta-feira (8). Em depoimento, ele explicou e comprovou que era parte de seu trabalho monitorar o veículo da vítima, uma vez que o veículo costumava ficar estacionado no batalhão em que o militar trabalhava. Ainda segundo a polícia, foi concluído, então, "que não há mais suspeita sobre o subtenente". Wilson chegou a fazer 12 consultas pelo nome da vítima.
Munições usadas no crime eram da PM
Segundo as investigações, as munições usadas pelo criminoso para matar Vaneza Lobão, em novembro do ano passado, foram desviadas da própria corporação. O atirador estava com uma pistola .40 com munição da PM do ano de 2009 e que foi entregue exclusivamente ao 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes). Foi concluído, então, que as munições usadas no crime foram desviadas entre 2009 até 2023 por alguém lotado no batalhão ou que ainda trabalhe lá.
A hipótese do executor ser um policial ganhou ainda mais força após a análise do modus operandi do criminoso no momento dos disparos. Nas imagens, o executor aparentava ter treinamento tático, tendo, em um determinado momento do ataque, feito uma troca de fuzil para pistola de forma rápida e técnica.
Relembre o caso
A cabo Vaneza Lobão morreu na porta de casa, em Santa Cruz, na Zona Oeste, no fim da noite do dia 24 de novembro de 2023. O crime aconteceu na Rua Passo da Pátria, quando a policial, que estava de folga, teve seu carro atacado por bandidos encapuzados armados com fuzis.
Na época, a PM informou que os autores dos disparos que mataram a policial estavam em um carro preto e fugiram logo na sequência. A corporação destacou que o grupo, inclusive, já aguardava por Vaneza na porta da sua residência quando ela saía em seu carro. A policial foi sepultada no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, também na Zona Oeste. Durante a cerimônia, o secretário de Estado de Polícia Militar, coronel Luiz Henrique Marinho Pires, afirmou que o combate e a repressão contra a milícia e o tráfico iria aumentar devido ao assassinato.
Vaneza era lotada na 8ª (DPJM) e estava na PM desde 2013, tendo 10 anos de corporação. Ela trabalhava em um setor dedicado ao monitoramento de grupos de milicianos e contraventores, com o objetivo de elaborar relatórios a respeito dessas organizações criminosas que atuam principalmente na Zona Oeste do Rio.
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