Vaneza Lobão, de 31 anos, monitorava milicianos em seu trabalho na Polícia MilitarReprodução/Redes sociais

Rio - A Justiça do Rio determinou nesta quinta-feira (8) a soltura do subtenente Wilson Sander Lima, um dos policiais militares presos por suspeita de envolvimento na morte da policial militar Vaneza Lobão, de 31 anos. Sander é lotado na P-2 (serviço reservado) do 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes) e foi preso na terça-feira (6) juntamente com o subtenente Leonardo Vinicio Affonso, lotado no 27º BPM (Santa Cruz), após a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) identificar que eles fizeram 47 buscas pelo nome da vítima entre 2022 e 2023. Vaneza era lotada na 8ª (DPJM) e trabalhava em um setor dedicado ao monitoramento de grupos de milicianos e contraventores.
Segundo a Polícia Civil, a DHC representou pela soltura após Sander explicar e comprovar em depoimento que era parte de seu trabalho monitorar o veículo da vítima, uma vez que o veículo costumava ficar estacionado no batalhão em que o militar trabalhava. Ainda segundo a polícia, foi concluído, então, "que não há mais suspeita sobre o subtenente". "A investigação continua para apurar o envolvimento de outras pessoas no crime", informou a Civil. A soltura foi expedida pela 2ª Vara Criminal do Rio. O subtenente Leonardo Vinicio Affonso permanece preso.
Os nomes dos dois PMs foram citados nas investigações da DHC após o núcleo identificar que ambos os agentes fizeram, juntos, 47 pesquisas pelo nome de Vaneza entre 2022 e 2023, através do sistema do governo do Rio. Segundo as investigações, os agentes queriam colher informações sobre sua rotina e seu endereço. Wilson fez 12 consultas pelo veículo usado por Vaneza, já Leonardo fez 35 consultas, todas também pelo veículo usado pela agente. 
Vaneza, assim como outros policiais do setor de inteligência, não tinha o costume de transferir o seu veículo para o próprio endereço. No entanto, no dia 10 de novembro do ano passado, a PM trocou de carro e incluiu o seu endereço pessoal no cadastro. Catorze dias depois ela foi assassinada.
Munições usadas eram da PM
Segundo as investigações, as munições usadas pelo criminoso para matar a policial Vaneza Lobão, em novembro do ano passado, foram desviadas da própria corporação. O atirador estava com uma pistola .40 com munição da PM do ano de 2009 e que foi entregue exclusivamente ao 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes). Foi concluído, então, que as munições usadas no crime foram desviadas entre 2009 até 2023 por alguém lotado no batalhão ou que ainda trabalhe lá.
A hipótese do executor ser um policial ganhou ainda mais força após a análise do modus operandi do criminoso no momento dos disparos. Nas imagens, o executor aparentava ter treinamento tático, tendo, em um determinado momento do ataque, feito uma troca de fuzil para pistola de forma rápida e técnica.
O caso
A cabo Vaneza Lobão morreu na porta de casa, em Santa Cruz, na Zona Oeste, no fim da noite do dia 24 de novembro de 2023. O crime aconteceu na Rua Passo da Pátria, quando a policial, que estava de folga, teve seu carro atacado por bandidos encapuzados armados com fuzis.
Na época, a PM informou que os autores dos disparos que mataram a policial estavam em um carro preto e fugiram logo na sequência. A corporação destacou que o grupo, inclusive, já aguardava por Vaneza na porta da sua residência quando ela saía em seu carro. A policial foi sepultada no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, também na Zona Oeste. Durante a cerimônia, o secretário de Estado de Polícia Militar, coronel Luiz Henrique Marinho Pires, afirmou que o combate e a repressão contra a milícia e o tráfico iria aumentar devido ao assassinato.
Vaneza era lotada na 8ª (DPJM) e estava na PM desde 2013, tendo 10 anos de corporação. Ela trabalhava em um setor dedicado ao monitoramento de grupos de milicianos e contraventores, com o objetivo de elaborar relatórios a respeito dessas organizações criminosas que atuam principalmente na Zona Oeste do Rio.