Publicado 01/03/2024 19:11
Rio - A Polícia Militar, por meio do 5° BPM (Praça da Harmonia), realizou na tarde desta sexta-feira (1º) uma operação contra a receptação de celulares no camelódromo da Uruguaiana, no Centro do Rio. Ao todo, 583 aparelhos celulares sem nota fiscal foram apreendidos pelos agentes. Outros sete tablets e diversas carcaças de celular ainda não contabilizadas também foram apreendidos na ação.
Segundo a PM, 12 pessoas foram conduzidas à 5ª DP (Mem de Sá), entre elas vendedores ambulantes que atuam no camelódromo e responsáveis pelos boxes. Outros proprietários de lojas no interior do camelódromo fugiram no momento da chegada das equipes do 5º BPM.
A PM reforçou que todo o material apreendido não possui ordem de serviço para venda. A operação de inteligência aconteceu dois dias depois do prefeito do Rio, Eduardo Paes, anunciar a proibição de ambulantes nas ruas da Uruguaiana. Paes afirma que há provas de que grande parte dos celulares roubados na cidade do Rio são comercializados nesta região.
A Polícia Civil também já afirmou que há diversos inquéritos em andamento que investigam a venda de celulares roubados no local. O secretário de Ordem Pública do Rio (Seop), Brenno Carnevale, reforçou, na última quinta-feira (29), que relatórios de inteligência da secretaria comprovaram a venda de mercadoria ilegal, produto de roubo e furto. O documento esclarece a existência de um mercado irregular na Uruguaiana, dando conta da comercialização de aparelhos celulares com origem duvidosa e ilícita.
A restrição mencionada por Paes diz respeito aos ambulantes que vendem produtos nas ruas da Uruguaiana. Os camelôs que possuem boxes no camelódromo do local poderão continuar. Esse fato levantou questionamentos dos próprios camelôs e frequentadores da feira. Segundo eles, a proibição afeta somente os ambulantes que estão nas ruas, mas a venda dos celulares estaria acontecendo também nos boxes.
Movimentos rebatem decisão
O Movimento Unido dos Camelôs (Muca-RJ) e o Fórum Popular de Segurança Pública do estado do Rio de Janeiro afirmam que a ação é uma forma de criminalizar e perseguir a classe dos camelôs na cidade. Os movimentos pedem que haja diálogo entre as autoridades e representantes dos ambulantes, a fim de encontrar soluções para a situação.
"É lamentável que a gestão municipal opte por estigmatizar todos os camelôs da região, sem distinção e numa promoção que visa marginalizar a categoria na totalidade. Ao invés de promover a exclusão e marginalização desses trabalhadores, acreditamos que as autoridades deveriam buscar soluções mais inclusivas e que atendam às necessidades de todos os envolvidos. A simples remoção dos camelôs acusados de irregularidades não resolve o problema subjacente e apenas transfere essa situação para outras áreas, sem oferecer alternativas viáveis para esses trabalhadores", informou o movimento Muca-RJ por meio de um comunicado.
Para o Fórum Popular de Segurança Pública do Rio, a decisão expõe um racismo institucional por parte do governo. "Hoje, o prefeito Eduardo Paes em suas redes sociais destilou todo seu ódio de classe e raça. Recentemente o prefeito também criminalizou os camelôs e o espaço da Feira de Acari, suscitando falas da classe artista de que a Feira é patrimônio desta cidade e de solidariedade à classe trabalhadora", informou o movimento.
Ambos os movimentos afirmaram que permanecerão firmes na defesa dos direitos e interesses da categoria. "Não aceitaremos ser tratados com preconceito e negligência por parte das autoridades, e continuaremos nossa luta por uma cidade mais justa e solidária para todos", disse o Muca-RJ.
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