Publicado 13/03/2024 20:21
Rio - Imagens de uma câmera de segurança instalada dentro do ônibus sequestrado na Rodoviária do Rio mostram que Paulo Sérgio de Lima, ao aparecer na janela, usou duas mulheres como escudo humano a fim de se proteger de possíveis tiros de sniper. O sequestrador fez 16 pessoas reféns dentro do coletivo, nesta terça-feira (12), e só se entregou após uma intensa negociação de agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope). A rendição levou três horas.
As gravações, obtidas pelo RJ2, também mostram Paulo Sérgio tentando entregar a arma para um passageiro. Em depoimento, ele disse ter pensado que o homem era um policial. Ele desiste de entregar a arma e começa a disparar pela janela do ônibus.
O sequestrador já tinha dito à polícia que os disparos foram feitos porque viu uma pessoa correndo do lado de fora. É nesse momento que as investigações apontam que ele tenha acertado Bruno Lima da Costa, alvo de três tiros que atingiram o coração, pulmão e baço. O petroleiro tem estado de saúde considerado crítico, mas estável.
Depois de passar a noite na 4ª DP, Paulo Sérgio foi encaminhado para a Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte, onde vai passar por audiência de custódia. Na saída da delegacia, ele lamentou: "Minha tarde foi interrompida pelos policiais. Me atrapalharam os policiais. Quatro civis disfarçados atrapalharam a minha viagem".
Paulo Sérgio disse que achava estar cercado por policiais desde o momento em que comprou a passagem. Ele explicou que era ligado ao Comando Vermelho na Muzema, que -teria participado de um roubo a van e atirado contra traficantes da Rocinha, na Zona Sul, onde ele morava, no último domingo (10). Estes episódios teriam resultado na tentativa de fuga do homem para Juiz de Fora, em Minas Gerais, e, consequentemente, no sequestro ao coletivo.
A polícia, porém, ainda investiga essa versão. De acordo com o delegado titular da 4ª DP, Mário Jorge de Andrade, existem algumas questões que podem ter levado Paulo Sérgio a cometer o crime. Uma delas é o roubo a van. Então, durante a fuga na rodoviária, ele se sentiu perseguido e confundiu um passageiro com um policial.
"Ao efetuar o pagamento da passagem, ele tirou um pacote de dinheiro e achou que chamou a atenção das pessoas que estavam no local, que, na sua visão, eram policiais. Quando o ônibus estava saindo da rodoviária, houve uma falha mecânica. Então, o motorista pediu auxílio e saiu do coletivo. Neste momento, [o sequestrador] achou que 'policiais' iriam pegá-lo. No entanto, entraram passageiros e ele fez menção de entregar a arma, como se as pessoas fossem da polícia. Um deles se assustou, saiu correndo e foi baleado", pontuou o delegado.
Nesta terça-feira, quando aconteceu o episódio na rodoviária, imagens de uma câmera de segurança do guichê da Viação Sampaio, empresa responsável pelo ônibus sequestrado, registraram o momento em que o criminoso comprou a passagem com dinheiro em espécie, faltando pouco mais de 40 minutos para o embarque.
Relembre o sequestro
Agentes do Bope foram acionados, na tarde desta terça-feira, para uma ocorrência com feridos e reféns na Rodoviária do Rio. Segundo as primeiras informações, um criminoso armado, identificado como Paulo Sérgio Lima, fez 16 passageiros reféns dentro de um ônibus da Viação Sampaio, na plataforma central, por volta das 15h.
Testemunhas afirmaram que houve um intenso tiroteio no local pouco antes das 15h. De acordo com a concessionária que administra a rodoviária, o coletivo tinha como destino final a cidade de Juiz de Fora, em Minas Gerais. "Imediatamente acionamos as autoridades policiais e bombeiros", informou a empresa, na ocasião. Em razão do sequestro, a segunda maior rodoviária da América Latina teve que ser completamente esvaziada.
Equipes do Bope tentaram negociar com o criminoso que se manteve dentro do coletivo com passageiros. Equipes do Batalhão de Policiamento em Áreas Turísticas (BPTur), do 4º BPM (São Cristóvão) e do 5º BPM (Praça da Harmonia) intensificaram o policiamento no local.
Por volta das 16h30, o coronel Marco Andrade, porta voz da PM, disse que o criminoso ainda não tinha feito contato com os negociadores, também não fez exigências e estava com um celular. Às 17h55, o sequestrador se entregou.
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