Publicado 14/03/2024 12:02
Rio - Amigos, parentes de Marielle Franco e Anderson Gomes e representantes de movimentos sociais lotaram a Igreja Nossa Senhora do Parto, no Centro do Rio, na manhã desta quinta-feira (14), seis anos após o assassinato da ex-vereadora e do motorista. A missa, celebrada pelos padres Nitaldo e Gegê, além do Frei Tatá, teve início às 10h e foi marcada por pedidos de justiça e pelo fim de mortes de jovens negros e periféricos.
"O crime de Marielle foi dar visibilidade aos nossos invisíveis. Já são seis anos, e há casos de mães com mais de 30 anos sem respostas", afirmou o padre Nitaldo.
"O crime de Marielle foi dar visibilidade aos nossos invisíveis. Já são seis anos, e há casos de mães com mais de 30 anos sem respostas", afirmou o padre Nitaldo.
A mãe de Marielle Franco, Marinete Silva, a irmã, a ministra Anielle Franco, e Ana Paula, mãe do jovem Johnatha, que foi morto com um tiro nas costas durante operação em Manguinhos em 2014, foram convidadas a fazerem as preces da cerimônia. Elas pediram respeito aos mortos e que todas as mães possam ter o direito de ver seus filhos crescerem.
"Minha prece é por mais responsabilidade, especialmente do Estado do Rio de Janeiro. O que fizeram com minha filha e com seu filho, Ana Paula, é inaceitável. Estamos na Igreja da Nossa Senhora do Parto, e peço para que nossos filhos possam ter vida longa", afirmou a advogada Marinete Silva.
A ministra da Igualdade Racial Anielle Franco pediu para que a população não aceite o fato de que mães ou pais fiquem sem seus filhos. "Que a gente não naturalize nenhum corpo tombado nesse país. Que a gente consiga humanizar as nossas lutas. Sempre foi impossível dialogar com o obscuro. Rogo para que a gente não normalize uma criança de 4 anos espancada, um veredito como a Ana Paula teve, uma deputada agredida e xingada, a dor de ver uma mulher negra eleita morta e as pessoas se acharem no direito de fazer piadas", ressaltou a ministra.
Mãe de Johnatha, Ana Paula também cobrou justiça. "Que nenhum filho tombe por conta da cor da sua pele, por conta da sua luta, pelo local onde more. Para que nenhuma mulher preta tenha que perder seus filhos. Para que todas as mães, pais, não percam a confiança na sua luta. Minha prece é para que Marielle e nossos filhos não sejam mais criminalizados", pediu.
Na semana passada, familiares de Johnatha fizeram um protesto em frente ao Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) após o policial militar Alessandro Marcelino de Souza, responsável pelo tiro que matou o jovem, ser condenado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar.
O coletivo de mães de vítimas de violência ocupou três fileiras à frente, na igreja, e estendeu uma faixa pedindo justiça para crimes cometidos por policiais e outros agentes públicos.
O coletivo de mães de vítimas de violência ocupou três fileiras à frente, na igreja, e estendeu uma faixa pedindo justiça para crimes cometidos por policiais e outros agentes públicos.
Protestos no Buraco do Lume e Câmara Municipal
Após a missa, os protestos continuaram em uma caminhada iniciada no Buraco do Lume, no Centro do Rio, em frente ao monumento à Marielle Franco, e seguiu para a Câmara Municipal. Familiares da vereadora e de Anderson Gomes seguiram cobrando esclarecimentos do assassinato dos dois, mas também de outras vítimas de violência de estado.
Uma miscelânea de cartazes com homenagens a outras vítimas foi estendida aos pés da escultura. "Me pergunto se todos esses casos vão ficar sem respostas, invisíveis. A gente tem que se indignar muito mais e não só no dia 14 de março, mas agradeço a quem está aqui. Não sei como faria sozinha", declarou Agatha Arnaus Reis, viúva de Anderson Gomes.
O pai de Marielle Franco, Antônio Francisco da Silva Neto, também cobrou respostas: "Para nós, não importa se o governo é de direita ou esquerda", ressaltou.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, apontou a violência política de gênero e raça da qual sua irmã foi vítima: "A gente não pode naturalizar as fotos que estão aqui. Toda vez que tentam matar uma liderança no nosso país, tentam apagar nossas cabeças", emocionou-se.
A filha de Marielle Franco, Luyara Franco, afirmou que seis anos é tempo demais para a família: "É tempo demais para dor, pra saudade e pra justiça. É inadmissível que nossa família não saiba quem mandou matar, que os executores não tenham ido ao júri popular. Vamos lutar e ser continuidade do sonho dela", afirmou.
Uma miscelânea de cartazes com homenagens a outras vítimas foi estendida aos pés da escultura. "Me pergunto se todos esses casos vão ficar sem respostas, invisíveis. A gente tem que se indignar muito mais e não só no dia 14 de março, mas agradeço a quem está aqui. Não sei como faria sozinha", declarou Agatha Arnaus Reis, viúva de Anderson Gomes.
O pai de Marielle Franco, Antônio Francisco da Silva Neto, também cobrou respostas: "Para nós, não importa se o governo é de direita ou esquerda", ressaltou.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, apontou a violência política de gênero e raça da qual sua irmã foi vítima: "A gente não pode naturalizar as fotos que estão aqui. Toda vez que tentam matar uma liderança no nosso país, tentam apagar nossas cabeças", emocionou-se.
A filha de Marielle Franco, Luyara Franco, afirmou que seis anos é tempo demais para a família: "É tempo demais para dor, pra saudade e pra justiça. É inadmissível que nossa família não saiba quem mandou matar, que os executores não tenham ido ao júri popular. Vamos lutar e ser continuidade do sonho dela", afirmou.
Na escadaria da Câmara Municipal do Rio, familiares se posicionaram com cartazes em homenagem às vítimas de violência e proferiram falas. Entre elas, a avó de Kathlen Romeu, Sayonara de Fátima Queiroz, emocionou-se: "Não é justo a gente ter nossos netos e bisnetos tirados de nossas vidas".
A vereadora Monica Cunnha (Psol) ressaltou em seu discurso que outra maneira de fazer justiça à Marielle Franco é aprovar os projetos de lei propostos pela vereadora executada em março de 2018. Ela também estimulou que o parlamento seja ocupado por mulheres como Marielle.
A vereadora Monica Cunnha (Psol) ressaltou em seu discurso que outra maneira de fazer justiça à Marielle Franco é aprovar os projetos de lei propostos pela vereadora executada em março de 2018. Ela também estimulou que o parlamento seja ocupado por mulheres como Marielle.
*Colaborou Gabriel Salotti
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.