Publicado 14/03/2024 18:48
Rio - O Instituto Marielle Franco realizou nesta quinta-feira (14) o Festival Justiça por Marielle Franco e Anderson Gomes, na Praça Mauá, no Centro do Rio. O evento, também realizado em anos anteriores, aconteceu na data em que marca os seis anos do assassinato da vereadora e do motorista. A programação contou com shows, oficinas e exposições gratuitos ao público.
Segundo os organizadores, o evento busca trazer à tona a vida e o legado de Marielle. Para isso, o Festival contou com a presença de diversos artistas como as cantoras Urias e Ebony, e o cantor Delacruz. Acontece, desde às 17h desta quinta-feira (14), uma oficina de bordado, exposições abertas para visitação com obras em homenagem à vereadora no Museu do Amanhã, recreação infantil no Museu de Arte do Rio e Espaço das Sementes.
Confira a programação na íntegra:
Ao DIA, Valdirene Fernandes, falou sobre a importância do evento para manter vivo o legado de Marielle Franco. "Está sendo muito importante pelo que Marielle representou, pois mataram ela com 13 tiros. Uma vereadora no auge da candidatura na Câmara do Rio de Janeiro. Não podemos deixar esquecerem esse dia 14 de março. Até quando a violência de gênero vai acontecer? Até quando mães como a dona Marinete e a mãe do jovem Johnatha de Oliveira Lima, Ana Paula, vão ter que chorar a morte dos seus filhos? Nós queremos resposta do governo para saber quem mandou matar Marielle e o motivo", disse Valdirene.
Para Lígia Batista, Diretora-Executiva do Instituto Marielle Franco, a realização do evento é mais uma oportunidade de cobrar das autoridades uma resposta sobre os assassinatos e manter vivo o legado de Marielle. "A sociedade brasileira tem a oportunidade de mostrar para o mundo todo que repudia esse crime bárbaro e qualquer forma de violência política de gênero e raça. Temos que mostrar que é tempo demais e que o nosso grito de justiça por Marielle e Anderson continua ecoando", afirma.
Para Lígia Batista, Diretora-Executiva do Instituto Marielle Franco, a realização do evento é mais uma oportunidade de cobrar das autoridades uma resposta sobre os assassinatos e manter vivo o legado de Marielle. "A sociedade brasileira tem a oportunidade de mostrar para o mundo todo que repudia esse crime bárbaro e qualquer forma de violência política de gênero e raça. Temos que mostrar que é tempo demais e que o nosso grito de justiça por Marielle e Anderson continua ecoando", afirma.
O Festival faz parte da programação "Março por Marielle e Anderson", que acontece durante todo o mês, com ações por todo o mundo, que marca os dois assassinatos. Serão realizadas lives, debates, intervenções artísticas, ações simbólicas individuais e coletivas, que vão rolar durante todo o mês.
Março por Marielle e Anderson
Na manhã dessa quinta-feira (14), amigos, parentes de Marielle Franco e Anderson Gomes e representantes de movimentos sociais lotaram a Igreja Nossa Senhora do Parto, no Centro do Rio. A missa, celebrada pelos padres Nitaldo e Gegê, além do Frei Tatá, teve início às 10h e foi marcada por pedidos de justiça e pelo fim de mortes de jovens negros e periféricos.
A mãe de Marielle Franco, Marinete Silva, a irmã, a ministra Anielle Franco, e Ana Paula, mãe do jovem Johnatha, que foi morto com um tiro nas costas durante operação em Manguinhos em 2014, foram convidadas a fazerem as preces da cerimônia. Elas pediram respeito aos mortos e que todas as mães possam ter o direito de ver seus filhos crescerem.
Durante o "Março por Marielle e Anderson", também serão realizadas diversas reuniões com as autoridades competentes para incidência e acompanhamento do caso junto ao Comitê Justiça por Marielle e Anderson, composto pelo Instituto Marielle Franco, por Mônica Benício, Agatha Reis, e as organizações Justiça Global, Terra de Direitos, Coalizão Negra por Direitos e Anistia Internacional.
Os artistas e ativistas interessados em realizar ações nos seus territórios podem se inscrever através doformulário online, disponível no site do Instituto. São aceitas ações presenciais e virtuais.
Caso segue sem resposta
Seis anos após a morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson França, em 14 de março de 2018, as investigações do caso seguem em andamento para descobrir o mandante e a motivação para os assassinatos.
Nesta semana, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio da Força-Tarefa do Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado para o caso Marielle Franco e Anderson Gomes (Gaeco/FTMA), pediu à Justiça que o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, seja julgado por júri popular. O MPRJ ainda pediu que houvesse a manutenção da prisão preventiva do réu em presídio federal de segurança máxima.
Suel, preso em julho do ano passado, é apontado como participante do assassinato e por ter monitorado a rotina da vereadora, além de ter ajudado Ronnie Lessa e Élcio Queiroz no desmanche do carro usado no crime e sumiço das cápsulas da munição.
Em janeiro deste ano, em suposta delação premiada à Polícia Federal, Ronnie Lessa, ex-policial militar apontado como autor dos disparos, teria dito que o Conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ), Domingos Brazão, de 58 anos, deu a ordem para executar Marielle Franco. A Polícia Federal, no entanto, não confirma a existência dessa delação, uma vez que não comenta investigações em andamento.
A PF também passou a investigar se a morte de Marielle teria relação com uma disputa por terrenos na Zona Oeste, também após suposta delação de Lessa.
A PF também passou a investigar se a morte de Marielle teria relação com uma disputa por terrenos na Zona Oeste, também após suposta delação de Lessa.
Em depoimento, Lessa teria informado que Marielle virou alvo depois de defender a ocupação de terrenos por pessoas de baixa renda e que o processo fosse acompanhado por órgãos como o Instituto de Terras e Cartografia do Estado do Rio e o Núcleo de Terra e Habitação, da Defensoria Pública do Rio.
De acordo com as investigações, o mandante do crime que deu fim a vida de Marielle e Anderson estaria buscando a regularização de um condomínio em Jacarepaguá sem considerar o critério de área de interesse social. O objetivo seria transformar a propriedade em especulação imobiliária.
O conselheiro já havia sido investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio e pela Polícia Federal de envolvimento nos assassinatos. A principal motivação seria vingança contra Marcelo Freixo. Porém, nada foi provado contra ele.
Agora, a Polícia Federal aguarda o parecer do ministro Raul Araújo, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que está com a delação de Lessa. Se comprovado que o ex-PM citou Brazão, os investigadores terão que provar o envolvimento do conselheiro no duplo homicídio. Procurado, o STJ informou que não poderia confirmar se o ministro já enviou seu parecer, uma vez que o processo tramita em segredo de justiça.
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