João Vinícius e a mãe, Roberta FerreiraDivulgação
Publicado 08/04/2024 13:21
Rio - "Até quando as mães vão perder seus filhos para a irresponsabilidade"? É com esse desabafo que Roberta Isaac Ferreira cobra celeridade nas investigações sobre a morte do filho, João Vinicius Ferreira Simões, que completa um mês nesta terça-feira (9). O jovem de 25 anos morreu eletrocutado durante o festival de música I Wanna Be Tour, no Riocentro, Zona Oeste do Rio.

Ao DIA, Roberta demonstrou insatisfação com a falta de respostas sobre o caso. E cobrou punição aos responsáveis e maior fiscalização do poder público.

"Amanhã (terça) faz um mês que meu filho morreu. É necessário mais fiscalização. Primeiro uma menina morreu eletrocutada no Terreirão do Samba. Cinco anos depois, o mesmo acontece com meu filho. Cadê a fiscalização do Poder Público? Como que essas empresas estão trabalhando ainda? Essas empresas precisam ser punidas para que nenhuma mãe mais passe pelo o que estou passando", disse.

Roberta informou que aguarda a Polícia Civil concluir inquérito com eventual encaminhamento ao Ministério Público (MPRJ). Simultaneamente, a mãe da vítima denunciou por conta própria supostas irregularidades encontradas por perícia particular à Ouvidoria do MPRJ.

"Senhora Roberta comparece a este canal da ouvidoria, munida de petição, na qual narra acerca de diversas irregularidades no evento 'I Wanna be Tour', realizado no dia 9/3/2004, na av. Salvador Allende, Rio Centro. Informa que seu filho, João Vinicius Ferreiras Simões, 25 anos, faleceu eletrocutado. Em face do exposto, solicita que sejam tomadas as devidas providências cabíveis ao caso", diz trecho da denúncia, peticionada com fotos e vídeos que provariam as irregularidades. O processo corre em segredo de Justiça.
João Vinicius Ferreira Simões morreu na noite de sábado (9) após sofrer uma descarga elétrica - Rede Social
João Vinicius Ferreira Simões morreu na noite de sábado (9) após sofrer uma descarga elétricaRede Social


Nesta segunda (8), Roberta também denunciou o engenheiro responsável pela parte eletrônica do festival ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (Crea-SP), onde ele tem registro ativo: "Segundo a denunciante, o profissional deixou de observar critérios técnicos e, sobretudo, legais. Informa que os serviços prestados estão eivados de vícios comprometedores das condições técnicas", diz a denúncia.

A mãe de João juntou provas e elementos que supostamente comprovariam os fatos alegados. Além de links com reportagens jornalísticas, ela conseguiu mais de 20 testemunhas para corroborar a denúncia. Uma delas diz que "realmente havia fios espalhados pelo local e a desorganização e despreparo em relação a tudo era visível", pontuou.

Outra jovem que participou do festival afirma que "os fios ficavam no meio fio, soltos, sem nenhuma proteção devida. Os food trucks eram de metal. E ao longo de todo evento, nada foi falado sobre a chuva, ou orientado para se caso a mesma caísse", reforçou.

Após a repercussão do caso, a empresa 30e, produtora do evento, disse que "uma forte chuva atingiu o Rio de Janeiro enquanto o evento I Wanna Be Tour era realizado no Riocentro e, neste momento, lamentavelmente, ocorreu um incidente na área descoberta próxima a um food truck terceirizado".

A organizadora reforçou que, "apesar do pronto atendimento e de todos os esforços realizados pelas equipes médicas do evento e no hospital, João Vinícius Ferreira Simões não resistiu e, infelizmente, veio a óbito".

Já a Riocentro informou que o jovem foi imediatamente socorrido pela equipe de socorro contratada pela organizadora do evento e responsável pela infraestrutura, que o encaminhou ao hospital. "A administração do centro de convenções está acompanhando o caso de perto junto à organização, para que a família receba toda assistência necessária", informou em nota.

O caso é investigado pela 32ª DP (Taquara).
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