Bernardo Paraíso era estudante de Ciências Biológicas da UFRRJReprodução
Publicado 09/04/2024 19:54
Rio - A Polícia Civil identificou os dois homens que foram presos em flagrante após o tiroteio que terminou com a morte do universitário Bernardo Paraíso, de  24 anos, e outras duas crianças baleadas em Seropédica, na tarde de segunda-feira (8). Suspeitos de integrar milícia, Edson Jaci da Silva de Aquino e Cleber Barbosa dos Santos foram detidos por policiais civis e agentes do Programa Seropédica Presente, que também apreenderam um fuzil, duas pistolas, uma granada, dinheiro e dois veículos roubados.
O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídio da Baixada Fluminense (DHBF), que atua para identificar os responsáveis pelos disparos que atingiram as vítimas. A suspeita é de que o tiroteio tenha ocorrido pela disputa de território por organizações criminosas na região. Nas redes sociais, moradores reclamaram que Seropédica tem sido palco de uma guerra violenta entre bandidos.
Bernardo, que cursava Ciências Biológicas da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), será enterrado na manhã desta quarta-feira (10), no Cemitério Parque da Colina, em Niterói, na Região Metropolitana. Ele estava em frente a um supermercado próximo à faculdade quando começou a troca de tiros. O jovem é filho do médico Rogério Paraiso, coordenador geral do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) da Região Metropolitana II, que abrange as cidades de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Tanguá, Rio Bonito, Silva Jardim e Maricá. Nas redes sociais, o Samu lamentou a morte de Bernardo e se solidarizou com os familiares.
De acordo com a Polícia Militar, grupos rivais entraram em confronto na antiga Estrada Rio-São Paulo, uma área de intenso movimento, por volta das 15h30. Alguns milicianos usavam roupas camufladas e seguravam armas de grosso calibre. Além de Bernardo, um bebê de um ano, uma menina de 3 anos e a mãe das crianças foram baleados. 
Rosiane Claudino de Freitas, 34 anos, foi baleada na perna esquerda, mas não houve lesão óssea e ela foi liberada após avaliação médica. O filho mais novo, atingido no joelho esquerdo, recebeu alta com orientações médicas ainda na noite de segunda. Já a criança de 3 anos foi baleada na região da coluna cervical e do braço esquerdo. Ela passou por uma cirurgia nesta terça-feira e segue internada em estado grave no CTI Pediátrico do Hospital Adão Pereira Nunes, em Caxias.
"Na tarde desta terça-feira, foi submetida a procedimento de debridamento e lavagem para retirada de projétil alojado no braço esquerdo, que ocorreu sem intercorrências. No momento, a paciente respira em ar ambiente, mantendo estabilidade hemodinâmica e sem complicações infecciosas vigentes. Segue em acompanhamento pela equipe multidisciplinar, com suporte aos familiares pelo Serviço Social e de Psicologia do hospital", comunicou a direção da unidade de saúde.
UFRRJ lamenta morte e suspende aulas
Através das redes sociais, a universidade onde Bernardo estudava lamentou a sua morte e suspendeu as aulas do turno da noite desta segunda-feira (8) devido aos acontecimentos ocorridos.
Em uma postagem, a Administração Central da UFRRJ disse que se solidariza com a família e amigos da vítima neste momento de dor. Em outra, a direção pediu que os membros da comunidade acadêmica que estavam se dirigindo até o centro de Seropédica tomem cuidado com as ocorrências de tiroteio.
"Informamos que, devido aos últimos acontecimentos ocorridos nesta tarde do dia 8/4, segunda-feira, no centro do km 49 do município de Seropédica, a Administração Central da UFRRJ está suspendendo todas as atividades acadêmicas e administrativas presenciais do turno noturno da presente data. Pedimos aos membros da comunidade acadêmica que estão se dirigindo ao centro do município que se atentem para as últimas notícias sobre ocorrências de tiroteio, que culminaram, até o momento, no registro de, pelo menos, um óbito. Tão logo tenhamos informações adicionais, orientaremos a comunidade", disse um dos posts.
A deputada estadual Dani Balbi reclamou sobre a constante guerra por territórios que acabam causando insegurança pela Zona Oeste do Rio e pela Baixada Fluminense. A parlamentar também lamentou a morte do jovem.
"Confrontos frequentes entre grupos armados têm assolado as comunidades, colocando em risco a vida e a integridade da população fluminense. Não podemos continuar fechando os olhos para a guerra em busca de territórios no estado do Rio de Janeiro. Constantemente nossos familiares, amigos e estudantes são vítimas irreversíveis desse contexto que apesar de muito violento, ainda não é combatido pelo poder público. Não queremos mais perder os nossos por balas perdidas da milícia do Rio de Janeiro! Hoje, um estudante foi assassinado. Poderia ser seu filho", escreveu.
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