Pastor foi convidado para abrir uma série de shows que aconteceram em comemoração aos 189 anos de ItaboraíDivulgação
Publicado 17/04/2024 08:11
Rio - O pastor Felippe Valadão, da Igreja Lagoinha, foi indiciado nesta terça-feira (16) pelo crime de intolerância religiosa durante um evento oficial da Prefeitura de Itaboraí em maio de 2022. Na ocasião, Valadão ameaçou acabar com os terreiros de umbanda do município e "converter" os dirigentes dos centros espíritas da região.

"De ontem para hoje tinha quatro despachos aqui na frente do palco. Avisa aí para esses endemoniados de Itaboraí que o tempo da bagunça espiritual acabou. A igreja está na rua! A igreja está de pé! E ainda digo mais, prepara para ver muito centro de umbanda sendo fechado na cidade", disse durante o discurso.
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Durante as investigações, a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) ouviu diversas testemunhas, analisou o vídeo anexado ao inquérito e concluiu que não houve alteração em seu conteúdo. No relatório enviado ao Ministério Público do Estado do Rio (MPRJ), a especializada disse se tratar de um caso de discriminação e afirma que ficou clara a prática de intolerância religiosa. 

Na ocasião, Valadão disse que "proferiu palavras em defesa da própria fé, acreditando que pessoas de outras religiões poderiam se converter à fé cristã" e que tinha o objetivo de "evangelizar" as pessoas que estavam no evento.
Segundo o líder religioso, ao afirmar que 'muitos centros de Umbanda seriam fechados naquela cidade' quis dizer que aquilo aconteceria porque as pessoas seriam convertidas e dessa forma seus templos seriam fechados pois não teriam mais razão de existir". O pastor ressaltou que jamais incitou a violência contra centros ou pessoas de religiões de matriz africana.
Após a apresentação de Valadão em comemoração aos 189 anos do município, a Prefeitura de Itaboraí informou que as declarações dos convidados e artistas para as apresentações são de inteira responsabilidade deles. O município destacou, ainda, que o governo é para todos e reiterou que não apoia nenhum tipo de intolerância religiosa.
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