Pastor Felippe Valadão, acusado de intolerância religiosa durante um show gospel em ItaboraíReprodução/redes sociais
De acordo com a Polícia Civil, a investigação está em andamento. O caso foi registrado inicialmente na 71ªDP (Itaboraí), por membros da Comissão de Matrizes Afro Brasileiras de Itaboraí, mas posteriormente foi encaminhado à Decradi por causa do registro de uma denúncia do relator da CPI da Intolerância Religiosa, na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Átila Nunes (PSD) contra Valadão.
O deputado estadual ainda entrou com duas representações no Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) na última segunda-feira (23), contra o pastor Felippe Valadão e o prefeito Marcelo Delaroli.
Durante o show gospel, o pastor falou que iria "converter" os líderes das religiões de matrizes africanas e ainda chamou os adeptos de "endemoniados". O religioso ainda disse que "o tempo da bagunça espiritual acabou. A igreja está na rua! A igreja está de pé!". No momento, a apresentação estava sendo transmitida ao vivo pelo portal oficial da prefeitura de Itaboraí.
O pastor Felippe Valadão, que é líder da Igreja Batista da Lagoinha de Niterói, foi procurado, mas não respondeu aos questionamentos até a publicação desta matéria.
A Prefeitura de Itaboraí informou que declarações dos convidados e artistas para as apresentações são de inteira responsabilidade dos próprios. A Prefeitura destacou ainda que o governo é para todos e reiterou que não apoia nenhum tipo de intolerância religiosa.
Relator da CPI pede reforço no policiamento em terreiros de Itaboraí
Átila Nunes pediu ao secretário da Polícia Militar, Coronel Luiz Henrique Pires, para que a segurança nos terreiros de religiões de matriz africana de Itaboraí fosse reforçada para garantir o funcionamento dos templos e evitar ataques influenciados pela fala do pastor.
Os locais foram ameaçados por Felippe Valadão, durante um show gospel, realizado como abertura das comemorações do aniversário de 189 anos de Itaboraí. Na ocasião, o prefeito Marcelo Delaroli estava presente no palco, ao lado de outros integrantes do governo.
O planejamento para aumento do policiamento ocorreu nesta terça-feira (24), durante uma reunião com o comandante do Batalhão da PM de Itaboraí, o Tenente-Coronel Gilbert dos Santos. Também estavam presentes lideranças religiosas da cidade e um dos organizadores da manifestação, que foi realizada no último domingo (22) e reuniu centenas de pessoas na Praça Marechal Floriano Peixoto, no centro da cidade, contra a intolerância religiosa.
Segundo o relator, o reforço no policiamento é necessário para diminuir a chance de depredação dos terreiros. Além disso, ele ressaltou que ao contrário do que Valadão havia afirmado durante sua apresentação, não haviam despachos na praça.
"Existe a possibilidade de eles (os terreiros) serem apedrejados ou até incendiados por causa do incentivo de ódio religioso por parte do pastor Felipe Valadão. Uma informação muito interessante, muito curiosa é que as autoridades não acharam qualquer despacho no palco ou na rua, nada, absolutamente coisa alguma. Então isso foi uma invenção do Felipe Valadão, não tinha despacho nenhum, isso foi o pretexto para ele fazer discurso de ódio religioso", afirmou.
E completou, falando sobre o que foi conversando em reunião com o coronel e os líderes religiosos. "A reunião foi excepcional. O coronel Gilbert disse que não vai permitir qualquer tipo de manifestação de intolerância religiosa, e que a Polícia Militar defende todas as regiões sem exceção e jamais vai deixar que se trace um clima de ódio religioso dentro de Itaboraí".
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