Pastor Felippe Valadão, acusado de intolerância religiosaReprodução/redes sociais
De acordo com o deputado, é inadmissível que a prefeitura de uma cidade utilize recursos públicos para dar espaço somente a uma religião.
"Esse absurdo que aconteceu em Itaboraí é o reflexo da política do "terrivelmente evangélico". O prefeito de Itaboraí, assim como muitos prefeitos pelo país, usa recursos públicos para promoverem shows gospels para atender aos vereadores da bancada religiosa. Assim também tem sido no Congresso e nas Assembleias Legislativas", afirmou Átila Nunes.
Nas representações, o deputado pede o ressarcimento de R$ 145 mil gastos no show gospel de Valadão, além da condenação do prefeito no mesmo valor. O dinheiro será destinado às vítimas de intolerância religiosa. Além da ação no Ministério Público, Átila realizou uma denúncia na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), pedindo que a polícia instaure um inquérito para investigar as ameaças feitas publicamente pelo pastor de fechar os terreiros de umbanda e candomblé que funcionam em Itaboraí.
As denúncias apontam possíveis crimes de disseminação de ódio religioso e uso de dinheiro público privilegiando uma religião nas comemorações do aniversário de Itaboraí. A cidade completou 189 anos no último domingo (22) e organizou uma série de shows para as festividades. A abertura ocorreu na quinta-feira (19), com apresentação de Felippe Valadão.
Na ocasião, o prefeito Marcelo Delaroli estava no palco, assim como outros integrantes de seu governo, quando Valadão passou a proferir falas, em tom de ameaça, aos adeptos de religiões de matriz africana. Segundo o pastor, ele iria "converter" os líderes das religiões de matriz africana, ele ainda chamou os adeptos de "endemoniados". O pastou não parou por aí, segundo ele "o tempo da bagunça espiritual acabou. A igreja está na rua! A igreja está de pé!". No momento, o show estava sendo transmitido ao vivo pelo portal oficial da prefeitura.
O crime de intolerância religiosa prevê pena de um a três anos de reclusão e multa. Membros da Comissão de Matrizes Afro Brasileiras de Itaboraí registraram um boletim de ocorrência contra o pastor, na última sexta-feira (20) na 71ª DP (Itaboraí). Agora, o caso foi encaminhado à Decradi, no Rio. De acordo com a PM, todos os envolvidos serão chamados para prestar depoimento na delegacia. As imagens da apresentação de Valadão também serão analisadas.
A coordenadoria de Diversidade Religiosa da Prefeitura do Rio divulgou uma nota de repúdio contra o ato de intolerância ocorrido na última quinta-feira.
"Nos solidarizamos com os religiosos de matrizes africanas do município de Itaboraí, os quais sofreram ataques preconceituosos durante um show que comemorava o aniversário da cidade. O preconceito religioso possui um viés étnico racial e precisa ser banido de nossa sociedade. Entendemos que o respeito a todos os credos é a base da cidadania e que a laicidade é um patrimônio da democracia", declarou o coordenador executivo da Diversidade Religiosa no Rio, Pai Márcio de Jagun.
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