Paulo Sérgio da Silva, pai da menina encontrada morta em lixeira, foi amparado por amigosPedro Teixeira
Publicado 28/05/2024 18:14
Rio - "Estou sem chão e destruído com tudo isso. Ele vai pagar pelo o que fez." O desabafo é de Paulo Sérgio da Silva, de 36 anos, pai da menina S.A.V.S., de 11 anos, que foi encontrada morta em uma lixeira depois que desapareceu no caminho da escola, na Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio, nesta terça-feira (28). A vítima teria sido assassinada pelo irmão de sua ex-madrasta, que já foi preso. Vestígios de sangue foram encontrados em sua casa. O homem foi autuado em flagrante pelos crimes de homicídio, ocultação de cadáver e estupro de vulnerável.
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Ao DIA, Paulo contou que descobriu que o ex-cunhado é suspeito de ter perseguido e abusado de outras meninas. O pai esteve nesta terça-feira (28) na 37ª DP (Ilha do Governador), onde mães de vítimas foram ao local para registrar queixa contra o homem.
"Ele é um desgraçado. Já fez isso com outras meninas. Descobrimos agora. Ele se aproveitou do fato de ser próximo para fazer o que vez. Pelo que ouvimos, ele já estava marcando os passos da minha filha. Estou sem chão e destruído com tudo isso. Ele vai pagar pelo que fez. Os policiais disseram que ele falou o que fez e não demonstrou remorso nenhum", comentou.
O corpo da vítima foi encontrado na tarde desta terça em uma caçamba de um caminhão de coleta de lixo, que já estava no lixão do bairro Tauá. Informações preliminares apontam que o cadáver foi encontrado com diversas marcas de facadas.
O suspeito foi preso nesta manhã na casa onde morava, no bairro da Portuguesa, após acusação de manter a menina em cárcere privado. Segundo a Polícia Militar, agentes do 17º BPM (Ilha do Governador) foram até o local, mas não encontraram a criança. Apenas um short, que seria da vítima, estava na residência. Ele foi autuado em flagrante pelos crimes de homicídio, ocultação de cadáver e estupro de vulnerável.
Vestígios de sangue
Durante a tarde desta terça, agentes da 37ª DP foram até a casa do suspeito para realização de perícia e encontraram vestígios de sangue da menina. O homem teria tentado limpar o local depois que cometeu o crime e o abuso, mas os policiais conseguiram identificar os vestígios através de uma substância específica para o trabalho.
O desaparecimento da menina aconteceu na manhã desta segunda-feira (27). Segundo relatos, a criança saiu de casa, na comunidade do Parque Royal, por volta das 7h, mas não chegou à escola. Imagens de câmeras de segurança registraram a vítima e o suspeito caminhando por uma rua do bairro da Portuguesa, na manhã do mesmo dia. Na gravação, ela aparece vestindo uma blusa branca, com casaco e short azuis que são, aparentemente, uniforme da rede municipal de ensino, bem como uma mochila.
O corpo da criança já foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) Afrânio Peixoto, no Centro do Rio.
Caso semelhante
Com a confirmação da morte da menina, outras mães procuraram a delegacia para prestar queixa contra o homem nesta terça-feira (28). Uma delas disse que o suspeito perseguiu sua filha, de 12 anos, quando ela ia para escola há oito dias. O fato também foi registrado na 37ª DP na última semana.
"Eu tive um relato igual. A minha filha estava descendo para ir à escola. Era por volta de 14h. Ela passou e tinha uma pessoa aleatória, de blusa, calça e tênis preto. Ela andou para chegar no sinal para atravessar. Ele chegou por trás dela, botou a mão no ombro dela, perguntou pelo nome, falou: ‘Vem com o tio, que o tio tem dinheiro e tem doce’ e apontou pro carro, como se ela fosse entrar naquele carro. Só que eu já tinha instruído. Ela ficou em choque e nem conseguiu olhar para trás", contou.
A mulher ainda destacou que o homem correu atrás da menina no momento em que ela seguiu para a escola. Para ela, o suspeito do caso de sua filha é o mesmo que matou S.A.V.S.

"Ela correu atrás dela. Teve essa audácia de correr atrás dela. A escola era muito perto. Ela conseguiu entrar dentro da escola e ele não pegou. De repente, se ele tivesse pegado, era eu que estaria passando por isso aqui. Ela tem 12 anos. O mesmo biotipo. Inclusive, essa menininha estudou junto com ela. Ele não tem que sair da cadeia. O que ele fez, não se faz. Jogar dentro o filho dos outros dentro de um saco de lixo? Isso é muito sério. Isso não se faz", completou.
Além da mulher, outros moradores da região também estiveram na delegacia para pedir justiça pelo caso. Um dos presentes chegou a ser levado para dentro da 37ª DP após bombas terem sido explodidas do lado de fora. Durante a transferência do preso, realizada em um blindado da Polícia Civil, policiais militares tiveram que usar gás lacrimogênio para conter os presentes. O policiamento foi reforçado no local.
"Ele não merece que a gente passe por isso. Ele vai pagar, nós vamos cobrar e ele vai ter que pagar", disse o pai da menina, que pediu aos vizinhos e amigos para não atrapalharem a transferência.
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