Publicado 30/05/2024 16:58 | Atualizado 30/05/2024 17:15
Rio - Júlia Andrade Cathermol Pimenta, suspeita de matar envenenado o namorado, Luiz Marcelo Antônio Ormond, prestou depoimento na polícia dois dias após o corpo da vítima ter sido encontrado. Na ocasião, ela afirmou que foi agredida pelo namorado no dia 18. Parentes e amigos do empresário contam ainda que ele efetuou um pagamento de R$ 2.600 para um agiota após a namorada afirmar que, devido a uma dívida, queriam matá-la.
PublicidadeJúlia é considerada foragida pela polícia, já que consta contra ela um mandado de prisão temporária em aberto por homicídio qualificado.
Ainda conforme os relatos de Cathermol, na manhã do dia 18, ela acordou com a sala de estar repleta de bolsas. A suspeita disse que Luiz Marcelo havia pedido que ela colocasse tudo dentro do carro e levasse para um ponto na Comunidade da Maré. Ainda conforme o depoimento, obedeceu o empresário mas, ao sair com o veículo da garagem, teria 'batido com o retrovisor'. A acusada contou que entregou o carro a um homem 'alto, magro, bochecha meio caída, com cerca de 40 a 50 anos, moreno' em um ponto da comunidade.
No depoimento, a acusada diz que, logo após, pegou um ônibus e foi para o Méier, na Zona Norte, e que ficou por lá passeando, voltando para casa somente a tarde, de táxi. Ela contou aos policiais que, ao chegar no apartamento, disse ao namorado que havia entregue o veículo mas que bateu com o retrovisor ao sair do prédio. Foi então que Júlia afirmou que Luiz Marcelo ficou bravo e desferiu um tapa em seu rosto. Ela disse que essa havia sido a primeira vez que o homem a agrediu. Horas mais tarde, ainda conforme os relatos, ele pediu desculpas pelo ocorrido.
Júlia continuou o relato afirmando que na segunda (20), dia em que o cadáver foi encontrado em estado avançado de decomposição, Marcelo acordou bem e fez o café da manhã, mas ainda apresentava um comportamento agressivo tendo, em um momento de descontrole, agarrado seu braço. Foi então que ela, conforme alega, decidiu ir embora.
Devido às acusações de agressões, Júlia Andrade Cathermol foi encaminhada para o Instituto Médico Legal para fazer um exame de corpo de delito. O laudo constatou um ferimento no braço esquerdo, mas a polícia descarta que tenha sido Marcelo, já que no dia da suposta agressão, ele já estava morto.
Conta conjunta
Ainda de acordo com o depoimento da suspeita, o empresário teria aberto uma conta conjunta em nome dos dois. Imagens das câmeras de segurança mostram ela, no mesmo dia, indo pegar o cartão dessa conta com o porteiro do prédio. Em depoimento, ela disse que entregou esse cartão a Marcelo e, logo em seguida, foi embora.
Disse ainda que excluiu o empresário de todas as redes sociais e não teve mais contato com ele. Ainda conforme as informações obtidas pela polícia, a mulher chegou a abrir o cartão no elevador, deixando o prédio minutos depois. Na ocasião, o corpo do empresário já estava em decomposição.
Ameaça de agiota
De acordo com depoimentos de parentes e amigos de Luiz Marcelo Antônio Ormond, ele havia dito que, dois meses atrás, pagou R$2.600 para um agiota que, segundo Júlia, queria matá-la. Ninguém sabe como foi feito esse pagamento.
Detalhes que também foram percebidos por pessoas próximas a vítima, era que nos últimos 30 dias, ele parecia estar sob efeito de algum medicamento ou drogas. O fato causou estranhamento, já que, de acordo com os relatos, o empresário não consumia bebidas alcoólicas e nem usava entorpecentes. Luiz foi questionado por amigos como estava sua saúde, e o mesmo disse estar passando por 'problemas de pressão'.
Relembre o caso
Luiz foi encontrado morto dentro do apartamento onde morava com Júlia, no bairro Engenho Novo, na Zona Norte do Rio, no último dia 20. Ele não era visto, contudo, desde o dia 17. De acordo com o laudo cadavérico, ele morreu três ou seis dias antes do corpo ser localizado. Segundo as investigações da 25ª DP, Júlia dormiu ao lado do cadáver do namorado durante o fim de semana e, na segunda-feira (20), fugiu do apartamento levando pertences do empresário e o carro dele.
Segundo as investigações, Júlia teria colocado 50 comprimidos moídos dentro de um 'brigadeirão' ingerido pela vítima. Ela contou com a ajuda da cigana Suyany Breschak para se desfazer dos bens do empresário.
O veículo foi levado para Cabo Frio, na Região dos Lagos, após supostamente ter sido vendido por R$ 75 mil. Abordado pelos policiais, o homem que estava com o carro chegou a apresentar um documento escrito à mão, que ele disse ter sido assinado pela vítima, transferindo o bem. Com o mesmo homem, foram encontrados o telefone celular e o computador de Luiz Marcelo. Ele foi preso em flagrante por receptação.
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.