Publicado 03/06/2024 13:33
Rio - A cigana Suyane Breschak sabia de todo o plano para matar o empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond, segundo as investigações da Polícia Civil. O delegado Marcos Bruss afirmou, nesta segunda-feira (3), que a suspeita era uma espécie de mentora espiritual de Júlia Andrade Cathermol Pimenta, principal suspeita de ter envenenado o namorado com um 'brigadeirão'. O crime aconteceu em maio e o corpo da vítima foi encontrado no apartamento onde o casal vivia, no Engenho Novo, Zona Norte.
PublicidadeEm depoimento, a cigana afirmou que Júlia não aguentava mais o relacionamento e queria matar o empresário. "Temos o depoimento da Suyane, que detalhou o que a Júlia teria confidenciado a ela. Temos elementos de que a Suyane tinha conhecimento antes, durante e depois do plano criminoso da Júlia", disse o delegado titular da 25ª DP (Engenho Novo), responsável pelo caso.
A polícia aponta, ainda, que a cigana foi beneficiária de todos os bens furtados do empresário e recebeu o carro dele. O veículo da vítima foi encontrado em Cabo Frio, na Região dos Lagos, após supostamente ter sido vendido por R$ 75 mil, e recuperado, junto com outros bens. De acordo com o delegado, os agentes fazem buscas para localizar as armas do homem, que podem estar com a namorada, que permenece foragida. Contra ela, foi expedido um mandado de prisão temporária por homicídio qualificado.
"Nós temos provas de que ela (Suyane) foi a destinatária de todos os bens que foram subtraídos, pelo menos todos que foram identificados até esse momento. Temos elementos que levam a crer que a Suyane sabia do plano criminoso da Júlia e que foi a destinatária de todos os bens", reforçou Buss. As investigações ainda querem entender se a cigana foi mentora intelectual do crime, já que agia como guia espiritual de Júlia.
A defesa da cigana afirmou que ela nunca teve contato com Luiz Marcelo e não sabia que havia bens da vítima no carro que recebeu como pagamento pelos trabalhos feitos à suspeita. Segundo o advogado Etevaldo Viana Tedeschi, o automóvel teria sido um presente do empresário para a namorada, que o repassou para Suyane. Para ele, o interesse dela no caso seria "no máximo, financeiro, e jamais de que alguém perdesse a vida", e espera provar que a mulher não teve relação direta com o crime.
"O que vai se concluir no final das investigações é que ela não é autora intelectual (do crime), até porque, o trabalho dela como cigana é de proporcionar o bem, de fazer com que as pessoas tenham uma vida amorosa favorável. Então, acredito que a investigação não vai concluir (que ela foi autora intelectual do crime)", afirmou Tedeschi, que declarou ainda acreditar que a cigana só soube da morte após o crime ter acontecido.
"Eu acredito que a Suyane tenha sabido somente depois do ocorrido. A Suyane seria aquela pessoa que faz o trabalho espiritual e elas tinham um relacionamento nesse sentido de alguns anos, então, (a Júlia contou sobre o crime para a Suyane) até pela convivência, pelo tempo de relacionamento". A cigana foi presa de forma temporária na última terça-feira (28), suspeita de ser cúmplice no crime.
A defesa já entrou com um pedido de revogação da prisão e espera que ela aguarde as investigações em liberdade ou com monitoramento por tornozeleira eletrônica, já que não tem antecedentes criminais e é mãe de dois filhos menores de idade, um deles com transtorno de espectro autista. As investigações da distrital ainda pretendem pedir a quebra dos sigilos bancários de Suyane, Júlia e Luiz Marcelo.
Também nesta segunda-feira, prestou depoimento o gerente da farmácia onde Júlia comprou os medicamentos para envenenar o namorado. Segundo o funcionário, ela adquiriu 50 comprimidos de Dimorf, no dia 6 de maio, além de outros remédios que não foram usados no crime. A medicação é de uso controlado e a suspeita apresentou receita médica. A delegacia solicitou que o estabelecimento entregue o documento e imagens da mulher no local.
Ainda hoje, são esperados para prestar depoimento o ex-marido de Suyane, que também seria consultor espiritual, e o namorado de Júlia, que teria descoberto que ela mantinha outro relacionamento após o crime ser divulgado. Até o momento, não há indícios da participação dos dois homens na morte de Luiz Marcelo.
Entenda o caso
Luiz Marcelo Antônio Ormond foi encontrado morto dentro do apartamento onde morava com a namorada, no Engenho Novo, na Zona Norte, na madrugada do último dia 20, em estado avançado de decomposição. O empresário não era visto desde 17 de maio e, de acordo com o laudo cadavérico, ele morreu três ou seis dias antes do corpo ser localizado. Os agentes apuraram que Júlia dormiu ao lado do cadáver durante o fim de semana e, na segunda-feira seguinte, fugiu do apartamento levando pertences e o carro do empresário.
Com a ajuda de Suyane, ela se desfez dos bens de Luiz Marcelo. Um homem que estava com o veículo do empresário apresentou documento de transferência escrito à mão, que ele disse ter sido assinado pela vítima, mas acabou preso em flagrante pelo crime de receptação. Com ele estavam ainda o telefone celular e o computador da vítima.
O Disque Denúncia divulgou um cartaz para ajudar a localizar Júlia e recebe informações pela Central de Atendimento, nos telefones (21) 2253-1177 ou 0300-253-1177; pelo WhatsApp Anonimizado, no (21) 2253-1177; e pelo aplicativo Disque Denúncia RJ. O anonimato é garantido.
*Colaborou o estagiário João Pedro Bellizzi
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