Publicado 04/06/2024 20:27
Rio - A Polícia Civil indiciou, nesta segunda-feira (3), quatro pessoas ligadas à empresa Burn Indústria e Comércio LTDA pelo despejo de surfactantes, compostos presentes em detergentes, que geraram a espuma branca que paralisou, por 14 horas, o funcionamento da Estação de Tratamento de Água (ETA) do Guandu, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, em agosto do ano passado. Os responsáveis vão responder por crime ambiental.
PublicidadeEntre os indiciados estão sócios e diretores da empresa, que atua no ramo de surfactantes produzindo sabão e outros produtos de limpeza através de marcas conhecidas no mercado.
A investigação foi realizada pela Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA). Os agentes identificaram a responsabilidade da Burn no lançamento do produto em suas galerias de águas pluviais, conforme o que foi constatado por fiscais do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (CCCE). O inquérito já foi encaminhado ao Ministério Público do Rio (MPRJ).
Segundo os investigadores, houve coletas do material de diversas empresas produtoras de detergentes na região de Queimados, também na Baixada Fluminense, mas só a Burn, localizada no Parque Industrial da cidade, mostrou compatibilidade com a substância encontrada na água.
Os agentes já haviam identificado que o despejo aconteceu no Rio Queimados, que possui uma extensão de 12,5 km e está localizado no mesmo município da empresa citada. Ele tem os rios Camorim e Abel, que também passam pela cidade, como seus formadores, além de fazer parte da Bacia do Rio Guandu, pertencente à Região Hidrográfica II do Rio de Janeiro. O Rio Queimados é um dos principais afluentes do Rio Guandu, localizado ao braço leste das águas que compõem a ETA.
O Inea chegou a estipular uma multa de R$ 10,7 milhões para a empresa. Na época, a interrupção do abastecimento de água atingiu 11 milhões de pessoas em oito municípios fluminenses.
O que diz a empresa
Em nota enviada ao DIA, a Burn contestou a investigação e afirmou que não há nenhuma relação entre o seu trabalho na fábrica de Queimados e o episódio na bacia do Rio Guandu. A empresa destacou que está em operação há 13 anos no Distrito Industrial e que atua dentro dos padrões técnicos, sob monitoramento e controle permanente dos órgãos ambientais. Peritos e acadêmicos foram contratados para esclarecer o caso.
"Os laudos técnicos demonstram que a fábrica está a 11 quilômetros de distância do sistema do Guandu seguindo o fluxo do rio e que seria necessário o despejo de 83,5 toneladas de detergente, de uma só vez - o equivalente a 167 mil embalagens - para provocar aquela espuma, considerando a vazão do rio", alegou a empresa.
A Burn informou que segue à disposição das autoridades e colaborando para o esclarecimento dos fatos.
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