Stanley Pinheiro Fernandes Leite, de 19 anos, está desaparecido desde quarta-feiraArquivo Pessoal
Publicado 05/06/2024 22:02
Rio - A Polícia Civil identificou os criminosos envolvidos no desaparecimento de Stanley Pinheiro Fernandes Leite, de 19 anos, que entrou por engano no Complexo de Israel, na Zona Norte do Rio, há uma semana. Nesta quarta-feira (5), a instituição confirmou que o delegado da 38ª DP (Brás de Pina), que investiga o caso, solicitou a prisão dos bandidos.
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Em conversa com o DIA nesta quarta-feira, a mãe do rapaz contou que conseguiu rastrear o celular de Stanley. O aparelho segue conectado à internet e o rastreamento apontou que o telefone está no interior do Complexo de Israel, onde o jovem foi visto pela última vez.
A mãe, que preferiu não se identificar, contou que anexou a localização do celular ao inquérito. Na segunda-feira (3), ela foi à 39ª DP (Pavuna) para confirmar que o caso havia sido encaminhado à Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA). No entanto, ao chegar na especializada, recebeu a informação de que a ocorrência estava sendo investigada pela 38ª DP (Brás de Pina). Ela estacionou o carro na casa da mãe e seguiu para a distrital em um veículo de aplicativo. Na delegacia, inicialmente foi informada que o caso não estava na 38ª DP (Brás de Pina), mas foi atendida logo na sequência.
"Estão acessando internet pelo celular do meu filho, está dentro da comunidade, mas ninguém vai… Anexei ao processo as folhas que imprimi sobre o rastreamento na segunda-feira, mas estou até hoje no aguardo. Hoje, me desesperei, liguei, mas não tinha nada", comentou.
De acordo com a Polícia Civil, a 39ª DP (Pavuna) encaminhou o caso à DDPA por entender que se tratava de um desaparecimento. No entanto, a especializada tratou a ocorrência como tortura, já que os outros dois amigos de Stanley foram agredidos e extorquidos pelos criminosos. Com isso, o caso está sendo investigado pela 38ª DP (Brás de Pina), responsável por apurar crimes cometidos na região onde o jovem desapareceu.
Stanley estava na companhia de dois amigos no momento em que entrou por engano no Complexo de Israel. Na comunidade, eles foram agredidos e extorquidos pelos criminosos, que libertaram duas vítimas. No entanto, o jovem de 19 anos não foi liberado e seguiu sendo mantido como refém pelos bandidos.
A mãe contou que o rapaz é filho de um sargento da Polícia Militar, apesar de não ter contato frequente com o pai. Essa é uma das hipóteses que está sendo investigada pela Polícia Civil para entender o porquê do Stanley não ter sido liberado com os amigos. Além disso, os criminosos vasculharam o celular e viram que ele mora próximo ao Complexo do Chapadão, comunidade dominada por uma facção rival.
Na segunda-feira, a Polícia Militar realizou uma operação no Complexo de Israel com objetivo de reprimir a atuação de organizações criminosas que atuam na disputa de territórios e combater o roubo de veículos na região. Foram apreendidas seis réplicas de fuzil e três simulacros de pistola, mas não houve prisões.
"Quando começou essa operação, fiquei toda na esperança, porque achei que fosse por causa do meu filho, mas nada… Eles apreenderam armas de plástico, sendo que foram nas cinco comunidades que tem ali", contou a mãe de Stanley.
Nas redes sociais, perfis começaram a compartilhar fotos para vincular o desaparecido ao tráfico de drogas do Complexo do Chapadão. No entanto, a mãe alega que as imagens não são dele e afirma que o filho nunca teve envolvimento com o crime organizado. Além disso, criaram perfis falsos com apologia a facções.
"Nunca imaginei isso na minha vida. Colocaram coisas que não chega só a ferir, mata quem é ser humano. Chegaram a colocar a foto de um corpo, mas meu filho não tem tatuagens nas pernas. Imagina uma mãe ver isso e ter um primeiro impacto, meu coração veio na boca. Eu vi até no Youtube, fico triste que a plataforma está dando oportunidade a dois vídeos que dizem que meu filho é ‘01 do Chapadão’. Nós não somos envolvidos com nada disso, eu fico até com medo", lamentou.
A mulher contou que segue na esperança de encontrar o filho vivo e cobra celeridade nas buscas.
"Eu tenho fé ainda, por mais que tudo me fale que não, a última palavra vem do Senhor. Ele não é só meu filho, é meu combustível da vida. Meu filho é filho de um sargento da Polícia Militar, mas se fosse filho de um major ou comandante, seria moroso assim? Fico me perguntando, tenho certeza que não. Teve uma madrugada que eu cheguei a abrir o aplicativo para tentar ir até o endereço rastreado. Um amigo me falou que eu ia acabar ficando por lá mesmo. Mas eu prefiro ficar. Se alguém me falar que ele está lá, não tem problema, eu também fico por lá. Pelo menos acaba esse inferno", desabafou emocionada.
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