Leonardo Rodrigues Pereira, vulgo Dogão, é um dos presos na operaçãoReginaldo Pimenta
Publicado 20/06/2024 07:54
Rio - A Polícia Civil realizou uma operação, na manhã desta quinta-feira (20), no Morro do Dendê, que mira traficantes acusados de extorquir motoristas de aplicativo na Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio. Durante a ação, os agentes prenderam três suspeitos e apreenderam munições, carregadores de armas, anotações do tráfico de drogas, uma balaclava e uma arma falsa dentro de uma mochila de entregas.
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Os presos foram identificados como Leonardo Rodrigues Pereira, vulgo Dogão, Anderson dos Santos Barbosa e Leonardo Alves dos Santos, conhecido como Valoroso. De acordo com as investigações, os alvos pertencem à facção Terceiro Comando Puro (TCP) e atuam como narcomilicianos na região, comercializando drogas e extorquindo motoristas por meio de ameaças com armas, homicídios e tortura das vítimas. Outros dois alvos da operação seguem foragidos.

Os criminosos lucram com a cobrança ilegal de "taxas", para tentar controlar o serviço de transporte por aplicativo na região. Os motoristas eram abordados por motociclistas envolvidos com o crime e levados para o interior da comunidade. Lá, traficantes iniciavam uma série de extorsões em troca do direito de atuar na Ilha.
"Depois que o motorista cedia a essas exigências, eles então entregavam adesivos para que eles não fossem mais abordados pelos criminosos e assim estariam, de certa forma, na visão deles, habilitados ou permitidos a circularem na região", destacou o delegado Felipe Santoro, delegado titular da 37ª DP (Ilha do Governador).
Agentes da 37ª DP foram os responsáveis pela ação, batizada de "Operação Bandeira Livre", que visava cumprir cinco mandados de prisão preventiva contra os criminosos. Policiais das delegacias do Departamento-Geral de Polícia da Capital (DGPC); Departamento-Geral de Polícia Especializada (DGPE) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) também participaram.

"Nós cumprimos três desses [cinco] mandados. Estamos efetuando diligências a fim de cumprir esses dois mandados que ainda estão pendentes. Nós ainda cumprimos um outro mandado de prisão, que foi localizado no interior da comunidade, mas não diz respeito à Operação Bandeira Livre", explicou o delegado.
Segundo o delegado, todos os presos foram reconhecidos pelas vítimas. "A gente não tem qualquer dúvida de que fazem parte dessa organização criminosa que vem extorquindo reiteradamente os motoristas aqui na Ilha do Governador". 
Com as prisões, o esperado é  que motoristas de aplicativo voltem a circular com tranquilidade na região, já que não há qualquer restrição de circulação e nenhum alerta que impossibilite a atuação na localidade. Além disso, o delegado destacou que a organização está sendo desmantelada para que não surjam novos criminosos ocupando o lugar dos que foram presos.
"A gente acredita que esses fatos não mais se repetirão. Nós estamos efetuando diligências para prender o mentor dessa organização, que seria o Neves. Temos identificados outros integrantes que serão indiciados pela prática e também serão requeridas as prisões", disse Santoro.
Em abril, policiais civis e militares prenderam Alessandro Villani, encontrado com um caderno de anotações e adesivos de uma suposta "cooperativa" dos traficantes. Em seu depoimento, o suspeito confessou ser o responsável pela administração dos pontos de carros de aplicativo cobrados para trabalhar na região. Além disso, ele possuía um grupo em uma rede social com os motoristas extorquidos.
Um mês anttes, em março, os agentes prenderam Anderson Costa Vieira de Melo, que atuava na extorsão das vítimas e no repasse do dinheiro para os líderes da facção criminosa.
Motoristas sofrem sequestros na Ilha

Em maio deste ano, motoristas de aplicativo afirmaram que estavam sendo rendidos, sequestrados e extorquidos por traficantes da Ilha do Governador. Foram, ao menos, 30 casos deste tipo no último mês.

Em um grupo nas redes sociais, motoristas relatam como é o modus operandi dos criminosos na região. Segundo eles, os bandidos fazem a abordagem e os obrigam a subir a comunidade escoltados pelo tráfico. Em seguida, recebem ordens para desbloquear o celular e fazer o pagamento de uma taxa de segurança ilegal, por meio de pix,  que varia entre R$ 60 e R$ 450.

MPRJ denuncia traficantes que cobram taxas a motoristas de aplicativo

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou traficantes ligados à facção Terceiro Comando Puro (TCP) por extorsão a motoristas de aplicativos, mototáxis e táxis na Ilha do Governador.

Aberto pelo promotor Sauvei Lai, da 2ª Promotoria de Justiça e Investigação Penal Territorial, o pedido cobra a prisão preventiva dos criminosos, que atuam na comunidade do Dendê, Pixunas e outras localidades.

Segundo a denúncia, as vítimas são ameaçadas pelos grupo criminoso com o uso de armamento pesado, incluindo fuzis, e obrigados a pagar taxas semanais de R$ 150. A partir do pagamento, os motoristas seriam incluídos em cooperativas. Os grupos seriam chamados pelos criminosos de "Cooperativa do Crime" e "Cooperativa da Extorsão".
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