Publicado 09/07/2024 22:42 | Atualizado 09/07/2024 23:24
Rio - Familiares do motociclista Alan Rodrigues Sales, de 22 anos, morto em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio, não concordaram com a decisão da Polícia Civil em manter o taxista Eduardo Henry Nogueira Gripp solto. O inquérito da 20ª DP (Vila Isabel) concluiu que houve um homicídio por dolo eventual, quando o suspeito assume o risco de causar a morte, mas não representou o pedido de prisão.
Publicidade"Foi homicídio doloso, desejou o resultado e foi indiferente ao resultado. O objetivo foi colidir na moto e matar meu primo. Não foi acidente de trânsito. Não foi culpa consciente", desabafou o técnico em logística Renan Pinho, 37, primo da vítima.
Renan disse ainda estar agoniado com a decisão da Polícia Civil em não representar a prisão de Eduardo e encaminhar o inquérito ao Ministério Público. A mãe de Alan, a agente administrativa Ana Carla Rodrigues, 47, disse que ao saber da decisão, chegou a passar mal.
"É uma sensação de impotência, uma agonia em saber que o cara está livre, está por aí curtindo, vivendo vida enquanto meu filho não está. Meu filho, que adorava curtir a vida, adorava viver, ele amava a vida dele. Eu queria muito que ele [taxista] estivesse preso, que ele estivesse pagando pelo que ele cometeu, porque ele matou o meu filho! Ele não pensou, ele é frio. Ele não pensou nenhum momento", desabafa a matriarca.
No decorrer da investigação, os agentes analisaram imagens, produziram laudos periciais de alta complexidade, realizadas dezenas de diligências e colhidos testemunhos. Segundo o delegado Leandro Gontijo, da 20ª DP (Vila Isabel), não houve dúvidas de que o motorista assumiu o risco de matar Alan.
O relatório das investigações foi encaminhado para o Ministério Público do Rio de Janeiro, para uma possível denúncia. Até lá, Eduardo segue em liberdade. A reportagem tenta localizar a defesa do acusado, o espaço segue aberto.
Relembre o caso
O crime aconteceu após o motoboy bater com a mochila no retrovisor do táxi e ser perseguido pelo motorista, na noite do dia 31 de março. Em depoimento, o acusado alegou que queria resolver o prejuízo. Após bater com o carro na moto da vítima, Eduardo fugiu do local sem prestar socorro. Ele disse que ficou com medo de parar e ser linchado por grupos de motociclistas.
O suspeito afirmou ainda que não tinha pretensão de causar nenhum mal a Alan. Imagens disponibilizadas pelo próprio motorista mostram o momento em que o carro dele atingiu a motocicleta pilotada pela vítima. No vídeo, é possível ver que o motoboy sinalizou que ia encostar a moto. Para a família de Alan, o crime teria sido proposital.
Depoimento
O motorista disse à Polícia Civil que, naquela noite, Alan esbarrou com a moto no retrovisor do seu carro, causando um forte impacto. Ele então, disse que passou a seguir o motoboy, piscando o alerta do carro, na tentativa de tentar parar e resolver o prejuízo. Eduardo afirmou que o rapaz teria diminuído a velocidade antes da Rua Emília Sampaio, mas tornou a acelerar logo em seguida, na Rua Teodoro da Silva, cruzando a pista para a direita.
Ele conta que, ao olhar para o retrovisor da direita, a fim de ver se poderia virar na pista sem colidir com outro veículo, Alan diminuiu a velocidade da moto muito rápido, e que ao olhar para a frente novamente, ele tentou frear mas acabou atingindo o veículo do rapaz. O taxista afirmou que, por reflexo, virou o volante para a esquerda, e que não viu o que o rapaz havia caído no chão.
Ainda em depoimento, Eduardo Henry contou que olhou o retrovisor e viu a moto de Alan no chão, que pensou em voltar e ver o que aconteceu, mas que ficou muito "nervoso" com a situação.
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