Publicado 12/07/2024 16:17
Rio - A Polícia Civil indiciou, nesta sexta-feira (12), seis pessoas por envolvimento na morte do empresário Luiz Marcelo Ormond, de 49 anos, no Engenho Novo, na Zona Norte, em maio desse ano, após comer um brigadeirão envenenado. A psicóloga Júlia Andrade Cathermol Pimenta, namorada da vítima, e a cigana Suyany Breschak vão responder pelo crime de homicídio por motivo torpe.
PublicidadeDe acordo com as investigações, Luiz morreu envenenado após comer o brigadeirão feito pela namorada. A apuração da 25ª DP (Engenho Novo), delegacia responsável pelo inquérito, identificou que o crime teve motivação financeira, pois Júlia tinha uma dívida de R$ 600 mil com Suyany por causa da contratação de trabalhos espirituais.
A investigação apontou que Júlia deu um brigadeirão com 50 comprimidos moídos de dimorf de 30mg, um remédio controlado, para o homem. Imagens do circuito interno de segurança do prédio onde Luiz morava mostram, no dia 17 de maio, o empresário sonolento ao conversar com a namorada, o que para a polícia significou que ele já tinha sido envenenado.
Exames do Instituto Médico Legal (IML) confirmaram a presença de morfina e outras substâncias no corpo de Luiz Marcelo.
A polícia apontou ainda que Suyany Breschak, considerada a mandante do crime, foi beneficiária de todos os bens furtados do empresário e recebeu o carro dele como parte do pagamento da dívida. O veículo da vítima foi encontrado em Cabo Frio, na Região dos Lagos, após ter sido vendido por R$ 75 mil, e recuperado, junto com outros bens. O homem que dirigia o carro foi preso por receptação. Com ele, os agentes localizaram o celular e o computador da vítima.
Quem são os indiciados?
Júlia, que está presa desde o dia 5 de junho, irá responder pelos crimes de homicídio por motivo torpe com emprego de veneno e com uso de traição ou emboscada, por estelionato, associação criminosa, falsidade ideológica, fraude processual e uso de documento falso. Ela também foi indiciada por se apropriar dos bens do empresário e por vender suar armas.
Suyany, presa desde o dia 28 de maio, responderá pelos mesmos crimes da psicóloga menos o uso de documentos falsos. Considerada a mandante do assassinato, a cigana teria instruído Júlia a ministrar o medicamento, além de ter descoberto como adquirir os comprimidos inseridos no brigadeirão.
Além delas, Leandro Jean Rodrigues Cantanhede, namorada da Cigana e Victor Ernesto de Souza Chaffin, amigo de Breschak, foram indiciados por receptação, venda de armas, associação criminosa e fraude processual. Eles respondem em liberdade.
Já Geovani Tavares Gonçalves e Michael Graça Soares pela compra das armas. Os homens também estão respondendo em liberdade.
A defesa de Júlia Pimenta informou ao DIA que ainda está analisando o relatório, que se trata de um documento extenso. A reportagem tenta posicionamento dos representantes dos outros dos indiciados. O espaço está aberto para manifestação.
Relembre caso
Júlia e Luiz começaram a se relacionar em 2013. À época, a psicóloga tinha apenas 18 anos enquanto o homem 34. Os dois ficaram juntos até 2017, quando se separaram, mas voltaram a se falar em março deste ano. Júlia teria procurado Luiz que, inclusive, teria cogitado formalizar uma união estável com a suspeita. Os dois passaram a morar juntos no apartamento da vítima, no bairro Engenho Novo, na Zona Norte.
Luiz Marcelo foi encontrado morto dentro do apartamento, no dia 20 de maio. O laudo cadavérico concluiu que o empresário foi morto três ou seis dias antes do corpo ser localizado.
Júlia fugiu do apartamento nesta mesma data levando pertences da vítima, incluindo carro e duas armas. Os investigadores dizem que a mulher chegou a dormir ao lado do cadáver durante todo o fim de semana. No dia 22 de maio, a suspeita prestou depoimento na delegacia, mas não foi presa. Segundo o delegado, não havia base legal para a detê-la. Na distrital, ela disse que foi agredida pelo namorado no dia 18 e por isso saiu de casa.
Enquanto era procurada, Júlia se escondeu em um hotel no Centro do Rio. Ela deu entrada no local na noite do dia 28 de maio, horas antes de ser considerada foragida, e apresentou um nome falso de Lilia Mara Schneider para fazer a reserva.
Após uma semana foragida, a psicóloga se entregou no fim da noite do dia 4 de junho à polícia. Ela chegou na 25ª DP acompanhada da advogada e preferiu se manter em silêncio. A suspeita foi transferida para o presídio de Benfica, na Zona Norte, e teve a prisão mantida.
Assim como o carro do empresário, as armas de Ormond foram encontradas em Cabo Frio, na Região dos Lagos em 10 de junho.
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