O corpo da vítima foi encontrado nesta terça-feira (16), em uma mata na BR-116, Rodovia Rio-MagéLucas Cardoso / Agência O Dia
Publicado 17/07/2024 16:29
Rio - O corpo de Camille Vitória, de 21 anos, foi velado na tarde desta quarta-feira (17), no Cemitério de Ricardo de Albuquerque, na Zona Norte do Rio. Familiares e amigos se reuniram para dar o último adeus a jovem, que havia desaparecido desde o dia 5 de julho, quando saiu de casa, em Anchieta, para uma entrevista de emprego. O corpo da vítima foi encontrado nesta terça-feira (16), em uma mata na BR-116, Rodovia Rio-Magé, na Baixada Fluminense.
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Durante a cerimônia, que reuniu cerca de 100 familiares e amigos, a mãe da jovem, a enfermeira Janaína Monteiro Pereira, de 39 anos, muito emotiva, afirmou que "as pessoas são ruins e não têm pena de ninguém". A jovem deixa três filhos, todos menores de idade, sendo o mais novo de apenas oito meses.
"Tiraram um pedaço da minha família. A vida da minha filha acabou. Já perdi ela, mas não perco a esperança que a justiça seja feita. Só peço isso, justiça. Não vou parar de clamar por isso. Justiça por ela, pelos filhos, que ficaram sem mãe, pela minha mãe, que ficou sem neta. Obrigado a todos que compartilharam e procuraram por ela. Obrigado a todos conhecidos e desconhecidos. Os verdadeiros culpados vão pagar. Não vamos desistir", disse Janaina.
Em homenagem a Camille, muitos usaram uma camisa com mensagens pedindo justiça pela jovem. "Sempre será lembrada com esse sorriso no rosto. Quem conhece sabe como era uma menina extrovertida, alegre", dizia uma das mensagens. 
Familiares e amigos usam camisas pedindo por justiça - Lucas Cardoso / Agência O Dia
Familiares e amigos usam camisas pedindo por justiçaLucas Cardoso / Agência O Dia
Os familiares e amigos da jovem também cantaram louvores e fizeram orações, tudo sob forte emoção e muito choro. O momento da cerimônia de despedida foi concluído com uma salva de palmas dedicada a Camille.
Durante o sepultamento, às 16h30, Familiares entoaram o grito de 'justiça', no momento em que o caixão desceu. "Eles vão pagar. Enquanto eu viver, vou buscar vingar a morte da minha filha. Ninguém vai me parar", disse a mãe da jovem. 
Michele Monteiro, tia da jovem, comentou que ela foi enganada pela falsa promessa de trabalho e acabou perdendo a vida. Segundo a familiar, o único objetivo de Camille era garantir uma vida melhor para os três filhos.
"A Vitória era uma menina carinhosa, mãe, filha. Tinha suas brigas com a mãe, mas não deixava de ser boa filha. Não fazia maldade para ninguém e simplesmente acabaram com a vida dela a troco de nada. Queremos saber o motivo de terem tirado a vida da garota. Por que motivo? Não entendemos até agora. Ela não oferecia perigo para ninguém. A Vitória só queria um emprego digno para sustentar os filhos dela e ajudar a mãe a cuidar dos netos. Ela foi como sempre saía de casa, com uma calça preta e uma blusa preta. Enganaram ela com essa falsa promessa de emprego. Ela só queria um trabalho digno e mais nada", lamentou.
A tia contou que os filhos de Camille ainda não sabem que ela morreu. A mais velha, segundo Michele, já pergunta pela mãe e pede para vê-la.

"Ainda não sabemos como vamos dizer. Ela vai sentir muito. Os mais novos ainda não entendem, mas ela vai sentir", a menina está na casa do pai desde que Camille desapareceu. Michelle acredita que a criança vai precisar de acompanhamento psicológico.
A colega do grupo de bate-bolas que Camille fazia parte, Thaisa Fabrício, disse que costumava frequentar festas com a jovem. As duas sempre foram cautelosas com relação a segurança: "A gente costuma a sair para muitas festa, todo mundo é novo, para consumir alguma bebida alcoólica, a gente nunca larga o copo, porque a gente não sabe da maldade de ninguém". 
Investigações
De acordo com a delegada Ellen Souto, responsável pelas investigações na Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA), o corpo estava em avançado estado de putrefação e estava com as mesmas roupas usadas pela vítima no dia do desaparecimento.
Segundo as investigações, Camille recebeu uma proposta de trabalho para tirar fotos e vídeos para comprovar a traição de uma mulher casada. A pessoa que ofereceu o serviço, segundo a Polícia Civil, é João Domingos Valente, zelador do Sport Clube Anchieta, local muito frequentado pela desaparecida e onde se conheceram.
O ex-policial militar Ednalvaro Maia Rocha, investigado por envolvimento na morte de Camille Vitória, de 21 anos, prestou depoimento e revelou que ela receberia R$ 2 mil para tirar fotos e vídeos que comprovassem a traição da mulher casada. Aos agentes, ele disse que a jovem aceitou a proposta porque precisava de dinheiro.
Em seu depoimento, o ex-policial militar confirmou que se encontrou com a jovem no dia 5 de julho e disse que estava no carro com ela e um motorista, que a levaria para fazer as filmagens. Segundo ele, durante o trajeto, na Rodovia Washington Luiz, um homem de terno entrou no veículo e sentou no banco do carona. Ednalvaro contou que poucos metros depois, ele saiu do carro e, em seguida, o homem de terno e Camille também desembarcaram.
De acordo com o relato, ele viu o homem colocando o dedo no rosto e agredindo a jovem com tapas na cara. Ele disse que, assustado com a situação, fugiu do local. Aos policiais, Ednalvaro contou que retornou ao mesmo ponto no dia seguinte e viu um corpo enrolado em um edredom. Com medo, ele correu e não avisou a ninguém.
Com relação à motivação do crime, o ex-policial afirmou que a jovem teria dado um golpe em uma mulher envolvendo uma joia cara e teria armado a situação para chegar até nela. No entanto, a Polícia Civil não confirma a versão.
Na madrugada desta terça-feira (16), a Polícia Civil pediu a prisão cautelar de João e Ednalvaro ao Plantão Judicial da Capital, mas foi negado. De acordo com a decisão, as provas até o momento não são suficientes para indicar a autoria do crime.
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