Marlene Souza de Castro, de 30 anos, deixou o presídio nesta sexta-feira (9)Reprodução / Redes Sociais
Publicado 09/08/2024 18:38 | Atualizado 09/08/2024 19:12
Rio - A Justiça do Rio concedeu liberdade a 16 funcionários de uma empresa, que haviam sido presos em flagrante pelo golpe de venda de consórcio em um escritório de Rocha Miranda, na Zona Norte. Familiares alegam que os eles não tinham conhecimento sobre os crimes cometidos.
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Uma das pessoas soltas nesta quinta-feira (8) foi Mylenne Alessandra de Souza Mendes Portes, de 19 anos. Ao O DIA, Ana Cláudia Souza Tenório, mãe da jovem, contou que toda a situação foi desesperadora para a família e que a filha terá que passar por um tratamento psicológico.  
"Foi um tormento para a gente, mas graças a Deus está tudo bem. Ela está em casa com o marido e com as filhas. Ela não sabia o que estava acontecendo realmente. Ela estava falando comigo: 'Mãe, eu não sabia o que estava acontecendo. Não sei nem o porquê que eu fui presa'. Ela não entendeu nada. Ela é o tipo de pessoa que é crua nessas coisas. Ela ficou desnorteada. Vamos ter que levá-la em um psicólogo porque ela ainda nem conseguiu dormir", comentou.
Fernanda Xavier, de 30 anos, moradora do Parque União, no Complexo da Maré, na Zona Norte, conseguiu sua liberdade nesta sexta-feira (9). Segundo uma amiga, a mulher começou a trabalhar na empresa em janeiro, mas não tinha conhecimento que os acordos firmados com os clientes eram criminosos. Joselino Santos, marido de Fernanda, contou ao O DIA que ela está se recuperando após ficar duas semanas presa.
"Graças a Deus, ela já está em casa. Ela está bem, só está abalada com tudo que aconteceu, mas com fé em Deus, ela vai ficar melhor", disse.
Já Marlene Souza de Castro, de 30 anos, deixou o Instituto Penal Djanira Dolores de Oliveira, no Complexo de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste, nesta sexta-feira (9). Um vídeo postado por sua sobrinha nas redes sociais mostra a mulher sendo recebida com muita emoção por familiares. 
"Toda honra e glória seja dada a Deus. O choro hoje é de alegria, gratidão e de alívio. Em todo tempo, Deus estava cuidando. Fizemos justiça por você", escreveu Hadassa Marins.
As pessoas que tiveram seus habeas corpus concedidos terão que comparecer mensalmente em juízo, bem como quando forem intimadas, para informarem seu endereço e justificar suas atividades. Além disso, elas estão proibidas de se ausentar da comarca e terão que comparecer a todos os atos processuais.
Relembre o caso
Policiais da 17ª DP (São Cristóvão) fecharam, no dia 26 de julho, um escritório onde uma quadrilha aplicava golpes em vendas de consórcios, no bairro de Rocha Miranda, na Zona Norte. Na ocasião, 22 pessoas foram presas em flagrante acusadas de organização criminosa.
De acordo com a Polícia Civil, o grupo prometia oferecer cartas de crédito, que são documentos financeiros que podem ser usados para comprar bens, como motocicletas, automóveis, caminhões, entre outros. As vítimas eram induzidas a pagar um valor de aproximadamente 10% do bem que desejavam como forma de depósito, a fim de supostamente garantir sua compra.
Os valores obtidos eram creditados em uma conta indicada pelo funcionário responsável pela venda do consórcio, por meio de pix, transferência bancária e boletos. Além do contato com clientes via telemarketing, a empresa utilizava anúncios em redes sociais.
No local, foram encontrados diversos documentos que permitiram identificar inúmeros clientes que teriam adquirido consórcios dos investigados. Também foram apreendidos notebooks, celulares e documentos contendo um passo a passo de como os atendentes deveriam atender os clientes.
O O DIA teve acesso ao roteiro de vendas e ao "termo de ciência" que era assinado na admissão dos funcionários. Os interessados no emprego eram atraídos por anúncios de vagas em redes sociais. O horário, de 8h30 às 18h, com 1h30 de almoço e a dispensa de experiência para contratação tornavam a oportunidade vantajosa. A publicação também prometia remuneração, com salário de R$ 1.712 mais bonificação e vale-transporte.
No entanto, ao serem admitidos, os funcionários recebiam apenas o valor da passagem e a promessa de que a remuneração anunciada viria apenas se alcançassem a venda de R$ 280 mil.
A dona da empresa não foi presa em flagrante. Ela acompanhou a audiência de custódia e esteve na delegacia, segundo os parentes dos funcionários presos.
Confira quem já teve habeas corpus concedido:
- Matheus Pinheiro Santos de Oliveira
- Pablo Barros Lopes
- Juan Pablo Siqueira Tavares
- Rian Vitor dos Santos da Silva
- Luiz Eduardo Rodrigues Pereira
- Andressa de Luzia de Araújo Lima
- Fernanda Xavier
- Alex Maciel da Silva Júnior
- Alyne Moura dos Reis Dias
- Marlene Souza de Castro
- Brenda Cardozo Fernandes
- Jayanne de Jesus Reis
- Pedro Luiz Moraes de Oliveira
- Leonardo de Oliveira Diniz
- Mylenne Alessandra Souza Mendes Portes
- Luana Conceição Maria
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