Caso é investigado pela Delegacia de Crimes Raciais e Intolerância Religiosa (Decradi)Arquivo / Renan Areias / Agência O Dia
Publicado 14/08/2024 17:07
Rio - O funcionário das Lojas Americanas investigado por preconceito racial contra a modelo Yanca Ellen, de 24 anos, foi demitido após um apuração interna. Segundo a companhia, o vendedor praticou uma abordagem que está em desacordo com as diretrizes das Lojas Americanas. Na denúncia, Yanca diz que foi perseguida e humilhada pelo funcionário, que suspeitou que a mesma tivesse roubado produtos do local.
Publicidade
Imagens de câmeras de segurança registraram o momento da abordagem e serão analisadas pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que passou a investigar o caso desde terça-feira (13), um mês depois do ocorrido. "A Americanas procedeu com o desligamento do colaborador envolvido na ação em loja do Carioca Shopping, no Rio de Janeiro", informou a companhia. Para Yanca, esse é um sinal de que o caso não ficará impune, mas que fica triste, pois o funcionário também é negro e já deve ter passado por uma situação parecida.
"Fiquei triste porque ele é preto também. Alguma vez na vida ele já deve ter passado por esse constrangimento. O pior para mim é saber que ele foi demitido porque alguém provavelmente deve ter mandado. O gerente da loja deveria também pagar por isso", disse Yanca. A jovem segue em busca novas provas para ajudar nas investigações.
Mudança na tipificação do crime
A mesma denúncia registrada recentemente na Decradi como preconceito racial foi reportada inicialmente na 27ª DP (Vicente de Carvalho) como Crimes do Código do Consumidor, por expor o consumidor ao ridículo. Para a vítima, trata-se de crime de racismo velado e que precisava de uma atenção maior na investigação, por isso ela buscou a especializada em crimes raciais.
"Na 27ª DP foi um descaso total. Inclusive, fui lá com o meu advogado há cerca de duas semanas para pegar as imagens de câmeras de segurança do shopping, mas a gente foi muito maltratado por um policial. O delegado até pediu desculpa por não ter dado tanta importância no dia do caso", disse a modelo ao DIA. Ainda segundo a vítima, na Decradi ela recebeu acolhimento e foi bem tratada durante o registro da ocorrência.
Relembre o caso
Yanca, uma jovem negra, denuncia que foi perseguida e humilhada por um funcionário que suspeitou que a mesma tivesse roubado produtos da unidade que fica localizada no Carioca Shopping. O caso aconteceu no dia 12 de julho.
No relato, a modelo conta que entrou nas Lojas Americanas com sacolas de compras e uma bolsa de academia, por volta das 18h. De acordo com a vítima, ela entrou no estabelecimento com o objetivo de comprar itens pessoais, além de pesquisar preços de materiais de papelaria, pois havia se matriculado em uma faculdade. Ainda na loja, ela comprou chocolates e foi embora. Cerca de 50 metros de distância da unidade, um funcionário da empresa a abordou e pediu para revistá-la.
"Fui simplesmente coagida por um funcionário da loja que exigiu para ver as notinhas, pois eu estava com duas bolsas de compras anteriores, de produtos de beleza, e nas Americanas havia comprado apenas um chocolate na promoção de cinco por dez reais", disse Yanca um dia depois do crime.
Mesmo afirmando que não havia roubado nada, o funcionário rebateu que as câmeras de segurança detectaram uma atividade suspeita dela e que precisava verificar todas as notas fiscais das compras anteriores, além de revistar a bolsa.
Leia mais