Publicado 16/08/2024 16:49 | Atualizado 16/08/2024 17:07
Rio - A Polícia Civil tenta descobrir se o homem que aparece ao lado de Vinicius Ramos, torcedor do Botafogo flagrado fazendo gestos racistas na noite de quarta-feira (14), no Estádio Nilton Santos, no Engenho de Dentro, na Zona Norte, tem envolvimento no caso. As ofensas teriam sido realizadas contra torcedores do Palmeiras.
PublicidadeO vice-presidente executivo da SAF Botafogo, Jonas Decorte Marmello, foi até a especializada para registrar um boletim de ocorrência. Ele apresentou um vídeo no qual aparece um torcedor fazendo gestos de macaco, enquanto outro grita o nome do animal.
O homem que aparece no vídeo esfregando os dedos no braço e imitando um macaco, gestos típicos do crime de racismo, é o advogado Vinicius Ramos de Andrade e Silva, de 35 anos. A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) instaurou um inquérito para investigar o caso após a veiculação das imagens.
Vinicius é morador de Maricá, na Região Metropolitana, e trabalhava na Secretaria de Ciência e Tecnologia da prefeitura do município. Contudo, foi exonerado. O prefeito Fabiano Horta (PT), botafoguense declarado, condenou com veemência os sucessivos casos de racismo no futebol: "O racismo é um crime que fere o ser humano em sua dignidade, e a nossa gestão não tolera qualquer forma de preconceito".
Já o Botafogo destacou que o homem não representa os milhões de torcedores que constituem o clube e que ele será banido do Estádio Nilton Santos.
"A vergonha que ocorreu na partida de ontem [quarta-feira] precisa ser exemplarmente punida, motivo pelo qual as autoridades policiais estão sendo informadas com todos os recursos disponíveis. Racismo é crime e um crime sem perdão. O Botafogo está comprometido em combater de forma ativa este mal e não medirá esforços para garantir que tais atos não tenham lugar no esporte e na sociedade como um todo. O futebol tem um papel muito importante na construção social e influencia a vida de muita gente. Que os outros Clubes e entidades esportivas sigam o mesmo caminho e que esta mensagem de conscientização surta efeito", diz a publicação.
Juizado do Torcedor pede investigação
O Juizado Adjunto do Torcedor e dos Grandes Eventos do Tribunal de Justiça do Rio encaminhou um ofício à Polícia Civil, nesta quinta-feira (15), pedindo que seja avaliado com rigor as atitudes racistas dos dois torcedores do Botafogo durante um jogo realizado no Estádio Nilton Santos, na Zona Norte.
No documento, o desembargador Agostinho Teixeira de Almeida Filho chamou a atenção para a gravidade da situação. O TJRJ também pediu a investigação deste segundo homem, ainda não identificado.
"Fizeram gestos provocando a torcida adversária, os quais revelam atitudes racistas que levam à presunção de sentimentos de desprezo, discriminação, hostilidade, preconceito, segregação e indevida troça em função da raça de terceiros não identificados, consumando tipo penal de que trata a lei 7716/85", destaca trecho do ofício assinado pelo desembargador e pelo juiz Marcelo Rubioli.
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