Após ataque a tiros, marcas de sangue foram registras na Praça Barão de DrumondReginaldo Pimenta/Agência O Dia
Publicado 19/08/2024 06:41
Rio - Um ataque a tiros deixou quatro mortos e outras três pessoas feridas na Praça Barão de Drumond, uma das principais e mais movimentadas de Vila Isabel, na Zona Norte, no fim da noite de domingo (18). Segundo testemunhas, acontecia um evento na localidade, com a presença de diversas famílias e até mesmo crianças, quando criminosos armados chegaram atirando.
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Em imagens que circulam nas redes sociais é possível ver o desespero do público e as vítimas ensanguentadas. Relatos apontam que o tiroteio teria relação com a disputa de território entre traficantes rivais da região.


De acordo com a Polícia Militar, dois baleados morreram ainda no local, enquanto uma terceira pessoa deu entrada no Hospital Universitário Pedro Ernesto, onde também não resistiu. Já as outras quatro foram socorridas e encaminhadas ao Hospital Federal do Andaraí, mas uma delas morreu na unidade. 

Os criminosos conseguiram fugir. Equipes do 6º BPM (Vila Isabel) reforçaram o policiamento no local e estiveram nas unidades de saúde. A Delegacia de Homicídios da Capital foi acionada para investigar o caso.
Segundo a Polícia Civil, as vítimas que não resistiram foram identificadas como: Gabriel Pereira Candido, de 24 anos, Pedro Henrique Pereira dos Santos, 18, Pedro Henrique Barbosa da Conceição, também de 18 anos; e o adolescente T. M. L, de 17 anos. As outras três pessoas continuam internadas. A perícia foi feita no local e diligências estão em andamento para apurar a autoria e a motivação do crime.
De acordo com a direção do Hospital do Andaraí, dentre os feridos, Wallace de Oliveira Cláudio, de 35 anos, e Daniel Carvalho de Souza, 33, seguem em estado grave. Enquanto Juan Victor Pereiras tem quadro de saúde estável.
Dia posterior ao ataque
Durante a manhã desta segunda-feira (19) quem passavam pelo local se deparava ainda com marcas de sangue e projéteis pelo chão. Segundo moradores, a praça é um ambiente familiar que reúne muitas crianças aos fins de semana.
Para Raquel da Silveira, que reside há 30 anos no bairro, a guerra entre os criminosos tem impedido o direito de ir e vir da população.

"Domingo sempre tem pula-pula, colocaram trailer agora. Isso é muito triste para as crianças, para os adultos que trazem as crianças para brincar, lanchar e agora ter que passar por uma situação dessa. Só peço forças a Deus para os moradores, para gente ter tranquilidade, direito de ir e vir porque isso impede. Até porque domingo é um dia de lazer, e isso é uma chacina, uma guerra, isso não pode existir", lamentou.

Mãe de três filhos, a moradora contou também o susto que levou com os tiros durante a noite. "Tranquei a porta e coloquei as crianças para dormir, porque moro no alto. Sempre levo meus filhos ali, tem uns brinquedinhos. A gente nunca imaginou acontecer isso aqui embaixo. Imagino ontem eu aqui, e você fica pensando se pode acontecer com você, com uma mãe conhecida, um amiguinho do seu filho. A guerra está passando dos limites. Não quero que chegue ao ponto de atingir minha família e nem mais ninguém. As crianças passam aqui, ficam brincando e não tem a noção do perigo que estamos passando", disse.
Disputa de território
A região de Vila Isabel, em especial o Morro dos Macacos, vem sendo palco de uma constante guerra pelo controle territorial entre o Terceiro Comando Puro (TCP), que domina atualmente a comunidade, e o Comando Vermelho (CV). Desde o início desse ano, a região sofre com tentativas de invasões de traficantes do Morro São João, no Engenho Novo, controlado pelo CV.
No último dia 5, uma dessas invasões causou a morte de G. S. D. A., de 13 anos, e de Luiz Gabriel Costa de Jesus, de 20. O adolescente voltava para casa após uma festa e o jovem retornava do seu trabalho, quando foram baleados durante um tiroteio.
Na ocasião, devido as mortes, moradores da região realizaram protestos com pedaços de madeira, pneus, caçambas e sacos de lixo que foram colocadas na entrada do Túnel Noel Rosa, que ficou interditado por cerca de uma hora. Além disso, ruas da região também foram fechadas.
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