O tráfico sofreu um prejuízo de R$ 30 milhões com a demolição do condomínioDivulgação / Seop
Publicado 20/08/2024 15:58 | Atualizado 20/08/2024 16:18
Rio - A Polícia Civil e a Secretaria de Ordem Pública realizou, na manhã desta terça-feira (20), o segundo dia seguido de operação para demolição de um condomínio de luxo com mais de 40 imóveis irregulares construídos pelo crime organizado no Parque União, no Complexo da Maré, na Zona Norte. Imagens divulgadas pela Seop mostram o avanço do trabalho no local.
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Nesta fase da demolição, o trabalho está sendo feito a mão, já que a altura dos prédios acaba gerando dificuldade para acessar algumas unidades com as máquinas. Contudo, o trabalho de preparação para utilização delas já está sendo feito. Até o momento já foram descaracterizados 18 prédios, com cerca de 115 apartamentos.
Os imóveis foram erguidos sem nenhuma autorização e não possuem responsável técnico pelas obras. Engenheiros da prefeitura estimam prejuízo de R$ 30 milhões aos responsáveis pelas construções. Ao todo, essa é a quarta fase de ações contra a lavagem de dinheiro do tráfico.
Na segunda-feira (19), durante o terceiro dia de operação, o serviço do BRT precisou ser interrompido, por conta de uma manifestação de moradores contra a derrubada das construções. Na ocasião, os manifestantes ocuparam a Avenida Brigadeiro Trompowski, na altura do BRT da Maré, sentido Fundão, e utilizaram barricadas para impedir o tráfego de veículos. Eles ainda tentaram bloquear a Linha Vermelha.
Imóveis de luxo
Na última terça-feira (13), os agentes localizaram imóveis de luxo que eram usados por traficantes. Dentre eles, duas coberturas, avaliadas em R$ 5 milhões, chamaram a atenção. Uma delas possuía dois andares, acabamento em mármore e porcelanato, além de uma grande área de lazer, com churrasqueira e uma piscina de 40 mil litros de água. O imóvel possuía vista privilegiada para a comunidade, para um campo de futebol e uma área onde eram realizadas festas.

Já a segunda era um quadriplex com acabamento de luxo, jacuzzi e closet, escadas com lâmpadas de led automático, além de uma piscina com cascata e churrasqueira. No térreo da unidade os agentes encontraram um quarto com dezenas de caixas de vinho e champanhe.

Parte das construções chegavam a ter seis pavimentos, porém, 90% deles ainda estavam em fase de alvenaria e totalmente desocupados. Eles foram erguidos sem nenhuma autorização da Prefeitura e não possuem responsável técnico pelas obras.
As ações sequenciais no Parque União revelaram ainda uma estratégia da facção criminosas de colocar ao menos uma pessoa em cada unidade habitacional para fingir que são moradores e dificultar as demolições.
A operação trouxe impactos para a oferta de serviços públicos na região. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a Clínica da Família (CF) Jeremias Moraes da Silva teve seu funcionamento suspenso na manhã desta terça-feira. A unidade acionou o protocolo de acesso mais seguro. Já a CF Diniz Batista dos Santos manteve o atendimento presencial à população. As atividades externas, como as visitas domiciliares, contudo, foram suspensas.
A Secretaria Municipal de Educação (SME) informou que as 24 unidades de ensino na região do Complexo da Maré foram impactadas pelas operações policiais em curso.
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